Política

Prefeito de Anchieta busca investimentos e denuncia dívidas da gestão anterior

A dívida, de acordo com estudo realizado pela equipe da Fazenda de Fabrício Petri (PMDB) teria um valor aproximado de R$ 50 milhões. Prefeitura trava um duelo de informações

Prefeito de Anchieta pelo PMDB Fabrício Petri Foto: Divulgação

Desde a paralisação da Samarco, a cidade de Anchieta enfrenta momentos difíceis, ocasionados principalmente pela falta de diversificação econômica. Além disso, com a eleição do prefeito Fabrício Petri (PMDB), o município hoje é palco de um duelo de informações sobre o real estado de suas finanças. 
Petri afirma que a prefeitura deve cerca de R$ 50 milhões. O número é apontado por estudos realizados pela Fazenda do município. O prefeito também cita problemas oriundos da gestão anterior, como licença vencida de ônibus de transporte escolar, sucateamento de máquinas para atendimento ao produtor rural e corte nas linhas telefônicas.

Já o prefeito anterior, Marquinhos Assad (PTB), repudia as informações declaradas pela administração de Petri e as taxa de falsas e distorcidas. Segundo Assad, a dívida contraída não seria de R$ 50 milhões, mas sim de R$ 13 milhões. O ex-prefeito alega ainda que o montante foi derivado por conta da Câmara Municipal, que teria demorado para aprovar um projeto de suplementação orçamentária.

Confira abaixo a entrevista com o prefeito de Anchieta, Fabrício Petri:

Há atualmente uma disputa travada entre o senhor e o gestor anterior sobre as contas da cidade. Como está essa situação?

As dívidas estão todas documentadas e à disposição de qualquer cidadão na Secretaria Municipal da Fazenda. Temos dívidas com fornecedores e prestadores de serviços, como de transporte escolar e videomonitoramento. Também há dívidas com os telefones, que estavam cortados, luz, com débito de R$ 500 mil, e até o site oficial foi suspenso por duas horas e tivemos de renegociar. São várias as dificuldades. A dívida chega a R$ 50 milhões. Temos dívidas de direitos trabalhistas dos servidores, como progressão, temos débito com o instituto de previdência próprio, que chega a pouco mais de R$ 11 milhões, e com o INSS. A dívida supera e muito os R$ 100 milhões, porque teve um decreto tomado na gestão passada que proíbe pagamento de reajuste de contratos. Empresa nenhuma teve direito a reajuste nos últimos quatro anos. Se elas acionaram a Justiça, a qualquer momento podemos ter decisões determinando o pagamento. Não temos para onde correr. Para tanto, expedimos decreto suspendendo o pagamento de todas as dívidas para ver se realmente podemos pagar e se o serviço foi de fato prestado. Depois vamos documentar tudo ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas.

Que medidas de austeridade foram tomadas para equilibrar as contas?

Suspendemos horas extras e diárias são oferecidas só em casos excepcionais. Reduzimos 40% de cargos comissionados e temos hoje 13 secretarias, que pretendemos reduzir para 10. Esportes vai virar gerência, Pesca vai virar gerência e Secretaria de Integração vou extinguir. Isso tudo além de revisão de contratos de aluguéis de imóveis utilizados pela prefeitura. Também estamos renegociando valores de contratos de prestadores de serviços. Mais adiante prevemos auditoria da folha de pagamento e redução do valor de licitação para o transporte escolar.

O que está sendo feito para superar a paralisação da Samarco? Há estudos de novas formas de emprego e renda?
Difícil falar em algo para substituir a Samarco pelo que representa em empregos diretos e indiretos para as cidades da região. Mas precisamos explorar outras frentes como o turismo, já que temos montanhas e praias, turismo religioso, agroturismo, e também implantação de um polo industrial e novos investimentos.

E para este ano de 2017, o que o morador de Anchieta pode esperar da Administração?

Este ano ainda temos um orçamento considerável, porque o impacto da Samarco mesmo só será sentido em 2018 e 2019. Mas tendo em vista a queda na arrecadação e as dívidas, vamos fazer o dever de casa. Não sonhamos em realizar grandes obras e investimentos. Temos compromisso com algumas comunidades de construir creches e vamos tentar de imediato executar. Outros projetos de investimento só a partir do segundo ou terceiro ano. No mais vamos garantir os serviços básicos. Na saúde, por exemplo, nosso principal gargalo é a demanda reprimida de consultas especializadas e exames. Nossa função é tentar zerar essa demanda, que vem de um ano e meio pra cá. É o tempo que as pessoas têm esperado para fazer uma endoscopia e uma ressonância, por exemplo. 

Na sua opinião, qual a importância da estreia do Folha Cidades Anchieta?

Vejo como importante Anchieta ganhar um espaço nessa renomada ferramenta de comunicação capixaba. A nossa população e demais internautas poderão acessar diariamente notícias do município, assim a nossa cidade terá mais visibilidade. Acredito que com isso poderemos promover ainda mais a nossa rica cultura e o turismo, além de dar transparência de nossas ações institucionais.

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