Política

Cotada para disputar o Senado, Rose de Freitas dispara: "O PT não respeita o PMDB"

Mesmo sendo de conhecimento geral que a deputada federal Rose de Freitas (PMDB) e o ex-governador Paulo Hartung (PMDB) têm uma relação complicada, o conflito parece ter diminuído com decisão dele se colocar à disposição para disputar ao Governo do Estado. Em entrevista exclusiva ao Folha Vitória, Rose botou panos quentes na rixa dos dois, e contou que tem conversado com ele sobre o cenário político local. 

Rose se mostra empolgada com a perspectiva de disputar o Senado e diz que vai brigar pela vaga. A deputada também comentou a desavença nacional entre PT e PMDB, e frisou que o partido da presidente Dilma Rousseff não respeita o seu. Sobre as alianças para as eleições, ela entende que as definições locais devem esperar as nacionais.

Confira a entrevista completa:  

Folha Vitória: Você se sente mais perto do sonho do Senado?

Rose de Freitas: Eu coloquei meu nome à disposição do partido para disputar na convenção caso o partido tenha interesse. Antes havia a perspectiva de que o ex-governador Paulo Hartung estivesse se movimentando nessa direção. Depois houve outra movimentação de que é a dele ir em outra direção, que é a do governo. Eu fui convocada por várias lideranças de vários municípios, fiquei de pensar e respondi positivamente. Agora vou disputar na convenção do partido.

FV: Por que é importante para o PMDB ter candidato a Senado e ao Governo? 

RF: É importante para o partido ter uma posição. Todo partido se organiza para ter poder. E para ter poder ele tem que estar dentro do poder. Por sso tem que concorrer. Nomeação é da época da ditadura. É importante o partido ter candidato a governo. Se ele está no poder e acredita que tem que continuar no processo sucessório e é apoiado pela população eu acho que é importante ter deputado estadual, federal, governador, senador para que ele possa ser um verdadeiro veículo de transformação. Agora, eu não tenho apego nenhum ao poder. Posso sair desde que eu acredite que o que vá fazer seja melhor. 

FV: A senhora disse que não tem apego ao poder. Isso significa que não tem problema a senhora se candidatar e perder? 

RF: Perguntinha capciosa! Se eu colocar meu nome ao Senado tem muito problema perder. Eu vou brigar, então tem problema sim. Olha aqui. Eu vou falar, porque eu gosto das coisas muito claras. Me pareceu que você quis me pegar numa contradição. Eu demorei seis meses para chegar nessa decisão e eu vou brigar por isso.  

FV: Como está a relação da senhora com o ex-governador Paulo Hartung?

RF: Ninguém me viu brigar com Paulo publicamente. Obviamente nós não somos um parzinho de jarras. Agora foi a primeira vez que nós nos encontramos para conversar e fizemos uma avaliação política, conversamos amistosamente. Nós tivemos nossas trajetórias sempre juntas uma com a outra no Espírito Santo. Nesse momento da história começa uma definição dentro do meu partido em que os caminhos se cruzam. Nós conversamos e a conversa nunca será em torno de questão de se eu gosto do paletó dele ou se gosto do que ele gosta. Temos pontos de concordância e de discordância. Nós nos distanciamos durante nossas trajetórias, são ossos do ofício, mas nós agora conversamos em torno da avaliação da política nacional e da política local.

FV: Observando o cenário, a senhora acredita que na eleição estadual o PMDB virá numa chapa junto com o PT?

RF: A bem da verdade eu considero importante que essas conversas aguardem a definição do cenário nacional. Atualmente no cenário nacional estamos tendo muita rixa com o PT, não é segredo para ninguém. Estivemos juntos em diversos projetos, mas eu acho que agora é uma colisão importante, num momento em que o PT não respeita o PMDB. O PT só quer [o PMDB] numericamente para aprovar projetos aqui na Casa. O Congresso tem que ser tratado com independência. Se o Senado não está agindo assim, a Câmara está agindo. Eu penso que tem que aguardar mais [para definir as alianças].

FV: E a senhora acha o que? Que o PMDB deve ou não manter uma aliança com o PT? 

RF: Tenho profundas dúvidas. Tive uma reunião com Michel Temer. Ele acha que a gente tem que estar com ele [o PT] para tudo. Governo, Presidência. Hoje eu acho que está muito tenso o cenário. Não posso dizer que tudo vá se ajustar ou que não vá se ajustar.  

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