Polícia

Suspeito de espancar gari até a morte por causa de boato é preso no norte do Estado

Joel Messias da Silva Mota foi morto a pauladas e pedradas, em Cidade Pomar. Segundo a polícia, o motivo foi um boato de que ele estaria fazendo gestos obscenos para crianças

Lucas foi preso nesta quinta-feira em São Mateus Foto: TV Vitória

A policia prendeu, nesta quinta-feira (13), um dos suspeitos de espancar até a morte um gari, em Cidade Pomar, na Serra, no final de agosto deste ano. Lucas Pereira Soares foi preso em São Mateus, no norte do Estado, onde se escondia na casa da sogra.

O rapaz foi preso por uma equipe da Delegacia de Crimes Contra à Vida (DCCV) da Serra, com apoio da DCCV de São Mateus. Segundo a polícia, Lucas era o elo que faltava para desvendar a morte do gari Joel Messias da Silva Mota, de 45 anos, assassinado a pauladas e pedradas em um terreno baldio, no último dia 29 de agosto.

"Hoje de madrugada nos dirigimos até São Mateus e, em uma operação em conjunto com a Delegacia de Crimes Contra a Vida de São Mateus, realizamos a prisão dele, que estava na casa da sogra", ressaltou o delegado Rodrigo Sandi Mori, da DCCV da Serra, responsável pelas investigações.

Além de Lucas, três adolescentes, de 15, 16 e 17 anos, já estão apreendidos por envolvimento no crime. As investigações apontam que, ao todo, cinco pessoas agrediram o gari, depois de arrancá-lo de dentro de casa. A polícia ainda procura pelo quinto suspeito, que está foragido.

De acordo com a polícia, o crime foi motivado por um boato que circulou, em agosto, de que Joel estaria fazendo gestos obscenos para crianças da região. "Segundo vizinhos, ele estava se masturbando vendo mulheres e crianças passando na rua e, por isso, aconteceu esse ato de linchamento com ele", explicou Lucas.

Gari foi espancado até a morte em um terreno baldio Foto: TV Vitória

No entanto, segundo a apuração da DCCV da Serra, a informação era falsa e quem espalhou o boato foi um dos adolescentes apreendidos. "Falaram que ele se masturbava para crianças de dentro de casa, fato que não foi comprovado, porque nem da rua dá para ver a casa dele, lá dentro. O que ficou apurado foi que ele teria tido uma desavença com um dos adolescentes que já se encontra apreendido e esse adolescente teria ido, por vingança, até a boca de fumo e espalhado esse boato", afirmou Sandi Mori.

O delegado ressaltou que o menor fez a fofoca porque Joel teria cantado a namorada dele. Além disso, o delegado esclareceu que a vítima foi morta por cinco agressores e não 20, como chegou a ser mencionado na época. Segundo Sandi Mori, havia muita gente vendo o gari sendo espancado, o que pode ter dado a impressão de mais gente tê-lo agredido.

A investigação apontou ainda que Lucas foi quem tirou a vítima de dentro de casa e a arrastou para o meio da rua. O rapaz admite a ação, mas nega ter dado pauladas ou pedradas em Joel. Ele disse ainda que se arrepende de seus atos.

"O portão dele estava arrombado e ele saiu. Quando voltou, nós chamamos ele de novo e ele se sentiu intimidado. Aí eu abracei ele e fomos conversar. Quando eu vi ele inconsciente, vi que não tinha como agredir uma pessoa daquela forma. Aí eu já me evadi dali", contou.

O gari foi socorrido em estado grave e chegou a ficar na UTI, mas morreu dois dias depois da agressão. A notícia abalou tanto a familia que uma cunhada da vítima não suportou e morreu dias depois, após sofrer um mal súbito.

Joel Messias da Silva Mota era casado e pai de duas crianças. Ele morava com a família em Cidade Pomar há cerca de dez anos.

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