Política

Ex-ministro de Collor desiste de concessão da hidrelétrica Três Irmãos

Depois de uma semana de pressão nos bastidores, Furnas conseguiu, enfim, se livrar da sociedade com o secretário de Assuntos Estratégicos do governo de Fernando Collor de Mello, Pedro Paulo Leoni Ramos, na usina hidrelétrica Três Irmãos.

Na noite de quinta-feira, o empresário, que se viu enredado no escândalo da operação Lava Jato da Polícia Federal, confirmou ao Estado sua saída do negócio, como já circulava nos bastidores. Furnas não comentou. Mas, a partir de agora, seu desafio é encontrar novos sócios privados que arquem com 50,1% do negócio.

A estatal do setor elétrico se associou à GPI Investimentos e Participações e outras três empresas controladas pelo grupo de Leoni Ramos para arrematar a concessão de Três Irmãos, leiloada pelo governo federal no último dia 28.

A mesma GPI é citada no relatório da Polícia Federal sobre a Operação Lava Jato. De acordo com as investigações, há indícios de que a empresa presidida por Leoni Ramos poderia ser sócia do doleiro Alberto Youssef no laboratório Labogen. Desde que a suspeita da polícia veio à tona, Furnas vinha tentando se livrar do sócio.

Pressões. Depois, começou a circular nos bastidores do governo e do mercado que Furnas já estaria à procura de outro sócio, para substituir o grupo de Leoni Ramos. Que, por sua vez, estava disposto a resistir às pressões políticas.

O que poderia levar o grupo a rever sua posição era um aspecto econômico do negócio: a discussão, no Tribunal de Contas da União (TCU), sobre a inclusão das eclusas e do canal Pereira Barreto na concessão. O que o grupo havia arrematado no leilão era apenas a parte de geração de energia. A inclusão das estruturas de navegação hidroviária modificaria toda a engenharia financeira.

Foi justamente nesse ponto que Furnas fez o lance seguinte. Em correspondência dirigida ao Ministério de Minas e Energia com data de 9 de abril, a estatal informou que estaria disposta a operar eclusas e canal, "mediante uma receita adequada".

Furnas não consultou o sócio - no caso, o grupo de Leoni Ramos - para dar esse posicionamento ao ministério. Isso fica claro no próprio ofício, quando a estatal invoca sua condição de líder do consórcio concessionário para dizer que aceita a tarefa. Essa decisão unilateral teria sido a gota d'água no processo, do ponto de vista da GPI.

As empresas de Leoni Ramos, GPI à frente, formavam um fundo de investimento e participações chamado Constantinopla, que é oficialmente o sócio de Furnas. Além delas, o Constantinopla tem mais um sócio, o gestor de recursos Cypress.

Essa troca de sócios é permitida, segundo as regras da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

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