Economia

Campos Neto quer Banco Central preparado para futuro tecnológico

Para o presidente do Banco Central, o novo ambiente onde ocorrem pagamentos instantâneos por meios virtuais constitui um desafio para os mecanismos tradicionais de condução da política monetária

Foto: Agência Brasil

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, defendeu hoje (22), que, além de promover a estabilidade de preços e a solidez da economia, a instituição precisa se preparar para um futuro tecnológico e inclusivo. Segundo ele, a Agenda BC+ está sendo reavaliada e ampliada, e 14 grupos de trabalho estão sendo criados para discutir questões ligadas à modernização do sistema financeiro nacional.

Por meio da Agenda BC+, o Banco Central torna pública sua agenda de trabalho e presta contas de ações desenvolvidas no curto, no médio e no longo prazo. De acordo com o presidente do Banco Central, as mudanças levarão em conta duas premissas: a promoção de uma democratização financeira que leve a um maior crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços do país) e a redução da necessidade de financiamento do governo, abrindo espaço para o investimento privado.

"É necessário avançar nas mudanças que permitam o desenvolvimento de nosso mercado de capitais. Estamos nos dedicando ao desenho de como será o sistema financeiro no futuro, tendo como foco o papel da evolução tecnológica. O processo de inovação nos mercados se intensificou nos últimos anos, seguindo o ritmo dessa evolução. Para o sistema financeiro, essas mudanças significam democratizar, digitalizar, desburocratizar e desmonetizar", disse em discurso na abertura do 21º Seminário de Metas para a Inflação, no Rio de Janeiro.

O evento, que acontece anualmente, celebra nesta edição os 20 anos do regime de metas de inflação adotado pelo Brasil.

Para o presidente do Banco Central, o novo ambiente onde ocorrem pagamentos instantâneos por meios virtuais constitui um desafio para os mecanismos tradicionais de condução da política monetária. Ele defendeu uma modernização que simplifique o acesso aos mercados financeiros para todos e que dê um tratamento homogêneo ao capital, independentemente de nacionalidade ou do porte do investidor.

Reformas

Campos Neto disse que o regime de metas colocou fim a anos de inflação alta e representa uma conquista para todos os brasileiros. Ao mesmo tempo, ele elencou dificuldades no momento atual. "No Brasil, assim como em outros países, o período recente tem sido marcado por incertezas. Nosso desafio atual é conduzir a política monetária em um ambiente onde a retomada da atividade econômica mostra sinais momentâneos de arrefecimento e onde o equacionamento da estabilidade fiscal depende da continuidade das reformas".

O presidente do Banco Central citou em diversos momentos a necessidade da continuidade das reformas para a manutenção de uma inflação baixa. Segundo ele, este cenário criaria um ambiente favorável para a redução da taxa estrutural de juros, viabilizando assim um processo de recuperação sustentável da economia.

"O cenário básico para a inflação envolve fatores de risco em ambas as direções. Por um lado, o nível de ociosidade elevado pode produzir trajetória prospectiva abaixo do esperado. Por outro lado, uma frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira pode afetar prêmios de risco e elevar a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária. Esse último risco se intensifica no caso de uma deterioração do cenário externo para economias emergentes", analisou.

Autonomia

Campos Neto defendeu ainda que a autonomia do Banco Central, tal como prevê o projeto de lei que tramita no Congresso, deixaria a instituição financeira em melhores condições para gerir o regime de metas. "Além da redução dos custos de controle do processo inflacionário, a autonomia proporcionaria diretamente uma redução de incertezas econômicas e dos prêmios de risco, melhorando as condições para consolidarmos os ganhos recentes e para abrirmos espaço para os novos avanços que o país tanto precisa", disse.

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