Política

Alvo da Lava Jato, dono da Friboi fez fortuna com ajuda do BNDES

Os policiais também estiveram em um prédio na Vila Nova Conceição, onde mora o presidente-executivo da JBS Friboi, Wesley Batista, irmão de Joesley

PF cumpre mandado de busca e apreensão na casa de Joesley Batista da JBS Foto: Estadão Conteúdo

A Lava Jato chegou nesta sexta-feira (1º) a uma das famílias mais poderosas e ricas do Brasil, segundo a revista Forbes. Os investigadores da Polícia Federal bateram na manhã de hoje à porta de Joesley Batista, presidente da holding J&F, que administra a JBS (Friboi e Swift), a Eldorado Celulose, a Vigor, o Banco Original e a Alpargatas (Havaianas, Osklen e Topper).

Os policiais também estiveram em um prédio na Vila Nova Conceição, onde mora o presidente-executivo da JBS Friboi, Wesley Batista, irmão de Joesley.

O grupo tem como sócio cinco filhos do fundador da JBS, José Batista Sobrinho, que começou o negócio de carne na década de 50. Porém, foi a partir de 2006, no governo Lula, que o frigorífico começou uma forte expansão internacional que teve como financiador os cofres públicos, por meio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Nenhum integrante da família Batista é bilionário individualmente, mas estima-se que os dez herdeiros possuem, juntos, uma fortuna de US$ 4,3 bilhões (cerca de R$ 13,8 bilhões na cotação atual do dólar), de acordo com a Forbes.

Essa fortuna tem estreita relação com o crescimento da JBS. Segundo o site da empresa, ela é hoje “líder mundial em processamento de carne bovina, ovina e de aves”. Mais de 150 países consomem carne da JBS.

A companhia, que teve lucro líquido de R$ 4,6 bilhões em 2016, recebeu mais de R$ 8 bilhões do BNDES, entre 2006 e 2014. O BNDESPar, braço de investimento do banco, aprovou em 2007 participação de R$ 1,4 bilhão em ações da JBS.

Segundo o próprio banco de fomento, "a participação do BNDES na capitalização da JBS S.A. viabiliza parte dos recursos necessários para permitir a aquisição da Swift & Co., terceira maior empresa de carnes bovina e suína dos Estados Unidos e maior empresa de carne bovina na Austrália".

No fim do ano passado, uma investigação do TCU (Tribunal de Contas da União) apurou “indícios de tratamento privilegiado do BNDES para com a JBS”. Ainda há suspeita de que o negócio entre o banco e o frigorífico possa ter causado prejuízo de R$ 847,7 milhões à instituição pública.

Segundo o TCU, não foi possível comprovar que todo o dinheiro repassado para as aquisições foi utilizado. "No caso da compra da Pilgrims, o BNDES aportou R$ 3,5 bilhões, mas somente foi comprovada pela auditoria a utilização de R$ 1,5 bilhão pela JBS na compra da companhia Pilgrims. Não se sabe o que aconteceu com a diferença. Onde os demais R$ 2 bilhões foram efetivamente aplicados? Essa é uma pendência que precisa de aprofundamento. Casos como esses também foram achados nas demais operações que foram alvo de nossa auditoria", disse o relator do caso, ministro Augusto Sherman, em novembro do ano passado.

"O BNDES deve promover o desenvolvimento da economia com geração de emprego. O que ocorreu é que nessas operações não houve avaliação do impacto na economia brasileira desses aportes de capital do banco na empresa. Não houve avaliação prévia. Haveria crescimento econômico no setor de carnes no Brasil? Qual era o benefício? Essa análise não foi encontrada", questionou. O BNDES nega irregularidades nas operações e diz que ainda não houve desfecho do processo.

Réu

Na Justiça Federal em São Paulo, Joesley Batista responde por crime contra o sistema financeiro. Segundo o Ministério Público Federal, ele está envolvido em operações ilegais de crédito, no valor de R$ 80 milhões. O Banco Original, pertencente à J&F, e o Banco Rural capitalizaram artificialmente as empresas que os controlavam. Os investigadores apuraram que o Banco Original concedeu empréstimos proibidos para a J&F Participações e Flora Produtos de Higiene e Limpeza.

Pontos moeda