Polícia

PMs têm crise nervosa e lotam pronto-socorro do HPM em Vitória

Imagens mostraram dezenas de pessoas esperando por atendimento. Um psicólogo disse que viu pelo menos 50 militares aguardando no pronto-socorro

Os policiais deram entrada no HPM Foto: TV Vitória

Policiais militares lotaram o pronto socorro do Hospital da Polícia Militar (HPM), em Vitória, no último final de semana. Segundo os familiares, a pressão para que eles voltem ao trabalho é tanta que alguns policiais não aguentaram e estão tendo surtos psiquiátricos. Eles deram entrada no pronto-socorro com sintomas de crise nervosa.

“Falaram que meus irmãos estão passando mal lá dentro, gente que eu conheço, gente da minha turma. Desde ontem que eu estou ouvindo falar no QCG [Quartel da Polícia Militar] estão colocando arma na boca deles, ameaçando, falando que se não forem para a rua iam pega-los. Na foto do Facebook estão lá, todos bonitinhos, fazendo culto, rezando, mas eu fui lá e na hora que cheguei todos estavam espalhados fazendo não se sabe o que. A pressão é grande”, contou um soldado.

Algumas imagens dos corredores do hospital, que foram registradas no último domingo (12), mostraram dezenas de pessoas esperando por atendimento. Nas salas de repouso os leitos foram todos ocupados. Um dos pacientes é o namorado de uma jovem que disse que ele teve um surto dentro do quarto batalhão, em Vila Velha.

“Ele teve que ir para o batalhão e foi quando deu aquela pressão psicológica lá dentro e ele surtou. Disse apenas que estava muito difícil, que estava um inferno lá dentro, mas especificar o que estava acontecendo ele não falou. Eles falaram que iriam cortar o especial deles, que é R$ 400 no salário. Foi quando ele largou a arma e veio para cá”, disse a jovem.

Pelo menos 50 militares foram vistos aguardando atendimento  Foto: TV Vitória

O psicólogo e professor do curso de formação de soldados Pedro Luiz Ferro contou que foi surpreendido pela mensagem de um ex-aluno que pedia socorro. “Ele pedia socorro, falando que precisava de ajuda, pedia indicação de um psiquiatra ou que eu fizesse alguma coisa para ajudar, pois estava desesperado e querendo tirar a própria vida. Eu corri ao encontro dele, passei pelo batalhão, onde outros policiais se encontram também com sintomas de depressão, estão muito estressados e em vias de surto”.

Ele afirma que viu pelo menos 50 militares aguardando atendimento no pronto-socorro. Segundo o psicólogo, eles dizem que estão sofrendo pressão psicológica dentro dos batalhões e quartéis para voltar ao trabalho.

Neste fim de semana os PMs começaram a retomar o policiamento depois de uma semana de paralisação. No domingo, segundo a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), 1236 militares atenderam ao chamado operacional e 59 viaturas foram usadas. Para o especialista, o retorno da forma como é feito é arriscado.

Em nota, a Sesp reiterou que todos os policiais militares devem atender o chamado operacional e voltar ao trabalho. Afirmou ainda que todos os casos que deram entrada no HPM vão passar por uma triagem e serão avaliados por um psiquiatra, que vai determinar se eles poderão voltar ao policiamento.

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