Política

Senador Ricardo Ferraço nega que irá disputar prefeitura de Vitória em 2016

Ricardo Ferraço

Ferraço nega que seja candidato à Prefeitura de Vitória, diferente do que dizem os bastidores da política Foto: Agência Senado

Avesso ao assunto sobre a possível mudança de partido - nos bastidores da política existe a afirmação de que ele estaria de mudança para o PSDB -, o senador Ricardo Ferraço (PMDB) afirma que sua principal disposição é de trabalhar pelo Espírito Santo. 

Quanto ao episódio da Venezuela em que o ônibus que transportava a comitiva de senadores brasileiros, Ferraço afirmou que, ainda que manifestantes tivessem impedido a visita dos parlamentares, a visita teria sido vitoriosa, já que as eleições naquele país foram agendadas para dezembro.

Já sobre a assinatura da ordem de serviço, realizada na semana passada, autorizando o início das obras do Aeroporto de Vitória, o senador disse que é preciso fiscalizar, trabalhar e confiar.

Confira a entrevista:

Folha Vitória - O senhor acredita que agora o Aeroporto de Vitória realmente sai do papel?
Ricardo Ferraço -
Eu acho que precisamos confiar, precisamos trabalhar e continuar confiando. Não vai ter vida fácil. Foi um esforço coletivo muito grande. Foram desafios de toda ordem. Precisamos olhar nossa bandeira e continuar trabalhando e confiando. Nossa luta tem sido grande para que o governo federal trate nosso Estado com consideração e respeito. O Espírito Santo não é uma mala para o governo federal. O Espírito Santo contribui com o desenvolvimento brasileiro. Merecemos essa consideração e esse respeito. Nós devemos continuar cobrando e fiscalizando.

FV - Quais as novidades sobre a CPI do HSBC?
RF -
Estamos com reais dificuldades porque envolve denúncias que foram feitas pela imprensa e que não poderemos investigar porque foram denúncias baseadas em provas adquiridas ilicitamente. Precisamos ter acesso à lista oficial e o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, está nos ajudando muito. O esforço tem que ser grande para que o governo da França libere a lista. O governo francês deu asilo ao homem (Hervé Falciani), que saiu da Suíça e foi beneficiado com a delação premiada. Estamos trabalhando para obter a lista com os nomes dos suspeitos de evasão de divisas.

FV - O que o senhor tem a dizer do episódio na Venezuela?
RF -
A primeira coisa a dizer é que não temos problemas demais aqui para nos metermos em assuntos da Venezuela. Digo o seguinte: a luta por valores democráticos, como liberdade de expressão, imprensa livre não tem fronteiras. Não podemos achar que o que acontece com vizinhos nunca vai acontecer conosco. Salta aos olhos a escalada do autoritarismo que tem contado com o silêncio do governo brasileiro. Não há país democrático no mundo que tenha preso político. Esses valores democráticos são princípios com os quais não podemos flexibilizar. O que está acontecendo na Venezuela, na Bolívia e na Argentina não pode continuar acontecendo. Somos membros do Mercosul. É preciso uma melhor compreensão dos fatos. Ficou evidente que o tratamento às duas comitivas foi imparcial. 

FV - Por que o senhor afirma isso?
RF -
A Venezuela tem uma projeção de 110% de inflação para este ano. Os indicadores de miséria e pobreza são altos. Esses são problemas que dizem respeito a gente também. Ficou evidente que aqueles que são simpáticos ao atual regime foram tratados de forma diferente do que nós fomos. O episódio foi lamentável. Nossa missão era de solidariedade, mas tivemos nossos objetivos alcançados. Fomos lá para pressionar o governo venezuelano para que marcasse eleições gerais e ele (presidente Nicolás Maduro) marcou para o dia 6 de dezembro. 

FV - E com relação aos presos políticos?
RF -
O governo brasileiro tem sido omisso. Essa é uma página extremamente triste da nossa política internacional. Não poderíamos ficar calados e pedimos a soltura de presos políticos. Tínhamos que combater esse autoritarismo. O governo tem sido omisso. A nova comissão foi tratada com pão de ló e tapete vermelho.

FV - As eleições estão chegando e o senhor será candidato a prefeito de Vitória?
RF -
Não sou candidato a prefeito de Vitória. Sou candidato a me esforçar muito para ter sempre um mandato honrado para que os  capixabas possam olhar para ele e vê-lo como aliado.

FV - Como andam as relações do senhor com o atual prefeito? 
RF -
Nossas relações são normais, civilizadas, cordiais. Temos uma relação pessoal, administrativa, política e construtiva. Ele vai a Brasília e nas agendas em Vitória nosso clima é de parceria.

FV - E com o governador?
RF -
Nossa relação é de amizade, parceria, cordialidade. Somos aliados e nossa relação é  super boa. Temos desafios a ser superados e somos aliados para toda hora.

FV - O seu posicionamento quanto ao governo federal é claro de oposição. Correto?
RF -
Eu meu coloco como senador independente e é com independência que me manifesto. Não tem em mim um senador subserviente. O que os capixabas têm assistido é uma manifestação sincera porque vejo que as coisas perderam o caminho. Tanto na linha política quanto na linha econômica. O projeto do governo do PT está esgotado. Não posso ficar calado. Nossa crise é fruto das escolhas equivocadas do governo federal que não teve responsablidade fiscal. Eventualmente posso votar em projetos do governo. Vou votar contra o projeto que cria um gatilho do salário mínimo aos aposentados. Nos últimos anos e meses venho me posicionando alinhado com a população brasileira que tem mostrado que está contra a política adotada pelo governo. Prova disso é o índice de 65% de rejeição ao governo da presidente Dilma Rousseff. Tenho uma linha política alinhada com a sociedade. Não apenas estou criticando o governo. Somos todos nós. Não tem sentido voltar a conviver com coisas superadas como inflação, desemprego e recessão. Quando governos erram quem paga a conta é a população. A gente vem alertando e o governo dizia que estava tudo certo. O governo dizia que quem não estava na mesma direção que ele estava contra o Brasil.

FV - O projeto de redução da maioridade penal passa por votação na Câmara e irá para o Senado. Qual sua posição sobre o assunto?
RF -
Defendo a proposta, que inclusive relatei no Senado, que é pela redução da maioridade penal com critérios. A pena aplicada seria para quem cometesse crimes hediondos, estabelecendo ritos. Imagine psicopatas tem que ser privados de liberdade. É preciso combater a impunidade.

FV - Como anda sua relação com o PMDB?
RF -
Continuo fazendo as mesmas reflexões sobre o partido. O PMDB tem uma história no país e não pode ser uma força auxiliar da presidente Dilma. O partido tem que ter um projeto de personalidade sem se sujeitar.

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