Maio 2021
23
Luan Sperandio
DATA BUSINESS

porLuan Sperandio

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Os riscos políticos

A Control Risks é uma empresa de consultoria estratégica e de risco global especializada na área política, de segurança e integridade, com sede na Inglaterra. Por trabalhar na mensuração dessas variáveis em diversos países do mundo, a visão dos investidores acaba por ser captada por seus analistas. Em suma, há dois tipos básicos de risco político, o adverso e o inercial.

O primeiro faz referência a mudanças no cenário político que afetam o ambiente de negócios de forma negativa, piorando a situação anterior. No Brasil, um exemplo ocorreu no setor elétrico em 2012, quando a então presidente Dilma Rousseff desrespeitou contratos no segmento e anunciou cortes na magnitude de 16,2% no preço de energia residencial e de 28% para o setor produtivo. A justificativa era reduzir o chamado custo-Brasil com o objetivo de impulsionar a produção industrial. Contudo, o tiro saiu pela culatra, e os prejuízos do setor são estimados em pelo menos R$ 111 bilhões, pelo Centro Brasileiro de Infraestrutura.

Isso afeta também o consumidor, que ainda paga mais caro na energia elétrica em virtude disso. “Não à toa, até o momento atual, os investidores ainda têm receio quanto ao setor”, afirma Brasil.

Outro exemplo de risco político adverso ocorreu na semana passada, com a Câmara aprovando a suspensão de ordem de despejos, mesmo após decisão judicial, eliminando uma garantia importante de um contrato de locação. O PL ainda precisa de aprovação no Senado, mas representa um risco para locadores e imobiliárias.

Há ainda o risco político inercial, que se relaciona à inação em direção à medidas que destravem o ambiente de negócios. “Hoje, o caso brasileiro está inserido nessa realidade. Diversas reformas seguem travadas, apesar do governo conseguir aprovar alguns projetos, a base não é sólida, precisando ser negociada caso a caso, e há riscos de não aprovação por falta de negociação e consenso”, destaca o analista da consultoria britânica. Como esse cenário no país já é caótico, a inércia pode ser um dos piores cenários.

Mas o que os estrangeiros mais se preocupam?

Gabriel Brasil afirma que a principal preocupação e pergunta de um investidor internacional não tem a ver com a possibilidade de avançar a reforma tributária ou com a reforma administrativa.

“Na verdade, tem a ver com entender se o governo atual tem uma postura a favor ou contra o setor privado, e está relacionado com o risco político adverso. Na América Latina, há alguns traumas recentes em relação a esse tema no Equador, Argentina, México e até mesmo no Brasil. Hoje, apesar de alguns problemas, além de intervenções de caráter populista, como vimos no caso da Petrobras em fevereiro, governo federal é relativamente favorável a bons fundamentos no ambiente de negócios, o que tranquiliza os investidores internacionais”, acrescenta Brasil.

Nesse sentido, vale lembrar que após dois meses de forte fluxo de saída de investidores institucionais estrangeiros, os fluxos externos voltaram a ficar positivos em R$ 7,4 bilhões em abril. Inclusive, houve participação deles em diversos leilões de concessões de infraestrutura. A temática e a explicação desses fundamentos foi tratada na Visão do Estrategista da Apex Partners.

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As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória

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