Política

Empresário ligado a Dirceu diz que saques de altos valores pagaram 'lua de mel'

Flávio Macedo, preso preventivamente no dia 24 de maio, depôs na segunda-feira (21), na Polícia Federal em Curitiba, base da Operação Lava Jato

Redação Folha Vitória
José Dirceu foi preso na Pixuleco, 17ª fase da Lava Jato, acusado de receber propinas no esquema Petrobras Foto: Agência Brasil

São Paulo - O empresário Flávio Henrique de Oliveira Macedo, um dos donos da Credencial Construtora Empreendimentos e Representações - principal foco da Operação Vício, 30ª fase da Lava Jato - declarou à Polícia Federal que realizou saques de altos valores, entre R$ 50 mil a R$ 90 mil, para cobrir despesas "com casamento, lua de mel".

Flávio Macedo, preso preventivamente no dia 24 de maio, depôs na segunda-feira (21), na Polícia Federal em Curitiba, base da Lava Jato. Ele foi questionado pelos investigadores sobre os saques em espécie que fazia com o sócio Eduardo Meira.

Segundo a PF e a Procuradoria da República, a Credencial foi utilizada para viabilizar o pagamento de propina ao ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (Governo Lula) e seu irmão, o advogado Luiz Eduardo de Oliveira e Silva.

De acordo com as investigações, a Credencial recebeu mais de R$ 30 milhões, não declarou nenhum empregado, e os sócios sacaram na boca do caixa a maior parte dos recursos.

Em seu depoimento, Macedo disse, segundo registrou a PF, "que realizou saques de altos valores, cerca de R$ 50 mil a R$ 90 mil, para arcar com despesas de construção de sua residência, que foi iniciada em 2007 e concluída em 2013, além de despesas com casamento, lua mel, etc."

Para a força-tarefa da Lava Jato, há indicativos de que a Credencial é uma empresa de fachada. A sede declarada da empresa, no bairro do Sumaré, na zona oeste de São Paulo, é o endereço residencial de Eduardo Meira.

Os donos da Credencial foram os únicos presos da Operação Vício. Eduardo Aparecido de Meira e Flávio Henrique de Oliveira Macedo estão presos em Curitiba. Segundo a PF, a companhia transferiu valores para o grupo político do PT que mantinha Renato Duque na Diretoria de Serviços da Petrobras.

A Procuradoria sustenta que o advogado Luís Eduardo Oliveira e Silva, irmão de Dirceu, indicou ao lobista Julio Camargo a Credencial para fazer o repasse de propinas. Segundo Camargo, a propina de 25% para Dirceu saiu de um total de R$ 6,679 milhões, valor repassado "sem causa" para a Credencial.

A PF aponta "fortes indicativos" da participação do ex-ministro da Casa Civil e de Renato Duque nos ilícitos. Ambos foram recentemente condenados pelo juiz federal Sérgio Moro a penas de 23 anos e 10 anos de prisão, respectivamente. A pena de Dirceu foi reduzida para 20 anos de prisão porque ele tem 70 anos de idade.

Renato Duque também já foi condenado em outras duas ações penais. A soma das sanções a ele aplicadas chega a 50 anos, 11 meses e 10 dias de prisão. O criminalista Roberto Podval afirma que o ex-ministro Dirceu nunca recebeu propinas.

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