Denúncia atrapalha projeto eleitoral de Cunha

Eduardo Cunha entrava no recesso parlamentar tranquilo até a delação do lobista Júlio Camargo o levar para o olho do furacão. O presidente da Câmara está irritado principalmente porque a delação – seja verdade ou por interesse – mela os acordos que pretende com o PMDB do Rio, onde fica nos próximos dias. O desenho da patota que manda no partido é iminente porque seu esboço passa pelas eleições municipais: lançar o líder Leonardo Picciani a prefeito (ou vice na chapa de Pedro Paulo); Jorge Picciani ao Governo do Estado; Eduardo Paes à Presidência; e Cunha na coalizão para o Senado. Até quarta-feira, Cunha seguia em lua-de-mel com a população, com pauta intensa e de interesses públicos há muito não vista – como lembrado no pronunciamento na TV.

Ao romper com o Governo, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, conseguiu o que queria: inverter os holofotes. Desde seu anúncio, só se fala nas ruas, nos sites, nos gabinetes e rodinhas de empresários de sua briga com Dilma. Muito pouco sobre o delator e a acusação de propina de US$ 5 milhões.Cunha lembra o caso de Anthony Garotinho em 2006. Pré-candidato ao Planalto, entrou em greve de fome assim que estourou na mídia investigação do MP sobre repasses de
R$ 300 milhões do Governo de Rosinha, sua esposa, para uma ONG suspeita. Por mais de um mês, mais se falava – inclusive na mídia – da saúde do ‘Bolinha’. A ONG sumiu.

Cerco duplo ao menor

O Senado aprovou o projeto de José Serra (PSDB-SP) que aumenta de 3 para 10 anos a internação do menor autor de crime hediondo. Deve ser referendado pela Câmara. Os governistas comemoraram. Mas a ficha caiu. É o senador Lindbergh (PT-RJ) quem alerta: corre-se o risco de um cerco duplo se o Senado também aprovar a redução para 16 anos na PEC que a Câmara enviará aprovada em segundo turno. O artífice da proposta, presidente da Câmara, Eduardo Cunha, já conversa com o presidente do Senado, Renan Calheiros, a fim de conquistar a maioria em apoio no plenário.

Renan e Cunha começaram a se afinar contra a presidente Dilma. Cientes de que ela é contra a PEC, vão fazer o possível para a redução, e a promulgação ainda este ano. No
Senado o cenário é diferente, mais favorável ao Governo – são os senadores quem seguram Dilma. Mas há entre os governistas muitos insatisfeitos com a presidente.

Quase-prisão
A operação da PF no apartamento funcional do senador Fernando Collor semana passada por pouco não deu briga. Irritado com o que considerou abuso, o chefe da Polícia Legislativa só se aquietou após ser ameaçado de prisão por um agente federal. O clima continuou tenso, porque os policiais legislativos foram impedidos de entrar.Em cumprimento do dever, o policial federal pode dar voz de prisão caso seja prejudicado ou se sinta ameaçado. Foi o que ocorreu no governo FH, num episódio não divulgado. Um agente que fazia escolta do ministro Raúl Jungmann (Desenvolvimento Agrário) algemou e levou presa a chefe de gabinete após ser insultado.

Entre delegados
Relator da PEC da redução da maioridade penal para 16 anos, aprovada em 1º turno na Câmara, o deputado Laerte Bessa (PR-DF) foi nomeado relator do projeto de autoria de Fraga (DEM), que concede porte de arma aos agentes de segurança socioeducativos.O PL 805/15 visa proteger a categoria. Há casos em Brasília, por exemplo, de agentes que são marcados por internos, agredidos e ameaçados de morte pelos menores, nas ruas, quando são liberados pela Justiça. No Rio, sete agentes foram assassinados.Em Ceilândia, satélite do DF, um agente foi reconhecido por menor na rua e teve o carro alvejado por tiros.

