Política

Em entrevista à TV Vitória, Camila Valadão defende ciclovias e tarifa zero no transporte público

Para a candidata ao Governo do Estado, que apresentou soluções para mobilidade urbana, somente os empresários das empresas de transporte lucram

Camila Valadão foi a quinta candidata a ser entrevistada pela TV Vitória Foto: Everton Nunes

A TV Vitória encerrou nesta sexta-feira (8) a série de entrevistas com os cinco candidatos ao Governo do Estado. A última a ser entrevistada foi a candidata pelo PSOL, Camila Valadão.

A candidata defendeu a tarifa zero no transporte público e a construção de ciclovias para ligar os municípios da região metropolitana do Estado. 

Na segunda-feira (4) o entrevistado foi o candidato Mauro Ribeiro (PCB) e na terça-feira (5) foi a vez do candidato Paulo Hartung (PMDB) conceder entrevista. Na quarta-feira (6) o entrevistado foi o petista Roberto CarlosNa quinta-feira (7) o governador Renato Casagrande (PSB), candidato à reeleição, concedeu entrevista.

Camila Valadão nasceu em vitória, tem 29 anos e é solteira. Camila é formada pela Ufes, em Serviço Social. É mestre em Política Social também pela Ufes e dá aulas em uma faculdade da Serra. Iniciou-se na política militando no movimento estudantil. Em 2006  a chapa venceu as eleições para o Diretório Central dos Estudantes. É vice-presidente do Conselho Regional de Serviço Social e integrante do Conselho Estadual de Direitos Humanos. Filiou-se ao PT em 2002, aos 17 anos. Em 2005, migrou com diversos militantes para o Partido Socialismo e Liberdade (Psol). Camila Valadão disputa a sua primeira eleição. 

Confira na íntegra a entrevista de Camila, que durou oito minutos:

TV Vitória: A senhora disputa uma eleição com outros candidatos, sendo que um é governador há quatro anos, outro foi o último governador durante oito anos. Por que o eleitor deve votar na candidata?

Camila Valadão: Pois é, esse é um tema que temos falado bastante. Hoje, o que se apresenta como novo, que se apresenta como futuro, é o velho. Hartung que agora diz que é novidade, governou o Estado por oito anos e nada fez. Casagrande por mais quatro anos e nada fez. Por isso o PSOL se apresenta como uma alternativa àqueles e àquelas que estão descontentes desses 12 anos de governo, desse bloco hegemônico, que agora tentam se apresentar como algo novo, mas que na prática é o mesmo projeto, é a mesma coisa.

TV Vitória: Nas eleições passadas vocês tinham uma candidata muito forte disputando a eleição presidencial, Marina Silva. Este ano ela muda de partido, que impacto isso pode ter pra senhora?

CV: Na verdade a Marina nunca foi do PSOL. A Marina foi militante do PT, saiu do PT, por críticas também ao PT, mas não veio pra um partido de esquerda. Se identifica nem de esquerda nem de direita então, algo do centro, algo indefinido. Nós também temos críticas à Marina. Inclusive, o PSOL também tem uma candidata à presidente. A Marina está na vice, na chapa do Eduardo Campos e o PSOL tem a Luciana Genro, que é a nossa candidata à presidente do País, representando as bandeiras e as propostas do PSOL para as eleições 2014.

 TV Vitória: No plano de governo apresentado à Justiça Eleitoral vocês falam sobre incentivos fiscais e tributários. Como isso funcionaria na gestão da senhora? 
CV: Uma das críticas que nós do PSOL temos feito a esses governadores de 12 anos, do bloco hegemônico, é justamente essa política econômica que privilegia os grandes empreendimentos, os grandes negócios, em detrimento dos interesses da população. Para ter uma ideia, só em 2010, no governo de Casagrande, foi gasto R$ 80 milhões de incentivo ao empresariado, ao invés de ter sido investido na saúde, na educação e nas políticas sociais. Por isso, uma das propostas da nossa plataforma política, é rever  essas concessões fiscais, justamente pra que a gente tenha recursos investido nas políticas sociais e não nessa elite que domina o Espírito Santo já há 12 anos.

