'Se as pessoas não fizerem a sua parte, perderemos ainda mais empregos', diz presidente do ES em Ação
Movimento empresarial divulgou uma carta à população capixaba para que ela respeite o isolamento social e, dessa forma, ajude a economia a se recuperar
O baixo índice de isolamento social da população capixaba, associado à alta ocupação de leitos de UTI exclusivos para pacientes com coronavírus, tem preocupado o setor produtivo do Espírito Santo, que teme um fechamento ainda maior dos postos de trabalho no estado nos próximos meses. Para tentar sensibilizar as pessoas sobre a necessidade de se respeitar as regras de isolamento e distanciamento social, o movimento empresarial ES em Ação divulgou uma carta aberta, pedindo para que a população também faça o seu papel no combate à pandemia do novo coronavírus.
Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), foram fechados 17.881 postos de trabalho no Espírito Santo somente em abril deste ano. De acordo com o diretor-presidente do ES em Ação, Fábio Brasileiro, o desrespeito, por parte da população, ao isolamento social fará com que a pandemia perdure por mais tempo no estado e, consequentemente, afete ainda mais a economia capixaba.
"Não adianta o cidadão cobrar que o governo deve fechar comércio ou qualquer outra atividade econômica e ele continuar saindo de casa sem necessidade, se aglomerando. As pessoas precisam se conscientizar sobre o seu papel. Na nossa visão, o governo tem cumprido muito bem o seu papel, tem aumentado a quantidade de leitos de UTI e tem sido muito transparente em suas ações. As empresas, por sua vez, têm tentado se reabilitar após essa flexibilização das atividades. Mas a população também precisa fazer a sua parte, que é ficar em casa e só sair quando for realmente necessário", afirmou.
"É preciso que haja um equilíbrio de todos os setores. Se você paralisa a atividade comercial, você desorganiza a economia do Estado, porque sua arrecadação cai muito. O Estado precisa ter essa receita para continuar oferecendo os serviços básicos para a população. Então, para isso, é preciso de um mínimo de atividade econômica em funcionamento. Se a economia se desorganizar, vamos perder ainda mais empregos", completou.
O diretor do ES em Ação destacou ainda que países da Europa e da Ásia que conseguiram estabilizar o avanço do coronavírus só conseguiram chegar a esse resultado com a população ficando em casa a maior parte do tempo e só saindo para fazer o essencial.
"Em países como a Alemanha e a China, o índice de permanência das pessoas em shoppings diminuiu bastante. As pessoas vão a esses locais, compram o que precisam comprar e depois voltam para casa. Esse comportamento levou esses países a sair de uma situação crítica para um patamar controlável. A ordem mundial mudou por causa dessa pandemia e as pessoas precisam se conscientizar disso", frisou.
Isolamento social
Segundo a medição feita pelo Governo do Estado, com base nos dados fornecidos pelas empresas de telefonia móvel, o índice de isolamento da população no Espírito Santo foi de 46,6% nesta terça-feira (02), sendo que o recomendado pelas autoridades é que essa taxa fique em torno dos 70%.
No fim de semana, como de costume, o índice foi maior, sendo de 51,81% no sábado e de 55,13% no domingo. Mesmo assim, segundo Brasileiro, ainda há muitas pessoas nas ruas sem necessidade.
"Infelizmente não estamos vendo um comportamento adequado da população no nosso estado, principalmente na região metropolitana. Esse último fim de semana foi horrível em termos de conscientização. Ainda vemos muitas pessoas se exercitando nas ruas, caminhando nos calçadões. E, muitas vezes, são as mesmas pessoas que criticam o governo por permitir essa ou aquela atividade. Então, é preciso que a população se conscientize e faça a sua parte de forma responsável", ressaltou.
"Os índices de contaminação estão aumentando por falta de disciplina das pessoas. Enquanto a sociedade achar que comércio fechado é a solução para a pandemia, mais pessoas vão continuar sendo infectadas. Ou a população faz a sua parte ou as medidas adotadas pelo governo nunca serão suficientes", acrescentou o presidente do movimento empresarial.
Confira, na íntegra, a carta divulgada pelo ES em Ação:
PELO BEM DE TODOS
O ES em Ação, junto a outras instituições do setor produtivo, vem a público alertar sobre o momento que estamos enfrentando no combate ao Coronavírus no Espírito Santo. Temos observado que as pessoas estão mais nas ruas e respeitando menos as regras de prevenção e isolamento. Pela preservação da vida e dos empregos, cada um tem que fazer a sua parte. Chegou a hora da sociedade capixaba se unir e mostrar sua forca e sua disciplina! Apenas as medidas do Governo e do setor produtivo não serão suficientes para vencermos esta luta. A prevenção começa por cada cidadão. Evite sair de casa se não for trabalhar ou resolver algo de extrema necessidade. Se é empresário, adote como regra as medidas de proteção à saúde na sua empresa e entre os seus colaboradores. Se participa da administração pública, municipal ou estadual, dê o exemplo e dissemine informação e boas práticas de prevenção. É importante usar a máscara, lavar as mãos com água e sabão ou álcool, manter o distanciamento social, permanecendo em casa todo o tempo possível. No Espírito Santo, quase 17,8 mil postos de trabalho foram fechados somente no mês de abril por conta da pandemia. O setor produtivo precisa continuar operando para que os empregos sejam mantidos. Esta é uma batalha que nós, Governo, empresários e sociedade, precisamos enfrentar juntos. Siga os protocolos de segurança em casa, no ambiente do trabalho, e quando se deslocar. Informação, prevenção e senso de coletividade vão fazer com que tudo isso passe o mais rápido possível. Vamos atuar para que os números de contaminações baixem em todos os municípios do Estado, especialmente, na Grande Vitória, região de maior incidência do Covid-19.
Fabio Brasileiro Diretor Presidente do ES em Ação
