Política

Deputados suspendem sessão e lembram trajetória do colega Glauber Coelho

Os deputados estavam em processo de discussão do Projeto de Lei 181/2014, de autoria do deputado Rodrigo Coelho (PT), quando o presidente da Assembleia recebeu a notícia sobre a morte do deputado

Muito emocionado, Ferraço interrompeu os trabalhos para que os deputados pudessem homenagear o colega Foto: Divulgação/Assembleia

Um clima de comoção tomou conta do Plenário da Assembleia Legislativa (Ales) durante a sessão ordinária desta quarta-feira (20). Os parlamentares foram surpreendidos com a notícia da morte cerebral do deputado Glauber Coelho (PSB), que estava internado desde o dia 10 de agosto, vítima de um acidente automobilístico na localidade de Pacotuba, zona rural de Cachoeiro de Itapemirim, no sul do Estado.

Os deputados estavam em processo de discussão do Projeto de Lei 181/2014, de autoria do deputado Rodrigo Coelho (PT), quando o presidente da Assembleia, deputado Theodorico Ferraço (DEM), recebeu a informação. Muito emocionado, Ferraço interrompeu os trabalhos para que os deputados pudessem homenagear o colega. 

Minuto de silêncio

Primeiramente, os parlamentares fizeram um minuto de silêncio em memória do deputado. Comovidos, vários parlamentares fizeram uso da palavra. O primeiro a falar foi o deputado José Esmeraldo (PMDB), que, abalado, não conseguiu concluir sua fala: “É um momento tão difícil, que nos pegou de surpresa, e fica difícil fazer uma fala raciocinando, é muito triste”. A deputada Luzia Toledo (PMDB) solicitou à Mesa Diretora que orientasse os parlamentares para que todos se deslocassem para Cachoeiro de Itapemirim: “Ele vai fazer muita falta”, ressaltou.

O deputado Freitas (PSB), líder do partido de Glauber, também se pronunciou: “É com muito pesar, com extrema dor no peito, é um duro golpe no Partido Socialista Brasileiro. Começamos na semana anterior, no primeiro dia da semana, no domingo (quando Glauber Coelho sofreu o acidente). Continua a semana com a tragédia do nosso principal líder nacional, Eduardo Campos”, lembrou, emocionado. “A dimensão de uma perda dessa, promessa viva de futuro de uma política de qualidade nesse Estado, é com muita dor, com muita emoção. Que Deus possa amparar e proteger a família do Glauber Coelho, para que possa superar o momento de perda tão prematura, de um jovem capixaba tão promissor na política”, externou.

Conterrâneo de Glauber, o deputado Rodrigo Coelho (PT) colocou-se no lugar do colega: “Podia ser qualquer um de nós. Muitos de nós estivemos no mesmo lugar, no mesmo dia. Nós fazíamos política na mesma base do deputado Glauber, disputávamos. O volume de trabalho que ele trazia exigia a melhora de nossa conduta. Quero deixar minha homenagem ao deputado e pedir as bênçãos à família, que tenho certeza de que, nesse momento, necessita das nossas orações. E a todos que nos acompanham, que também orem por essa família”, pediu. 

O segundo secretário da Mesa, deputado Roberto Carlos (PT), também se manifestou: “Não perco um colega deputado, perco um amigo, um irmão. Eu brincava que ele era um menino muito esperto e ele respondia que era um menino trabalhador. A última vez que conversei com ele, ele manifestou preocupação com a saúde do pai. Um ser humano com quem valia a pena conviver, quem conviveu mais próximo dele sabe disso. É muito duro perder um colega, um amigo, nessa nossa vida louca. Ele se acidentou no Dia dos Pais, na hora do almoço. Ele podia estar no conforto do lar, mas estava indo fazer campanha. É um dia muito triste para mim”, afirmou. 

"Jovem liderança"

O deputado Claudio Vereza falou em nome da bancada do PT: “É momento de solidariedade à família, de tristeza para todos nós, principalmente por se tratar de uma jovem liderança, a segunda em uma semana. Não é fácil formar uma liderança, não é da noite para o dia, leva tempo. Tem de ter determinadas qualidades individuais, pessoais, familiares, sociais. É lamentável a perda de uma pessoa, em primeiro lugar, jovem. Em segundo, uma liderança política, um trabalhador. Em terceiro, um colega”, disse.  “Um dos motivos que me leva a deixar essa Casa foi a alegria de, no início desse mandato, ver jovens lideranças. Fiz minha parte, mas outros estão assumindo. É desgastante, meu corpo não suporta mais as exigências do mandato parlamentar, não dá mais. Mas a minha alegria era ver jovens aqui assumindo com seriedade”, continuou. 

“Como disse numa quarta há algumas semanas, se cabe a mim dar algum conselho é que vocês sejam mais equilibrados do que eu, menos apressados do que eu, menos angustiados do que eu. Vale a pena a luta, mas não vale com o sacrifício da família, não vale com o próprio sacrifício. Se eu posso dar um conselho é ‘façam campanha, mas cuidado’. Equilibre família e saúde pessoal. A palavra é solidariedade, com a família e com o povo que o trouxe para cá”, concluiu Vereza.  

Visivelmente emocionada, a deputada Janete de Sá falou em nome do PMN: “É com muita tristeza que recebi essa notícia. Sinceramente, por ser jovem, eu acreditava que ele fosse conseguir superar essa dificuldade. Falo de um grande companheiro, esforçado, lutador. O que mais me dói, é que isso pode acontecer com qualquer um de nós. Hoje, o Espírito Santo fica mais pobre, porque era um deputado que trabalhava para quem mais precisava. O povo mais humilde perde um grande parlamentar”, destacou. 

Solidariedade

Paulo Roberto (PMDB) também se colocou no lugar do parlamentar: “Eu tenho uma filha de sete anos, que me liga todos os dias. Fico imaginando”, disse, com a voz embargada. “Não é fácil. É um momento de muita reflexão. É uma atividade periculosa, de se deslocar para lá e para cá. Hoje, a solidariedade nossa é com a família do Glauber”, disse. 

O deputado Esmael Almeida (PMDB) também externou seu pesar: “Poucos minutos atrás eu perguntei a vossa excelência (referindo-se ao presidente) como estava a situação do nosso colega. Por onde eu passo, peço oração por ele. Deus sabe de todas as coisas. Não tenho dúvida, o Espírito Santo perdeu um grande parlamentar. Um jovem fiel e temente a Deus, um cristão”, disse.  

Gildevan Fernandes (PV) também se solidarizou: “Fico imaginando a dor da família do Glauber. Meu pai foi prefeito em Pinheiros e, com 82 dias na prefeitura, morreu vítima de um acidente automobilístico. Perdi meu pai com seis anos de idade e não passo um dia da minha vida sem me lembrar dele. Que Deus abençoe e conforte essa família”, pediu. “Um alento é saber que Glauber, além de um homem público, era um pai de família honrado, e sua conduta em nada envergonhou sua vida e sua família. Ele era um servo de Deus valoroso e morreu na presença do Senhor”, concluiu.

O presidente da Casa, deputado Theodorico Ferraço (DEM), contou que, quando foi prefeito de Cachoeiro de Itapemirim, criou a pasta da criança e da juventude, e Glauber foi seu primeiro secretário. Ele também destacou outras atividades que o deputado exerceu. “Divergências jamais irão afastar o amor e o carinho nesse momento de dor. À família, nossos maiores sentimentos”, disse. Os deputados, então, rezaram o Pai-Nosso de mãos dadas e a sessão foi encerrada. 

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