Política

Temer decidirá sobre importação de café que pode gerar R$ 1,5 bi de prejuízo ao ES

Como presidente da Câmara de Comércio Exterior, formada por cinco ministérios, caberá ao peemedebista bancar indicação favorável ou desfavorável à importação

Temer preside Camex, que pode autorizar ou não importação Foto:  Beto Barata/PR

Está nas mãos do presidente Michel Temer (PMDB) a decisão de importar ou não café conilon do Vietnã, que pode causar R$ 1,5 bilhão de prejuízo aos agricultores capixabas. As estimativas são do Incaper (Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural).

Como presidente da Câmara de Comércio Exterior (Camex), formada pelos Ministérios da Agricultura; Relações Exteriores; Planejamento; Fazenda; Indústria e Casa Civil, caberá ao peemedebista bancar a indicação favorável à importação expedida pelo ministro da Agricultura Blairo Maggi ou indicar aos ministros que integram a Camex orientação de voto contrário. 

De acordo com o deputado federal Evair de Melo (PV-ES), a reunião final está marcada para a próxima quarta-feira (22). Um dia antes, ele pretende se reunir mais uma vez com o presidente para tentar impedir a importação. 

"Próxima terça (21) teremos uma nova rodada de negociação no Planalto, quando poderemos levar novos argumentos e mostrar apoios das frentes popular agropecuária e do café, três entidades e do governo do Estado", diz.

Além da sanção da Camex, a liberação da importação ainda depende da publicação das medidas de mitigação de riscos fitossanitários do café importado do Vietnã, resultado da Análise de Risco de Pragas elaborada pelo Ministério da Agricultura. 

Reunião anterior

Ao lado do senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES), Evair esteve com Temer nesta quarta-feira (16) e disse que o presidente tentou reverter a situação junto ao ministro da Agricultura Blairo Maggi. 

"Nós relatamos a situação que seria o impacto dessa importação de café. Como o ministro ainda oficialmente não tinha se manifestado, Temer ligou para ele e fez uma recomendação para que pudesse reavaliar a posição, mas o ministro disse que estava convencido e deu prosseguimento ao rito de importação", relatou Evair.

A partir da negativa do ministro, o parlamentar capixaba informou que foi iniciada uma mobilização envolvendo cerca de 1500 políticos em todo o país. "Retornamos a Temer na data de hoje [16] e colocamos que se o ministro continuar com o rito, além de trazer prejuízos sociais, econômicos, ambientais e desemprego, também haverá diversas manifestações de insatisfação", prometeu.

Justificativa

A autorização para a importação do conilon foi admitida pelo Ministério da Agricultura no final do ano passado com o argumento da falta do grão para a indústria, mas foi suspensa até o levantamento final do estoque existente no País.

Na semana passada, a Federação da Agricultura e Pecuária do Espírito Santo (Faes) esteve com o ministro da Agricultura, quando, segundo a entidade, foi acordado que o Ministério receberia o relatório de estoque de café conilon no Espírito Santo, Rondônia e sul da Bahia. 

De acordo com a Faes, o estoque desses três Estados contabiliza 4,4 milhões de sacas de café, mais que o dobro da quantia levantada pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), e sepultaria a importação.

“Estamos todos mobilizados, e pedindo que confiram os estoques que constam no relatório. A expectativa é que o ministro honre sua palavra, como combinado. A solução provável, é uma intensa pressão de toda a bancada federal sobre os componentes da Camex”, afirma Júlio Rocha, presidente da Faes.

O Espírito Santo é o maior produtor de conilon do País. A atividade cafeeira capixaba é responsável por 35% do PIB (Produto Interno Bruto) Agrícola do Estado e gera cerca de 400 mil empregos diretos e indiretos. 

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