Continuando nossa retrospectiva dos impactos da Covid-19 sobre os diferentes setores da economia brasileira, a agricultura foi um dos únicos que cresceram no período. No primeiro trimestre de 2020, o setor teve alta de +1,9% em relação ao primeiro trimestre de 2019, enquanto o PIB brasileiro recuou -0,3%. Com isso, aumentaram as oportunidades listadas em bolsa no setor, apresentando maior estabilidade e volatilidade em relação aos pares.
Não houve apenas um desempenho inicial forte, mas este se sustentou durante o restante do ano. Nesse sentido, o PIB do agronegócio teve crescimento recorde de 24,31% em 2020 ante o ano anterior, passando a representar 26,6% de todo o PIB brasileiro. Em 2019, para efeito de comparação, esta representatividade era de 20,5%.
O preço das commodities também refletiu esse cenário. A cotação de uma arroba — o equivalente a 15 kg — de boi gordo saiu de cerca de R$ 180 em março de 2020 para mais de R$ 300 atualmente. A cotação do café arábica foi de R$ 116,75 para R$ 134,43 no mesmo período. Já a soja saiu da faixa de US$ 800 para US$ 1.600. Por fim, o petróleo tipo Brent subiu de cerca de US$ 30 mil para mais de R$ 65 mil o barril.
Da mesma forma, o Índice de Commodities Brasileiro (ICB) subiu cerca de 40%, da faixa de 25 mil pontos para praticamente 35 mil pontos durante o ano de 2020. Ainda, o Dow Jones Commodity (DJCI) subiu 79,92% nos últimos 12 meses.
Esse cenário é proporcionado pela taxa de juros historicamente baixa, o que faz com a renda fixa deixe de valer a pena, atraindo atenção para outros investimentos. Além disso, os preços das commodities em alta devido à desvalorização do real e, consequentemente, a maior lucratividade das exportações, geram um potencial maior de retorno das terras agrícolas e, com isso, o potencial de valorização destas. Ou seja, os principais fatores que influenciam no preço das terras estão jogando a favor.
“O Brasil é um dos únicos países que ainda tem áreas de terras agricultáveis que podem crescer em produtividade e ser um celeiro para o mundo”, afirma Stefany Sampaio, que assina a Coluna Agro Business.
Além da economia real, há diversas opções para investir no agronegócio, uma delas por meio da bolsa de valores. “Temos uma economia muito voltada ao agronegócio, e agora a abertura de capital passou a ser uma solução para aumentar a captação de recursos, inclusive na agricultura”, reforçou Sampaio.
A BrasilAgro (AGRO3) faz parte dessas empresas listadas, tendo feito um follow-on recente no valor de R$ 440 milhões. Esta também se beneficiou do momento de pandemia, sendo que suas ações subiram mais de 50% de março de 2020 até então. Vale ressaltar ainda que em fevereiro, antes da crise surtir efeito na bolsa brasileira, ela estava cotada por volta de R$ 22 a R$ 25, ficando na faixa dos R$ 22 em março. Ou seja, praticamente não houve quedas com o choque da pandemia.
Sua atividade base é comprar um terreno não desenvolvido, transformá-lo em uma área produtiva e vender posteriormente a preços mais altos, que refletem o aumento da produtividade. A partir disso, a empresa já alienou 85 mil hectares (ha) desde o seu IPO.
O seu rendimento médio é de 4,1% desde 2016, e segundo projeções do BTG Pactual, deve apresentar um dividend yield para 2021 de 4,7% e para 2022 de 9%, além de 14,4% para 2023.
Além disso, também há fundos imobiliários focados em agricultura, como é o caso do BTG Pactual Agro Logística (BTAL11), fundo voltado ao campo logístico do agronegócio. Ele atua por meio da compra de ativos imobiliários que auxiliam na dinâmica de transporte e armazenamento da produção agrícola.
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