Economia

FGV: efeito cambial este ano no IPC-S ainda é modesto, mas depreciação é risco

Redação Folha Vitória

A deflação em Alimentação no Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) de agosto ficou para trás, mas ainda não deve ser fonte de grande preocupação, já que ainda há vários produtos alimentícios cedendo, embora em menos intensidade, afirma o coordenador do IPC-S da Fundação Getulio Vargas (FGV), Paulo Picchetti.

"O IPC-S de agosto não trouxe nada muito diferente, e também não deve mudar tanto este mês, a não ser por causa do câmbio, que mais uma vez mudou de rumo", diz ele, ao referir-se ao avanço do dólar em relação ao real, que ultrapassou recentemente a marca de R$ 4,00.

Mesmo com a desvalorização cambial, que já ultrapassa 20% no ano e 30% em 12 meses, o grupo de comercializáveis, que contempla os preços que mais sofrem efeitos do dólar, está com taxa comportada. "Não tem alta nem de 1,00%.

Em meio à atividade fraca, há dificuldade em repasse. O mercado interno não está absorvendo essa pressão", avalia. Em agosto, os comercializáveis atingiram 0,18%, acumulando 0,78% em 12 meses. Em julho, a taxa foi de 0,07%.

No oitavo mês do ano, o grupo Alimentação encerrou com elevação de 0,06% após ceder 0,61% em julho. "Não preocupa no sentido de ser um aumento muito grande, mas será fator de pressão", diz. Segundo ele, vários itens alimentícios estão perdendo força de queda, com destaque para hortaliças e legumes, cuja variação negativa passou de 8,89% na terceira quadrissemana para -6,94% na quarta.

Apesar do avanço em Alimentação, o IPC-S fechou em 0,07%, menor que a taxa de 0,17% do sétimo mês e ainda aquém da elevação de 0,10% da terceira quadrissemana de agosto, influenciado, dentre outros fatores, pela desaceleração em Habitação (de 1,08% para 0,25%), especialmente em decorrência de energia elétrica, afirma. Em agosto, tarifa de eletricidade teve queda de 0,75% depois do aumento de 5,34% em julho.

O resultado do IPC-S veio perto da mediana de 0,06% das expectativas da pesquisa do Projeções Broadcast (previsões de -0,01% a alta de 0,10%).

"Energia ajudou a conter bastante o IPC-S, e vai continuar ajudando. Deu alívio de 0,06 ponto porcentual, enquanto tarifa de água e esgoto de 1,14% para 1,06% pressionou, porém sem força para deixar o dado mais elevado, em razão do peso", explica ele, acrescentando que o recuo em energia reflete o fim dos efeitos da mudança de bandeira para vermelha 2, que tem o custo mais elevado.

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