Política

Senador Ricardo Ferraço relata momentos de tensão vividos na Venezuela

Os parlamentares viajaram à Venezuela na última quinta-feira (18), mas decidiram retornar ao Brasil sem cumprir a agenda planejada por causa das dificuldades encontradas no país

Senador Aécio Neves integrou comitiva. Parlamentares cobram atitudes do Governo do Brasil Foto: Reprodução Facebook

A comissão de senadores brasileiros que foi à Venezuela com o objetivo de visitar presos políticos chegou ao Brasil no início da madrugada desta sexta-feira (19). A comitiva desembarcou na Base Aérea de Brasília por volta de 1h30. 

Os parlamentares viajaram à Venezuela na última quinta-feira (18), mas decidiram retornar ao Brasil sem cumprir a agenda planejada por causa das dificuldades encontradas no país. O senador capixaba Ricardo Ferraço (PMDB-ES), que integrava a comitiva, contou os momentos de tensão e ameaça vividos quando tentava se deslocar para o presídio de Rama Verde – onde se encontra o líder opositor venezuelano Leopoldo López

 “Desde o princípio o governo da Venezuela criou dificuldades para a nossa chegada. Viajamos no avião da Força Aérea Brasileira (FAB), portanto, nossa missão foi autorizada. Quando chegamos ao aeroporto já tivemos um grande problema. Demoramos quase duas horas para resolver questões de desembarque. Entramos em uma van e fomos sitiados por milicianos contratados pelo governo. Eles cercaram o nosso veículo e jogaram pedras e vários objetos”, contou. O senador capixaba afirmou que uma escolta de batedores acompanhava a van e, de forma pacífica, presenciou as agressões sofridas pelos parlamentares. 

Para Ferraço, os problemas encontrados para sair do Aeroporto de Caracas foram planejados pelo governo venezuelano. “Nossa missão era pacífica. Para sair do aeroporto existem três túneis. No dia da nossa chegada, o governo inventou de fazer manutenção nesses túneis. Ao fazer isso, eles criaram um congestionamento gigantesco impedindo que pudéssemos andar. Esse congestionamento foi fabricado para que nós não pudéssemos identificar aquilo que, na prática, nós constatamos: a Venezuela é vítima de uma escalada autoritária de um governo truculento”, disse. 

Os senadores brasileiros foram cercados por manifestantes em Caracas. Um grupo foi ao país vizinho para pressionar o governo do presidente Nicolás Maduro a libertar presos políticos e marcar eleições parlamentares. 

De acordo com Ferraço, nos últimos meses, ele tem recebido a visita de esposas de presos políticos. “Passamos por um sufoco desnecessário. Nossa missão era pacífica. Fomos à Venezuela lutar principalmente por valores e princípios. Princípios relacionados, por exemplo, ao exercício da imprensa livre, da liberdade de expressão. Temos o dever de lutar por pessoas que exerciam seus mandatos como é o caso da deputada Maria Corina, que foi cassada simplesmente por fazer oposição. É o caso também do prefeito de Caracas. Estamos lutando para que todos possam ter o direito de exercer seu papel e sua visão política”, explicou.  

O grupo ainda não decidiu se retornará em outra oportunidade à Venezuela. Ricardo Ferraço disse que espera uma posição do governo brasileiro. “Esse país não pode abrir mão da democracia, item fundamental do Mercosul. O que acontece com o nosso vizinho tem impacto no nosso Brasil. Não podemos pactuar com qualquer tipo de retrocesso. Vamos desdobrar esses acontecimentos. O que aconteceu não foi normal. Mantemos um relacionamento pacífico com a Venezuela e fomos recebidos por essa estratégia orquestrada pelo governo. 

Além de Ricardo Ferraço, viajaram à Venezuela o presidente da Comissão de Relações Internacionais, Aloysio Nunes, além dos senadores Aécio Neves, Cassio Cunha Lima, José Agripino (DEM-RN), Ronaldo Caiado (DEM-GO),  José Medeiros (PPS-MT) e Sérgio Petecão (PSD-AC).

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