Política

Bancada 'BBB' atua para manter pauta conservadora

Apesar de não acreditarem na queda do aliado no curto prazo, esses grupos já dizem que um eventual substituto do peemedebista deve manter afinidade com a pauta que defendem

Redação Folha Vitória
Sóstenes Cavalcante faz parte da bancada "BBB" Foto: ​

Brasília - Conhecidos como bancada "BBB" (Boi, Bíblia e Bala), ruralistas, evangélicos e deputados ligados à segurança pública se transformaram na principal salvaguarda do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para se manter no cargo. Apesar de não acreditarem na queda do aliado no curto prazo, esses grupos já dizem que um eventual substituto do peemedebista deve manter afinidade com a pauta que defendem.

"Se acontecer de ele (Cunha) sair, vamos eleger de novo alguém que dê independência à Câmara", afirmou o deputado Sóstenes Cavalcante (PSD-RJ), um dos mais de 300 integrantes da bancada "BBB". "Não nos preocupamos com a saída do Cunha, ele só sai se quiser. Mas, se sair, não vamos colocar outro presidente que não seja alinhado com nossos anseios", disse o deputado Capitão Augusto (PR-SP), da bancada da bala. "É claro que quem for entrar será eleito com nossa participação forte", disse o deputado Marcos Montes (PSD-MG), coordenador da Frente Parlamentar da Agropecuária.

Com o agravamento da situação política de Cunha em virtude da Operação Lava Jato, que trouxe a público detalhes de contas secretas na Suíça atribuídas ao presidente da Câmara, o grupo quer manter o ritmo acelerado de votação da pauta conservadora.

Evangélicos, que já conseguiram aprovar na Comissão Especial o Estatuto da Família - que define como núcleo familiar a união entre um homem e uma mulher - aprovaram na semana passada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) o projeto de Cunha que dificulta o acesso ao aborto legal para vítimas de estupro.

Já a "bancada da bala", cuja maior vitória neste ano foi aprovar a Proposta de Emenda à Constituição que reduz a maioridade penal de 18 para 16 anos, deve votar nesta semana a flexibilização do Estatuto do Desarmamento na Comissão Especial. O texto altera a legislação de modo a facilitar o acesso a armas de fogo.

Também nesta semana deve passar pela Comissão Especial a Proposta de Emenda Constitucional 215, que transfere do Executivo para o Legislativo a palavra final sobre a demarcação de terras indígenas, pauta prioritária para os ruralistas.

Enquanto isso, as tratativas sobre eventuais nomes para substituir Cunha são feitas com discrição. Tanto governistas quanto a oposição avaliam que falar abertamente em alguém para o lugar do presidente da Câmara "queimaria" o candidato. "Existe uma regra tácita de não se falar nomes", disse um deputado da base. "Não é o momento de tratar de nomes, mas está todo mundo sendo testado", comentou um oposicionista.

Outro consenso entre oposição e base aliada é que o apoio da bancada "BBB" será decisivo na escolha de um substituto de Cunha, caso o presidente da Câmara realmente seja afastado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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