Economia

Moody's aponta alta no risco de liquidez de empresas brasileiras não financeiras

Redação Folha Vitória

São Paulo - O risco de liquidez tem aumentado para empresas brasileiras não financeiras durante o último ano, embora o financiamento deva permanecer adequado até meados de 2016, afirma agência de classificação de risco Moody's em relatório. Segundo a Moody's, a deterioração macroeconômica, os preços mais baixos das commodities e o acesso mais restrito aos mercados de capital têm enfraquecido os resultados de muitas companhias.

"O ambiente macroeconômico do Brasil tem erodido severamente desde 2014, com a inflação se acelerando e a taxa de emprego parecendo mais frágil", afirmou Erick Rodrigues, vice-presidente analista assistente da Moody's. "Junto com uma forte queda na confiança dos consumidores e investidores, essas questões levantam dúvidas sobre as perspectivas para o crescimento no médio prazo, com companhias expostas à economia doméstica e aos preços das commodities as mais vulneráveis."

Segundo Rodrigues, a porcentagem de companhias brasileiras classificadas pela Moody's com risco de liquidez alto subiu de 19% para 32% entre 2013 e 2014.

Os setores de petróleo e gás, proteína e agricultura juntos representam pouco mais de metade da dívida com vencimento até meados de 2017, com a Petrobras responsável por cerca de um terço da dívida corporativa com vencimento até essa data e as produtoras de proteína BRF, JBS e Marfrig Global Foods responsáveis pela maior parte da dívida a vencer nos setores de proteína e agricultura.

"Cerca de um terço das companhias brasileiras que nós acompanhamos têm alto risco de financiamento em razão da fraca cobertura de caixa da dívida de curto prazo, da falta de linhas de crédito comprometidas ou do provável baixo fluxo de caixa durante os próximos um ou dois anos", diz Rodrigues. "Nove companhias atualmente têm perfis de liquidez particularmente fracos, incluindo Brasil Pharma, Brookfield Incorporações e PDG Realty", afirmou.

O real brasileiro provavelmente permanecerá fraco diante do dólar até pelo menos o início de 2016, oferecendo uma vantagem competitiva para alguns negócios dependentes de exportações, diz a Moody's no relatório. No entanto, observa a agência, o real fraco também vai forçar a Petrobras a gastar mais para importar o petróleo necessário para produzir gasolina, diesel e outros combustíveis. Segundo a Moody's, cerca de 60% da dívida total em circulação das companhias brasileiras vem de linhas de bancos locais ou debêntures e o restante vem dos mercados de capital internacionais.

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