Casal é detido por manter menina de 14 anos em cárcere privado por seis meses

Um casal foi detido, na tarde desta segunda-feira (16), suspeito de manter uma menina de 14 anos em cárcere privado dentro de uma casa no bairro Rosa da Penha, em Cariacica. Os suspeitos são o pai e a madrasta da adolescente, que também estaria sendo agredida constantemente.

De acordo com a polícia, o crime acontecia há cerca de seis meses. A polícia chegou até o local onde a jovem era mantida reclusa a partir de denúncias feitas por vizinhos da família. 

Eles disseram ter ouvido a menina ser agredida pelos suspeitos e acionaram a Polícia Militar. "A gente percebe muitos gritos. Eles xingam, mantêm ela presa sempre assustada, ela nunca fala com a gente. E ele [o pai] tem sempre o hábito de levá-la e buscá-la na escola, como se ela fosse uma pessoa sem socialização nenhuma, sem interação com o mundo lá fora", contou uma vizinha, que não quis se identificar.

O conselho tutelar de Cariacica também foi acionado para atender a ocorrência. Dentro do quarto da adolescente, a polícia encontrou uma cama quebrada e roupas da jovem, que eram guardadas em uma caixa de papelão.

Nas costas da menina foi encontrada uma marca que seria de uma chinelada. Segundo a conselheira Josiane Aparecida dos Santos, a adolescente não quis falar muita coisa e, inicialmente, só se comunicou com os conselheiros tutelares e com os policiais por meio de bilhetes.

"Constatamos que era verídica a situação de cárcere privado. A menina se encontrava presa dentro da residência e conversava conosco através de bilhetes, pedindo para nos afastar porque ela não queria conversar. Ela dizia que estava presa, sozinha dentro de casa, mas ela tem muito medo do pai, então ela pedia para a gente se afastar e deixá-la sozinha", disse a conselheira.

Os dois suspeitos foram levados para a Delegacia Regional de Cariacica para prestarem depoimento. Eles estavam muito nervosos e não quiseram falar com a imprensa. Segundo a polícia, os dois negaram todas as acusações.

De acordo com a Polícia Civil, até o início da noite desta segunda-feira a ocorrência ainda estava em andamento e os dois suspeitos ainda não haviam sido ouvidos pelo delegado de plantão.

Tristeza

Para os vizinhos que acionaram a polícia e fizeram a denúncia, foi difícil conviver com essa situação. "Nós somos pessoas trabalhadoras, honestas e a gente não aguenta ver essas coisas. Então a gente está aqui apenas denunciando um ato selvagem, que a gente não aguentava mais ver", declarou a vizinha.

E o caso comoveu não só a vizinhança, mas também as conselheiras que receberam a denúncia. "É uma situação bastante triste, porque ela vivia no sol quente, com muito calor, em um ambiente sujo, fedendo a mofo. Então a gente ficou horrorizado com o que a gente viu naquele lugar. Esperamos que a justiça tome suas providencias", ressaltou Josiane.