Economia

Dificuldade para inovação não está na falta de recurso, diz presidente da FGV-RJ

Redação Folha Vitória

O presidente da Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro (FGV-RJ), Carlos Ivan Simonsen Leal, disse nesta quinta-feira, 9, no lançamento do Núcleo de Estudos em Startups, Inovação e Venture Capital (FGVNest), que o encurtamento da dívida impede a criação de títulos privados de longo prazo. Segundo ele, os títulos atrelados à inflação "não são muito diferente das ORTNs do passado", aos quais a economia brasileira estava indexada no período da hiperinflação.

Para Simonsen Leal, a "baixa credibilidade" da dívida pública está por trás da baixa disponibilidade de recursos para investimentos no País. "Não vamos mudar isso muito rápido. Há um processo nefasto no qual a credibilidade da dívida pública é baixa", disse. Ele frisa que tal cenário requer mais foco nos investimentos. "Não temos muito dinheiro disponível para investimento de risco e a razão para isso é o perfil da dívida pública. Não vamos mudar isso muito rápido", completou.

O economista, porém, diz que a dificuldade para a inovação não está na falta de recursos. A baixa taxa de produtividade é mais explicada pelos indicadores de educação e, na área de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), por problemas na orientação dos investimentos. "Os americanos sabem investir em P&D e sabem transferir conhecimento para o setor privado", afirmou.

"Provavelmente não vamos ter uma Google, uma Apple, porque não temos um mercado de capitais para financiá-las e também porque essas empresas se beneficiam de um nível educacional mais amplo e de uma cultura mais voltada para a inovação", completou.

Ele citou o Rota 2030, programa de inovação no setor automotivo, e o modelo americano para a área de Defesa, que levou ao mercado privado inovações como internet, o GPS e freio ABS.

Disse que o Brasil precisa abandonar o que chamou de "modelo casa grande e senzala", ou seja, de inovações que não consideram o mercado e o interesse dos consumidores e do mercado.

Segundo ele, o país precisa migrar para um modelo onde a demanda seja um imperativo categórico. "Precisamos lembrar que não estamos em Marte. Estamos no planeta Terra e, mesmo sendo uma economia fechada, estamos expostos e temos que competir", afirmou.