Polícia

Estudante diz ter sido dopada e estuprada após sair do 'Baile do Mandela' em Viana

A vítima, de 22 anos, conta que só foi encontrada na manhã do dia seguinte, enrolada em uma sacola e dentro de um carro abandonado em um terreno baldio do bairro Soteco

Jovem diz não se lembrar de quase nada depois de ter bebido um energético durante o baile Foto: TV Vitória

Uma estudante de 22 anos diz ter sido dopada, sequestrada e violentada durante um baile clandestino, popularmente conhecido como "Baile do Mandela", ocorrido neste fim de semana, em Viana. A jovem, que é mãe de dois filhos, conta que só foi encontrada na manhã do dia seguinte, enrolada em uma sacola e dentro de um carro abandonado em um terreno baldio do bairro Soteco, no mesmo município.

A vítima disse que perdeu a memória após tomar uma bebida durante o evento, realizado na noite do último sábado (06). "As meninas estavam dançando e brincando. Daí chegaram mais meninos em volta e ficou todo mundo junto. A última coisa que eu lembro foi um copo de energético que eu bebi. Depois disso já não lembro de quase nada. A única coisa que eu lembro é de um rosto dentro de um carro. Mas esse rosto está meio apagado ainda, não consigo identificar quem é esse rosto. Só lembro que era uma menina dentro de um carro e tinha um menino do lado de fora", contou.

A jovem só foi encontrada no domingo, por volta das 8 horas, em um terreno localizado a cerca de três quarteirões do baile. Ela conta que não sabia onde estava nem o que havia acontecido. "Eu estava parecendo um lixão, uma pessoa de rua praticamente. Eu estava deitada e um senhor chegou, balançou meu braço e perguntou se eu estava bem. Eu acordei meio tonta ainda, com tudo rodando, e perguntei onde eu estava. Ele falou: 'você está no Soteco'. Na hora que eu olhei para o lado que eu fui ver que eu estava dentro de um terreno", lembra.

O homem a quem a vítima se refere é o catador de materiais recicláveis, Mario Klemse, também conhecido como "Alemão". Ele conta que acordou de manhã, fez café e foi para a rua, quando viu a menina caída no carro. 

Alemão disse ainda que, durante a madrugada, por volta das 3h30, ouviu barulhos nos fundos da casa, que pareciam ser de pessoas fazendo sexo. Ele, no entanto, disse que não conseguiu identificar quem eram essas pessoas.

A vítima conta que a notícia chegou para a família da pior maneira possível. "Ligaram para uma conhecida minha, avisando que tinham me encontrado morta, no bairro Soteco".

Durante o domingo, a jovem passou por hospitais e delegacias. Depois de uma bateria de exames, os médicos receitaram remédios para evitar contaminações ou uma gravidez indesejada. Um boletim de ocorrência foi registrado na Delegacia Regional de Cariacica.

Baile clandestino

Mesmo clandestino, o baile é realizado todo sábado no bairro Soteco, em Viana Foto: TV Vitória

A jovem conta que costumava ir a esse baile, mas tinha parado de frequentá-lo há cerca de três semanas, alegando que já não se sentia bem no local. No entanto, resolveu voltar ao baile no último sábado, por causa de algumas amigas, que estariam insistindo muito que ela fosse.

A festa é conhecida na região como "Mandela do STC" e é realizada no bairro Soteco, em Viana, todos os sábados. O baile é clandestino e já foi interrompido pela prefeitura algumas vezes. Mesmo assim, ele continua acontecendo. "Sempre tem droga, bebida", contou a jovem.

A Polícia Civil informou que o suposto estupro sofrido pela jovem está sendo investigado pela Delegacia da Mulher e que, até o momento, nenhum suspeito foi detido. Quem tiver qualquer informação que possa ajudar o trabalho da polícia deve entrar em contato com o disque-denúncia, pelo telefone 181. Não é preciso se identificar.

Sobre a realização do Baile do Mandela nas ruas de Viana, a prefeitura informou, por meio de nota, que o evento não tinha autorização para acontecer e que teve a interdição realizada outras três vezes, somente este ano, com a ajuda da Polícia Militar. 

Ainda de acordo com a Prefeitura de Viana, as interdições foram frutos de denúncias que chegaram até a polícia. A prefeitura enfatiza também que, além desse trabalho em conjunto, que é contínuo, a equipe de posturas realiza ações preventivas durante rondas no município, em busca de informações, principalmente por meio de material de divulgação, de eventos sem autorização. 

Os moradores que quiserem denunciar os bailes clandestinos podem entrar em contato com o disque-denúncia, pelo 181, ou com a Ouvidoria do município, no 0800 707 0001.

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