Política

"É melhor um pedido de desculpa do que uma canetada errada", diz Hartung a novos prefeitos

Em coletiva concedida à imprensa, o peemedebista fez um alerta aos gestores eleitos e reeleitos que, em sua visão, têm de chegar com muita cautela

Hartung reuniu 69 prefeitos em evento na capital Foto: Divulgação/Governo

O governador Paulo Hartung (PMDB) reuniu 69, dos 78 prefeitos do Espírito Santo, na manhã desta sexta-feira (11), em um hotel da capital para tratar sobre temáticas como ferramentas de gestão pública, austeridade fiscal, empreendedorismo e funcionamento da máquina pública.

Em coletiva concedida à imprensa, o peemedebista fez um alerta aos gestores eleitos e reeleitos que, em sua visão, têm de chegar com muita cautela e com os pés "fincados no chão", principalmente se fizeram uma campanha eleitoral incompatível com a realidade econômica dos municípios e do Estado.

"É melhor começar a jornada retomando a conversa com a sociedade, 'reconversando' as coisas, mostrando a realidade. Em algum caso, se precisar, pedir desculpa à comunidade. É melhor um pedido de desculpa do que uma canetada errada que desorganiza o município e todos vão pagar por muito tempo", disse. "O que a gente tem de correr, como o diabo corre da cruz, é do ato de decepcionar as pessoas", completou Hartung, citando a crise política e a descrença da população brasileira nas instituições representativas.

Hartung ainda defendeu a criatividade e a inovação neste momento de dificuldades financeiras e sinalizou que o governo do Estado está com as mãos estendidas para os municípios. "Eles não estão sozinhos. Os 78 municípios vão contar com toda a parceria do governo do Estado", garantiu ele, reiterando a necessidade de cautela. "Não é corrida de 100 metros. É maratona. Tem que largar com calma pra poder chegar bem".

Questionado sobre quando a economia brasileira deve voltar a crescer, o governador do Espírito Santo disse ter esperanças para o ano que vem. "Eu tô achando que 2017 em algum momento essa retomada comece lentamente. Quanto mais rápido o Congresso votar as medidas que precisam ser votadas, mais rápido vem essa recuperação da economia brasileira. Mais rápido vem o alento para as famílias e para os trabalhadores".

Além do detalhamento da política de austeridade fiscal desenvolvida pelo Governo do Estado, também foram discutidos no encontro os desafios da crise hídrica e a peça orçamentária municipal para 2017. Entre os prefeitos presentes estavam Luciano Rezende (PPS), de Vitória, Audifax Barcelos (REDE), da Serra, Guerino Zanon (PMDB), de Linhares, Elias Dal Col (PDT), de Ecoporanga e Daniel da Açaí (PSDB), de São Mateus.

Ana Paula Vescovi defende ajuste fiscal

A secretária do Tesouro Nacional e ex-secretária de Estado da Fazenda do Espírito Santo, Ana Paula Vescovi, foi uma das palestrantes do evento e também concedeu entrevista à imprensa. Vescovi, a principal responsável pelo ajuste fiscal promovido no Estado, defendeu as medidas em âmbito nacional. 

"É importante dialogar, pois o ajuste fiscal não existe por si mesmo. Ele só existe para trazer mais benefícios para a sociedade, fazendo com que a prefeitura seja mais eficiente e possa entregar, no meio dessa crise, inovações e serviços melhores".

Segundo a secretária do Tesouro, o recado do governo federal para os municípios é que a crise chegou para todos. "Temos que ter esforço coletivo muito grande, disciplina muito grande. O governo federal tá muito imbuído a reformas estruturais, em debater grandes temas da sociedade, permitir que a sociedade conviva com um governo mais eficiente e mais leve e que a gente não tenha tanta pressão mais para elevar impostos". 

Para Ana Paula Vescovi, os resultados do ajuste fiscal no Brasil já estão começando a surtir efeito, na medida em que recuperam, pouco a pouco, a confiança do mercado. "A economia tem parado de piorar e começado a acenar uma melhora para o ano que vem. A confiança é o elo que nós temos para fazer o Brasil voltar a crescer".

Vescovi, assim como Hartung, ainda declarou que não é o momento certo para aumentar impostos e disse ser contra a ajuda do governo federal aos Estados. Segundo ela, a ajuda não é solução, pois não contribui para a redução de despesas.

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