Polícia

Roubo e tráfico de drogas são as infrações mais cometidas por adolescentes no ES

Segundo o delegado, o uso de armas de fogo pelos jovens na prática de crimes começa, geralmente, começa aos 13 anos

Segundo os especialistas, os atos infracionais variam de acordo com a idade dos jovens Foto: Divulgação

Nos cinco primeiros meses deste ano, 1.097 adolescentes deram entrada nas 13 unidades do sistema socioeducativo do Estado. As informações são do Instituto de atendimento Socioeducativo do Espírito Santo (IASES), que revelou ainda que o roubo foi o ato infracional mais cometido pelos adolescentes, seguido de tráfico de drogas. Em terceiro lugar ficou a associação ao tráfico de drogas.

O delegado Diego Yamashita, titular da Delegacia do Adolescente em Conflito com a Lei (Deacle), que é uma das portas de entrada do menor infrator às unidades socioeducativas, confirma os principais atos infracionais e acrescenta que eles variam de acordo com a idade.

“A maioria dos adolescentes ingressa no mundo do crime com 14 e 15 anos, e vão até os 18 anos. Na prática do roubo e do tráfico, eles são os que registram maior índice de reincidência na delegacia. Aqueles adolescentes mais novinhos, com 11 ou 12 anos, boa parte deles comete crimes que tipificamos sem violência, já as ameaças e o emprego de armas geralmente começa a partir dos 13 anos de idade”, revelou o delegado.

Ainda de acordo com o delegado, o caminho percorrido por estes adolescentes infratores é muito parecido uns com os outros. Segundo Yamashita, começa com a liberdade da rua, onde se dá início ao contato com as drogas. “Depois, vem a necessidade de vender o entorpecente para manter o vício até que o mundo do crime é apresentado a estes adolescentes”, afirmou Yamashita.

Os menores que cumprem medida socioeducativa cumprem uma jornada pedagógica diariamente. Participam de oficinas, prática de esportes e frequentam a escola. De acordo com o diretor de ações estratégicas do Iases, o delegado Leandro Piquet, os adolescentes não são obrigados a participar das atividades.

“Nenhuma atividade é obrigatória, o menor participa se quiser. Tudo impacta no cumprimento da medida dele, se o adolescente for proativo e participativo ele é melhor avaliado, já o adolescente resistente acaba ficando mais tempo no sistema”, afirma.

Perfil dos menores infratores

Um estudo recente feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), divulgou o perfil do menor infrator no país. De acordo com o IPEA, sobre os adolescentes que cumprem medida socioeducativa, 95% são do sexo masculino, 66% vivem em famílias extremamente pobres, 60% são negros e 51% não frequentavam a escola na época do delito.

“O que eu percebo é uma falta de limites por parte dos pais e uma grande ausência da família na educação destes adolescentes. Há uma boa parcela de pais que não corrigem seus filhos quando são trazidos para cá e até apoiam seus atos errados”, comentou o delegado Diego Yamashita.

Ainda segundo o estudo do IPEA, menos de 10% cometem homicídios ou latrocínio, que é o roubo seguido de morte. Realidade vivida no Espírito Santo, de acordo com o titular da Deacle.

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