Polícia

Suspeito de matar a ex com 40 facadas na frente dos filhos é solto pela Justiça

Evandro dos Santos Delfino foi preso pelo crime em novembro do ano passado, mas foi solto 30 dias depois. Justiça alega que o prazo da prisão temporária havia expirado

Evandro foi preso no dia 25 de novembro do ano passado e saiu da cadeia exatamente um mês depois Foto: TV Vitória

Apontado pela polícia como autor do assassinato da ex-companheira, Talita Brenda Firmino, de 21 anos, morta com 40 facadas na frente dos filhos, no ano passado, em Vila Velha, Evandro dos Santos Delfino, de 25 anos, que havia sido preso no final de novembro, já está nas ruas. 

O suspeito estava no Centro de Triagem de Viana (CTV) e foi solto no último natal, 30 dias após ir para a prisão. De acordo com o Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES), o rapaz foi solto porque o prazo da prisão temporária que cumpria havia expirado. No entanto, um mandado de prisão preventiva teria sido expedido 20 dias antes dele sair da prisão.

Por meio de nota, enviada para a produção da TV Vitória/Record TV, a assessoria de comunicação do TJES explicou que Evandro cumpriu prisão temporária, de 25 de novembro a 25 de dezembro de 2016 e, depois que o prazo acabou, não houve nenhum pedido de prorrogação. Por isso, segundo o Tribunal de Justiça, o acusado foi solto automaticamente.

A nota diz ainda que o inquérito da Polícia Civil foi concluído recentemente e que um novo pedido de prisão, desta vez preventiva, está em análise no Ministério Público Estadual (MPES). O Tribunal de Justiça informou ainda que esse novo pedido ainda não foi encaminhado para o juiz e, por isso, ainda não há uma nova decisão.

No entanto, em uma busca rápida pelo site do próprio TJES, é possível chegar até um processo aberto por Aparecida da Conceição Dormindo Leite Ferreira, mãe da jovem assassinada, contra o ex-genro. Trata-se de um pedido de medida protetiva, aberto em setembro do ano passado, depois da morte de Talita.

Talita Firmino foi assassinada com cerca de 40 facadas, segundo a perícia da Polícia Civil Foto: Reprodução

No último andamento, feito na última sexta-feira (13), um despacho urgente solicita contato imediato com o Centro de Triagem de Viana, onde Evandro estava preso. De acordo com o despacho, um pedido de prisão preventiva foi expedido no dia 5 de dezembro, 20 dias antes de o suspeito sair da prisão, pela porta da frente.

Questionado, o TJES continuou afirmando que não havia, até então, um novo pedido de prisão contra Evandro. No entanto, por e-mail, a assessoria de comunicação do órgão enviou uma nova informação, dando conta que a denúncia foi recebida pela juiz e que a prisão preventiva contra o suspeito foi decretada nesta terça-feira (17).

O advogado criminalista, Rivelino Amaral, explica que não é preciso aguardar uma nova denúncia para se decretar a prisão preventiva. Segundo ele, o juiz tem autonomia para determinar a prisão de um suspeito em qualquer fase do processo.

"Ao término da prisão temporária, via de regra, se o juiz entender que é necessária a manutenção da prisão daquela pessoa, ele decreta a prisão preventiva, inclusive de ofício, quer dizer, não precisa ser provocado, ele pode decretar a prisão preventiva a qualquer momento. Inclusive ele não precisa de decretar a prisão temporária antes, ele pode decretar direto a prisão preventiva. Então é um conjunto de informações que ele analisa e aí decide sobr decretar a prisão preventiva ou não".

A produção da TV Vitória/Record TV também entrou em contato com o Ministério Público Estadual, pedindo um posicionamento sobre a demora para a emissão do pedido do mandado de prisão preventiva contra Evandro, mas até o início da noite desta terça-feira ainda não havia recebido um retorno.

Revolta

A notícia sobre a soltura de Evandro foi recebida, na última sexta-feira, por telefone, pela mãe da jovem assassinada. "Me ligaram lá da 9ª Vara, me avisando que ele estava solto. Eu achei um absurdo, porque ele matou minha filha como se estivesse cortando um quiabo, uma abóbora. Nem com um animal a pessoa faz assim. Ela levou mais de 40 facadas", lamentou.

Aparecida da Conceição disse que, desde que o acusado de matar sua filha foi colocado em liberdade, sua família não tem mais paz. "Meu ex-marido não tem vida, a minha filha não tem vida, ninguém vive. A gente não sai, não vai para a escola, não tem direito a lazer, não tem direito a nada", desabafou.

O crime

Corpo da jovem foi encontrado em um local deserto e de difícil acesso, em Vila Velha Foto: TV Vitória

Talita Brenda Firmino foi assassinada no dia 24 de setembro do ano passado, no bairro Rio Marinho, em Vila Velha, após sair de casa para deixar os dois filhos, de 5 e 2 anos, com o pai. O corpo da jovem foi encontrado em um local deserto e de difícil acesso. 

Após ser preso, no dia 25 de novembro, Evandro confessou o assassinato e disse que cometeu o crime por vingança. Ele contou que o motivo foi a cobrança de auxílio reclusão, que a jovem teria recebido entre 2014 e 2015, quando ele cumpriu pena por roubo, receptação e porte ilegal de armas. 

"Ela foi pro motel com meu dinheiro do auxílio reclusão que eu recebia quando tava preso. Ela pegou meu dinheiro, foi pro motel e deixou meus filhos passando fome", contou. 

O suspeito negou ter matado a ex-companheira na frente das crianças e se mostrou arrependido. Ele disse ainda que planejava fugir do Estado com a atual companheira, que está grávida. 

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