Polícia

Metade da tropa da Rotam pode ser expulsa da Polícia Militar, diz associação

Da lista de 151 praças indiciados por participação na paralisação da PM, a maioria pertence à Rotam, que conta atualmente com 300 militares, segundo a ACS

A maior parte dos policiais indiciados por participação na paralisação da PM e que tiveram os nomes divulgados no Diário Oficial desta terça-feira pertence à Rotam Foto: Divulgação/Governo

O Governo do Estado publicou no Diário Oficial desta terça-feira (14) uma lista com o nome de 155 militares acusados de participarem do movimento de aquartelamento iniciado no último dia 3 no Espírito Santo. Desse total, 151 são praças (cabos, soldados e sargentos) e a maioria deles é integrante da Ronda Ostensiva Tática Motorizada (Rotam).

De acordo com a Associação de Cabos e Soldados do Espírito Santo (ACS-ES), o número de militares que integram a lista representa praticamente a metade do total do efetivo do batalhão, que, segundo a associação, conta atualmente com quase 300 militares.

Para o presidente da ACS, sargento Renato Martins Conceição, uma possível exclusão desses militares representaria uma grande perda para a Polícia Militar do Espírito Santo. O presidente da associação ressaltou que a Rotam é uma tropa de referência da PM, composta pelos policiais mais bem treinados para atuar em bairros vulneráveis e em risco social.

"A Rotam tem sete anos no Estado e foi se estruturando ao longo desse período. Caso esses militares sejam expulsos da corporação, podemos dizer que seria praticamente um recomeço da Rotam. Levaria anos para ela se reestruturar novamente. Efetivo você consegue dispor com facilidade, mas construir um batalhão inteiro, como a Rotam, é muito mais complexo. Até porque seria preciso treinar e qualificar todo esse novo efetivo", destacou o sargento.

Os números do batalhão

Em um vídeo comemorativo aos sete anos da Rotam, divulgado em maio do ano passado, o batalhão informou que, ao longo dos anos de atividade foram registrados 9.394 detidos, 1.480 armas apreendidas, 78.321 buchas de maconha apreendidas (o que represente 5.112 kg da droga), 66.718 papelotes de cocaína apreendidos (83 kg), 92.937 pedras de crack apreendidas (178 kg), além de R$ 1.117.349,76  em dinheiro apreendido.

A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) para atualizar os dados e confirmar o número de policiais que hoje integram a Rotam, mas a assessoria de comunicação informou que não está sendo possível levantar essas informações, justamente por causa do aquartelamento de policiais militares. 

Assistência jurídica

Ainda segundo o presidente da ACS, nesta terça-feira muitos policiais da Rotam buscaram assistência jurídica na associação, que vai ajudar na defesa dos indiciados. "Nós já colocamos o nosso jurídico de prontidão para atender esses militares. A associação vai receber esses militares com o coração e os braços abertos", frisou o sargento.

Um dos policiais da Rotam que está na lista divulgada no Diário Oficial conversou com a reportagem da TV Vitória/Record TV, mas preferiu não se identificar. Segundo ele, todos os militares que estão na lista foram trabalhar na segunda-feira (13).

"Essa lista que saiu basicamente é a escala de serviço do dia 13, quando os militares foram para o batalhão para pegar seus equipamentos, como fardamento, equipamentos de proteção individual e de proteção coletiva, que são é o nosso armamento básico. E fomos todos pegos de surpresa esta noite", disse o policial.

Exemplo

Na opinião do presidente da associação, os primeiros indiciamentos na Rotam podem ser um aviso para as demais tropas. "Eles querem dar o exemplo. Talvez seja essa a lógica do governo, o que, ao meu ver, não seria correto, porque o tratamento tem que ser isonômico. O movimento ocorreu em todo o Estado"

No entanto, durante uma coletiva de imprensa, no final da manhã desta terça-feira, o secretário estadual de segurança, André Garcia, disse que o indiciamento dos militares da Rotam foi apenas uma coincidência e que futuramente policiais de outras tropas também vão entrar na lista. Ao todo, 703 policiais militares serão indiciados por envolvimento com a paralisação da Polícia Militar no Espírito Santo.

"O restante da relação de 161 [policiais] vai ser publicada amanhã. Mas são mais nomes [que compõem o total de indiciados]", disse o secretário.

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