Economia

Conheça a história de irmãs que comandam fazenda de produção de leite em Colatina

A família não teve uma história fácil. Elas enfrentaram muito preconceito, já que a lida no campo e na fazenda, em sua maioria, é administrada por homens

Redação Folha Vitória

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Foto: Reprodução TV Vitória

Uma mulher e suas três filhas comandam uma fazenda de produção de leite em Colatina. As jovens são conhecidas pela região como Irmãs Amazonas e cada uma tem a sua função na propriedade da família de produtores Sperandio.

Valeska e Natiele são diretamente ligadas na lida da fazenda, como o trato dos animais e ordenha das vacas. Já Nelciele, fica na parte administrativa, enquanto a mãe cuida da casa.

A ordenha é diferente do que muita gente imagina. Atualmente, o processo é automatizado. Começando por ligar o resfriador, onde o leite é armazenado. Uma espécie de tambor, que tem um sistema próprio de resfriamento para manter a temperatura ideal do leite.

"Ela tem uma bomba, que ela aciona automaticamente e já vai direto para o resfriador. Por isso, a gente ganha com qualidade e ganha tempo também", explicou a pecuarista Natiele Sperandio.

Manter a higiene na ordenha das vacas é uma regra na pecuária leiteira. Mais do que garantir um produto de qualidade, ter um ambiente limpo e com utensílios adequados, garante segurança aos consumidores.

Foto: Reprodução TV Vitória

São 28 vacas em lactação na fazenda. As pecuaristas tiram entre 300 e 400 litros de leite diariamente. Toda a produção vai para uma cooperativa da região. 

No Espírito Santo, existem ao menos seis cooperativas de laticínios. Elas tem um importante papel na economia capixaba, gerando emprego e renda. Segundo a Organização das Cooperativas do Brasil (OCB/ES), elas faturaram R$ 1.281 bilhão em 2021.

A maioria dos produtores é de base familiar como as irmãs Sperandio. Mais de 70% dos sócios de cooperativas do Estado mandam até 100 litros de leite por dia para os laticínios. 20% da produção do leite do Espírito Santo sai do município de Colatina.

Sendo um mercado promissor, no Brasil, a produção de leite tem sido crescente nos últimos anos. Segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária, o país é o terceiro maior produtor mundial, com mais de 34 bilhões de litros por ano. Existe produção de leite em 98% dos municípios brasileiros.

Para aumentar a produção de leite da propriedade e dar profissionalismo à produção, as irmãs se capacitaram. "A gente fez curso de inseminação, curso de vaqueiro, curso de castração. Hoje, o que a gente pratica é inseminação. Desde que a gente fez o curso, a gente não parou de inseminar mais", disse Valeska.

Foto: Reprodução TV Vitória

A história dessa família mudou há 17 anos com a morte precoce do pai. A mãe, Dona Elida, assumiu as rédeas e com as três filhas tocou os negócios da família. Não foi fácil, elas enfrentaram muito preconceito, já que a lida no campo e na fazenda, em sua maioria, é administrada por homens. 

"É bem difícil a gente chegar em algum lugar pra poder fazer alguma compra, às vezes de algum produto ou fazer uma negociação de gado, de venda, de compra e quando chega lá, duas mulheres, causa uma certa desconfiança, 'ah não vou fazer negócio' ou 'vou fazer o negócio e tentar passar a perna', tem muito disso, um certo preconceito", contou Valeska.

"É um orgulho muito grande, saber que duas 'meninas' podem fazer muito mais do que homens. Tem muito homem que não tem a atitude e a determinação que elas têm. É um orgulho muito grande que a gente tem na nossa história, sabendo com tudo que a gente conseguiu construir ao longo desses anos", disse Nelciele.

*Com informações da repórter Alessandra Ximenes, da TV Vitória/Record TV

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