TV Vitória: No seu programa de governo, com relação à mobilidade e transporte público, a senhora pontua a suspensão do edital de concessão do aquaviário, a possibilidade de rescisão de contratos do transporte coletivo e a implementação da tarifa zero. Afinal, como o transporte público será financiado no seu governo, caso seja eleita?

CV: O transporte público é um tema central. Na verdade a gente traz no nosso programa uma concepção mais ampla, que é a concepção de mobilidade urbana, que passa pela mobilidade das pessoas. Portanto, a necessidade de termos transporte público e com qualidade, com custo baixo, para que a população opte pelo transporte coletivo aos invés do transporte individual. A cidade está um caos, a gente percebe isso no trânsito, no engarrafamento, na dificuldade de se locomover de um município ao outro. Outro tema importante que nós destacamos é a importância em se investir em ciclovias, o transporte a partir de bicicleta. Como nós podemos integrar a região metropolitana a partir de ciclovias para poder desafogar o trânsito e tarifa zero, garantindo aí o transporte como um direito, assim como a saúde, assim como a educação. Ou seja, a necessidade, as pessoas precisam se locomover, isso precisa ser entendido como um direito e não como uma mercadoria. Hoje, no Espírito Santo, o transporte só dá lucro para os grandes empresários das empresas de transporte. Então, é preciso rever isso, o transporte tem que está a serviço da população e não de uma minoria. 

TV Vitória: A Transparência Capixaba enviou uma pergunta: Se a senhora for eleita, qual será o critério para composição da equipe de governo e como tratará a questão dos cargos comissionados no Estado?

CV: É uma imoralidade o serviço público no Espírito Santo. 42,6 % são cargos comissionados por designação temporária. O que isso significa? Significa que os governantes estão utilizando o serviço público para poder dar conta do seu palanque, prejudicando o atendimento à população. O PSOL defende concurso público, plano de cargos e salários de acordo com as demandas dos servidores e, portanto, pretende reduzir esse quadro imoral justamente pra que o serviço público tenha qualidade no atendimento da população. A nossa pauta é servidor público efetivo, valorizado e com condições de trabalho.

TV Vitória: A senhora defende eleição direta para diretores das escolas já no primeiro ano de governo. Caso seja eleita como será na prática esse processo eleitoral? E os atuais gestores serão dispensados?

CV: A nossa proposta é que isso seja construído com os educadores do Espírito Santo. A gestão democrática da escola, a participação de pais, da comunidade, dos estudantes e de todos os servidores da escola no sentido de gerir, de pensar o recurso da escola, de pensar melhor a atividade é algo importante. Diretor de escola não pode servir de cabo eleitoral de governador porque na prática é isso que temos hoje. Muitos diretores que são indicados e que sequer estão lá representando, muitas vezes, os interesses da comunidade escolar. Essa é uma das nossas propostas, dentre outros na área de educação, entendendo a valorização desse profissional, desse professor e de todos os servidores que estão na área da educação. E a necessidade também da gente trazer pais, da gente trazer a comunidade para debater os rumos da educação no Espírito Santo.

TV Vitória: Do faceebook do Jornal da TV Vitória Wanderleia Nagel gostaria de saber o que a senhora pretende fazer na área de saúde pública?

CV: Nós temos debatido a saúde a partir de uma perspectiva ampla: saúde é transporte, saúde é educação, saúde é cultura. Nesse sentido, a saúde é central no programa de governo do PSOL. Portanto, temos discutido a situação dos hospitais, a necessidade de ter hospitais nas diferentes regiões do Estado, atendendo as quatros regiões de saúde. Além disso, a necessidade de se investir e fortalecer a atenção básica, portanto, a estratégia da Saúde de Família com uma equipe multiprofissional no atendimento é importantíssimo. Uma outra coisa que temos combatido é a política de medicamentos. O Estado gasta muito recurso comprando remédios. Portanto, queremos uma indústria pública de medicamentos justamente pra reduzir a despesa com medicamentos e poder investir em outras áreas. Não dá mais para política de saúde do governo, para os municípios do interior, ser apenas as ambulâncias. É necessário garantir hospitais, é necessário garantir atenção básica à saúde, é necessário garantir a saúde na sua integralidade, portanto, acesso a exames, a medicamentos e a uma vida com qualidade.

 

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