Economia

Fipe altera previsão do IPC do mês de avanço de 0,09% para alta de 0,08%

Redação Folha Vitória

A previsão da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) para o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) deste mês, que mede os preços na capital paulista, teve redução marginal após o resultado da segunda quadrissemana, passando de alta de 0,09% para 0,08%. Segundo o coordenador do índice, André Chagas, a revisão se deve à projeção de queda mais pronunciada em Despesas Pessoais, de -0,15% para -0,41%, com influência de viagens e excursões e artigos de higiene.

Contudo, Chagas ressalta que os preços estão bem comportados, como mostrou a leitura da segunda quadrissemana do mês, em que os grupos mais importantes mostraram queda ou estabilidade. O IPC reduziu o ritmo de queda, de -0,42% para -0,23%.

Embora ainda bastante confortável, o coordenador do índice cita algumas pressões de alta observadas em Alimentação, que mostrou recuo de 0,32% (ante -0,79%) enquanto a expectativa da Fipe era de declínio maior, de 0,36%. A principal contribuição, segundo ele, foi de frutas, que na primeira quadrissemana tiveram queda de 1,81% e já apresentaram aumento de 0,78%, com a influência dos dois itens com maior peso: banana (-1,86% para -0,25%) e laranja (-0,02% para 1,81%).

Chagas também afirma que a quebra da safra argentina já começa a ser sentida nos panificados (0,50% para 0,59%). O País enfrenta problemas na produção de soja e milho, mas alguns produtores têm segurado o estoque de trigo, que está na entressafra, para poder compensar eventuais receitas perdidas com os outros grãos. O principal afetado, completa ele, é o pão francês, que teve variação de 0,56% em fevereiro, passou a 0,73% na primeira quadrissemana de março e na segunda leitura do mês subiu 0,83%.

"A questão do trigo é preciso monitorar, porque está na entressafra. Deve ter algum estresse nesse período nos preços de farinha, mas não deve ser grande fonte de pressão no IPC", avalia. Contudo, somado a outros grupos alimentícios, esse componente vai contribuir para o fim da deflação em Alimentação, diz ele. Em sua projeção, o grupo deve ter alta de 0,25% em março depois de queda de 0,95% em fevereiro.

"Alimentação já deu uma bela contribuição para o controle da inflação ou para mantê-la baixa, e deve contribuir cada vez menos, mas sem sinal de alta forte. Não deve ser isso que vai puxar o IPC", completa ele, que cita também a expectativa de aumento de leite no mês.

Para Chagas, o principal risco para a inflação deste ano é o câmbio, que pode ficar mais depreciado com uma possível guerra comercial derivada das políticas protecionistas do presidente dos EUA, Donald Trump, combinado com algum estresse se o processo eleitoral indicar a vitória de um candidato "não comprometido com a estabilidade econômica."

Mas ele diz que, salvo essa combinação "estressante" em relação ao futuro imediato da economia mundial e brasileira, 2018 deve ser o segundo ano de inflação muito baixa. "Os indicadores pretéritos apontam sinais favoráveis a outra redução da Selic após esse mês, mas há cautela, principalmente por risco de guerra comercial e eleições."

Outros riscos a serem monitorados para a inflação do ano, segundo o coordenador do índice, são os reajustes de saúde, o preço da gasolina e o cenário hídrico, que pode provocar aumento de preços em energia junto com uma possível revisão tarifária elevada da Eletropaulo, lembra. Por enquanto, Chagas prevê 3,74% para o IPC em 2018.

Relação gasolina/etanol

A relação entre os preços do etanol e os da gasolina ficou em 72,67% na segunda semana de março após 72,86% na primeira semana, o que Chagas avaliou como estabilidade. Em fevereiro, essa relação também fora parecida, de 72,85%. Contudo, na segunda semana houve queda em relação ao mesmo período de 2017 (74,68%).

"Essa estabilidade deve se manter nas próximas semanas, com reajustes moderados da gasolina e também com os preços do etanol sem subir tanto mesmo na entressafra. Isso porque o açúcar, que seria a alternativa ao biocombustível, está com preços baixos no mercado internacional."

Na segunda quadrissemana de março, a gasolina teve queda de 0,56% após recuo de 0,14% na leitura anterior, já o etanol desacelerou de 0,90% para 0,07%.

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