Economia

Greve dos caminhoneiros prejudicou desempenho do varejo, diz gerente do IBGE

As vendas do setor recuaram 0,3% na passagem de maio para junho

Redação Folha Vitória

A paralisação dos caminhoneiros, que resultou em bloqueios de estradas de todo o País durante 11 dias do mês de maio, ainda prejudicou o desempenho do varejo em junho, contou Isabella Nunes, gerente na Coordenação de Serviços e Comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

As vendas do varejo recuaram 0,3% na passagem de maio para junho. No mês anterior, a queda foi de 1,2%. Em dois meses de retração, o varejo acumulou uma perda de 1,5%.

"Ainda teve efeito da greve em junho, mas concentrado em alguns setores, como supermercados. Tem a ver com o adiantamento de compras que aconteceu em maio e com uma própria perda de receita em junho, porque nas primeiras semanas provavelmente os supermercados não estavam totalmente abastecidos de perecíveis. Isso afetou o resultado geral do varejo", explicou Isabella.

Com as perdas de maio, as vendas do comércio varejista estão 7,7% abaixo do pico registrado em outubro de 2014. No varejo ampliado, o volume vendido está 14% aquém do ápice alcançado em agosto de 2012.

No varejo ampliado, o resultado melhorou em relação ao mês anterior, graças à forte recuperação registrada pelas vendas de veículos e de material de construção, que compensaram a perda de supermercados na média global das vendas.

No entanto, houve perda no ritmo de recuperação das vendas tanto do varejo restrito quanto do ampliado. Os avanços no segundo trimestre foram mais modestos que os registrados no primeiro trimestre, tanto na comparação com ajuste sazonal quanto na comparação com o mesmo período do ano anterior.

Segundo Isabella, houve impacto da greve de caminhoneiros sobre o desempenho do comércio varejista no segundo trimestre, mas a conjuntura desfavorável também explica a perda de ritmo.

"Os índices de confiança do consumidor ficaram baixos em junho, provavelmente, por causa do mercado de trabalho, mas também por uma percepção da crise", lembrou Isabella. "A evolução lenta do mercado de trabalho de certa forma vem assustando também os consumidores. Isso acaba por deixar o consumo mais lento, adiar o consumo de longo prazo", completou.