Insalubridade no ar
A Associação de Empregados da Infraero (Anei) ameaça ir à Justiça contra a direção da estatal se forem obrigados a se transferirem para a antiga sede da Transbrasil no Aeroporto de Brasília. Apontam o lugar como insalubre.Há mais de um ano, a Coluna revelou que a Infraero fecharia contrato de R$ 528 mil por mês com o concessionário do JK pelo prédio. Ficou em R$ 350 mil/mês.

Lei Cala-boca
O senador Requião (PMDB-PR), que não gosta de repórter – já se apossou à força de gravador de um radialista – esboça com um compadre na Câmara projeto de lei sobre direito de resposta na imprensa. Com ou sem a famigerada Regulamentação da mídia. Não trata-se de direito de ser ouvido. É pretexto para retaliação de políticos que se sentirem prejudicados com reportagens, por mais que estejam enrolados.

Careca & Naná
O agente federal preso na Lava Jato, Careca, fez barulho ao apontar propina para o então governador de MG, Anastasia (PSDB). Não mais se falou nisso na investigação. Ninguém citou de novo o caso Anastasia. Careca agora é pivô do caso Cunha.

Fundos de Pen$ão
Será tiro no pé ou uma CPI de fachada, bem controlada – por Renan e Cunha – essa dos Fundos de Pensão. A dúvida é se serão investigadas os fortes indícios de ingerências de ambos nos fundos Postalis (Correios) e Real Grandeza (Furnas), respectivamente.

Minha Casa (no chão)
O programa Minha Casa, Minha Vida, carro chefe da campanha de reeleição da presidente Dilma, está sob risco de falência. Sem caixa, o Governo deve a empreiteiras mais de R$ 1,5 bilhão, sem contar juros, em projetos já concretizados e entregues. O Ministério das Cidades e a Caixa se viram como pode e pagam a granel, bem atrasados.

Bomba & estopim
A piada que rola em Vitória (ES), após a polícia retirar de avião mulher que sonhava ‘ser uma bomba’ para explodir a aeronave, ao ver o governador Paulo Hartung no voo: ‘a bomba saiu, mas o estopim ficou’, diz um expert em assuntos capixabas.

Polícia x Seguranças
Não é de hoje que a PF e a Polícia Legislativa se estranham. Na operação da PF no gabinete do então diretor do Senado, Agaciel Maia, agente legislativo quase foi preso.

Caiu em desgraça
Ex-todo poderoso do BB,queridinho de Lula, Aldemir Bendine, presidente da Petrobras, caiu na piada no PT por vender ativos da petroleira. Agora é Aldemir ‘Vendine’.

Caiu em desgraça 2
Calado, mais discreto e isolado no plenário, o senador e presidente do PP Ciro Nogueira (PI), alvo da Lava Jato, tem demonstrado abatimento no dia-a-dia na Casa.

Mandados à mesa
Investigadores da Lava Jato creem que é questão de semanas o pedido de prisão de um jovem advogado de Brasília. E do ex-deputado João Pizzolatti (PP), que está no exterior

Preparem os HCs
Estão em andamento operações que vão cercar a turma das bancas na capital por tráfico de influência. Em especial filhos e esposas de graduados togados de cortes superiores.

Alô, MP!
Pergunta pertinente: Cadê o ex-governador do DF Agnelo Queiroz? O petista quebrou o GDF, deixou rombo de R$ 5 bi, morou quatro meses em Miami, voltou e sumiu.

Justiça para Frei Tito
A presidente Dilma concedeu, em decreto, pensão especial aos herdeiros diretos do Frei Tito de Alencar, morto sob causas misteriosas durante a ditadura militar.

Ponto Final
‘O País vive uma crise, mas é dever da Câmara assegurar a Governabilidade’Eduardo Cunha, no pronunciamento em rede nacional de TV e rádio.

Com Equipe DF, SP e Nordeste.
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