Economia

Com grandes eventos cancelados no ES, outros setores são afetados

O Festival Internacional de Jazz e Bossa de Santa Teresa teve que deixar a 9ª edição para 2021. Segundo o organizador, R$ 15 milhões movimentariam a economia local

Saelly Pagung *Estagiário

Redação Folha Vitória
Foto: Olavo Medici
Festival de Jazz e Bossa de Santa Teresa movimenta cerca de R$ 15 mi na cidade

Com a pandemia do novo coronavírus, tradicionais e grandes eventos no ES não puderam acontecer. Os prejuízos, no entanto, ultrapassam os organizadores e atingem outros setores que se beneficiariam do aumento de pessoas no local e da movimentação de dinheiro nesses dias.

O Festival Internacional de Jazz e Bossa de Santa Teresa, conhecido como Santa Jazz, cancelou a 9ª edição que aconteceria uma semana antes do feriado de Corpus Christi. Os reflexos do prejuízo são grandes: 25 mil pessoas não circularam na cidade nesse período e R$ 15 milhões deixaram de movimentar a economia local.

Para o empresário Olavo Medici, organizador do festival, os impactos do cancelamento atingem todo o setor produtivo que está em volta do Santa Jazz, que era considerado o melhor momento de vendas do ano, segundo empreendedores locais. “Quando falamos do evento, também nos referimos a todos os outros setores que se beneficiam com ele. Hotéis, moradores que alugavam casas, restaurantes, lojas, transporte e todos os postos de trabalho criados para suprir a demanda nos dias do festival”, explica.

Os Passos de Anchieta, tradicional roteiro que reconstitui a trilha de 100 quilômetros percorrida pelo Padre Anchieta, também ficou para 2021. Segundo o organizador, Carlos Magno de Queiroz, mais conhecido pelos trilheiros por ‘Lilico’, cerca de três mil pessoas eram esperadas para a 23ª edição, o que movimentaria a economia de diferentes setores nos municípios em que os participantes passam.

Mario Vanzan

Aquecimento dos Passos de Anchieta

Mario Vanzan
Mario Vanzan

“Ao participar desse evento, todas essas pessoas caminhavam de Vitória a Anchieta por quatro dias, movimentavam setores de hotelaria, alimentação e transporte, por exemplo. Para os empresários da região, o evento era um ponto de equilíbrio, por acontecer no meio do ano. Além de capixabas, os Passos de Anchieta contavam com pessoas até de fora do país, que chegavam antes do evento e muitas vezes permaneciam aqui por um tempo, movimentando ainda mais a economia”, explica Lilico, lamentando a perda.

Mário Celso Vanzan, de 72 anos, participou das últimas 20 edições do evento e explica que o cancelamento dos Passos de Anchieta foi como uma “tesoura” passando pelos seus planos. “Começamos a nos preparar meses antes. No ano passado comecei a fazer academia para melhorar minha condição física. Em janeiro deste ano começamos com os aquecimentos e realizamos alguns dos trechos do roteiro”, lamenta, sem ter a certeza de quando acontecerá o evento.

E como não mencionar a Festa da Penha, maior manifestação religiosa do Espírito Santo e uma das três maiores do Brasil, que adequou sua comemoração para um formato digital em menos de 30 dias. Segundo a organização, 2,5 milhões de pessoas participaram das comemorações no ano passado, o que movimentou o setor de comércio, serviços e, principalmente, de hotelaria, que ultrapassou em 40% a taxa de ocupação.

Foto: Divulgação
Festa da Penha

“Para este ano, apostávamos que o número de visitantes na festa fosse ainda maior, já que pela primeira vez tivemos um feriado estadual no dia da Padroeira Capixaba, além da festa completar 450 anos, data emblemática para nossa história. Era de se esperar a movimentação maior do turismo interno, com caravanas vindas do interior e também uma grande participação de público de outros estados, como Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro”, explica Frei Paulo Roberto, guardião do convento.

E se é possível ter uma marca positiva desse momento, o Frei informa que a festa virtual foi considerada um sucesso, permitindo a participação de pessoas de diferentes países e estados, e por isso ela será mantida nos próximos anos.

A retomada das atividades culturais pode melhorar o comércio

Para o economista Eduardo Araújo, as atividades culturais e turísticas fazem parte do setor que mais está sofrendo nesta pandemia e sua paralisação influencia no comércio. "Muitas pessoas voltaram a atuar, mas algumas delas continuam dependendo da retomada dos eventos. As atividades culturais movimentam uma cadeia de fornecedores, com contratações diretas e indiretas. Alguns prestadores se adaptaram com a pandemia e até conseguiram atuar no meio digital, mas naturalmente existe uma limitação. Quando as atividades culturais puderem voltar a atuar, o comércio sentirá a melhora", explica. 


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