Economia

Efeito pandemia: PIB capixaba registra queda de 5,1% no quarto trimestre de 2020

Dados do Instituto Jones dos Santos Neves (IJNS) indicaram que indústria teve maior recuo entre os setores produtivos com redução de 13,9%

Nadine Silva Alves

Redação Folha Vitória
Foto: Divulgação / Agência do Rádio

Foi divulgado na tarde desta quarta-feira (17), pelo Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), o panorama econômico do Espírito Santo, respectivo ao último trimestre de 2020. O Produto Interno Bruto (PIB) trimestral capixaba ficou registrado em -5,1%, enquanto o Brasil teve -4,1%. 

O panorama mencionou a pandemia da covid-19 como um dos principais eventos críticos, que provocaram efeitos negativos na economia brasileira e capixaba. O último trimestre do ano passado apresentou um quadro melhor, se comparado ao início de 2020. Apesar disso, o período entre outubro e dezembro, é permeado pela elevada volatilidade em função dos impactos da crise sanitária, de oscilações nos preços das principais commodities como petróleo, minério de ferro, celulose e café, além da taxa de câmbio. 

O diretor de Integração do IJSN, Pablo Lira, destacou que apesar do resultado negativo anual de 2020, o último trimestre mostrou que o Estado está no caminho certo do crescimento, e que um dos principais indicadores é a taxa de ocupação no mercado de trabalho que, segundo ele, voltou a crescer em janeiro deste ano. 

No primeiro mês de 2021, foram gerados no Espírito Santo 4.971 empregos. "Este dado é interessante porque é o maior saldo de empregos em janeiro desde 2004. Um indicador estrutural, que demostra que estamos começando bem 2021", explicou Lira. 

Questionado se as novas medidas de restrição, anunciadas nesta terça-feira (16), pelo governador Renato Casagrande, afetariam o fechamento do primeiro trimestre de 2021, Lira explicou que alguns setores como construção civil e indústria têm apresentado bons índices neste início de ano. Sendo assim, ele acredita que a expectativa é que o fechamento de atividades não essenciais, pelos próximos 14 dias, não produza impactos negativos. 

Pablo Lira disse que o Espírito Santo é um estado com boa abertura econômica, ou seja, exporta e importa em grande quantidade. Por conta disso, é impactado diretamente pelo mercado internacional. Segundo ele, quando países como Estados Unidos e China são afetados economicamente, o Espírito Santo tende a ter prejuízos superiores ao Brasil. Lira acredita que foi, justamente, por isso que o PIB estadual foi pior que o PIB nacional. 

O Espírito Santo arrecadou no quarto trimestre do ano passado R$ 36,9 bilhões, totalizando R$ 139,5 bilhões no ano. 

O panorama econômico foi dividido por áreas: agricultura, indústria, comércio, serviços, comércio exterior, inflação e mercado de trabalho. Leia aqui. 

Agricultura:

No quarto trimestre de 2020, as exportações do agronegócio capixaba caíram -2,9% frente ao terceiro trimestre, com impacto, principalmente, da contração das vendas de café em grão que, com a variação de -16,1% contribuiu relativamente com -7,6 pontos percentuais para a variação total do período. A retração foi suavizada pelo incremento das vendas de celulose, que com a variação de +21,8% contribuiu com +7,4%. 

Com a diminuição de -2,9% nas exportações do agronegócio capixaba, frente a -0,58% nas exportações totais do estado, do terceiro para o quarto trimestre de 2020, a participação das exportações do agronegócio nas exportações totais do estado caiu de 31,7% no terceiro trimestre e, 30,9% no último trimestre de 2020. 

Indústria: 

O volume de produção industrial no Espírito Santo no 4º trimestre de 2020, apresentou recuo de -2,3% na comparação período anterior, essa redução foi inferior à registrada no Brasil (+3,4%).

Na série do indicador acumulado em quatro trimestres, a produção industrial do estado fechou o ano com -13,9%. 

Comércio:

O comércio varejista acumulou alta de +4,6% no volume de vendas. O volume de vendas do comércio varejista que abarca veículos, motocicletas, partes e peças e material de construção, expandiu +4,0%. 

Serviços:

Já o setor de serviços capixaba foi um dos que mais exibiu resultados negativos em todas as medidas de desempenho, tanto no volume de vendas como receita nominal de serviços. De acordo com o documento, os resultados negativos podem ser explicados pelas medidas de restrição à circulação de pessoas decorrentes da pandemia, que se refletiram, sobretudo, nos serviços prestados às famílias.

O volume de serviços acumulado no ano apontou recuo -7,4%, em todas as atividades. Assim, o estado ocupou a 12ª colocação no ranking das Unidades da Federação (UF’s) e permaneceu ligeiramente acima da média nacional (-7,8%). 

- Serviços prestados às famílias -32,0%

- Serviços profissionais, administrativos e complementares -9,7%

- Serviços de informação e comunicação -7,6%

- Serviços de Transportes, serviços auxiliares dos transportes - 7,4%

- Serviços de correio - 3,0%

Mercado de Trabalho

De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no 4° trimestre de 2020 a taxa de desocupação no Espírito Santo foi estimada em 13,4%, registrando acréscimo de +3,1% em relação ao 4º trimestre de 2019. 

A taxa média anual de desocupação foi estimada em 12,7% em 2020, valor +1,7%  maior que o observado na média de 2019.

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