Economia

Vitória é apontada com a maior taxa de inadimplência do País

A capital aparece com 49% de inadimplência e se torna a maior no índice de endividamentos das famílias brasileiras

Vitória é apontada com a maior taxa de inadimplência (49%) do Brasil | Foto: Reprodução

A capital do Espírito Santo é apontada em um levantamento como a cidade com o maior número de inadimplência do país. Os dados são da oitava edição da Radiografia do Crédito e do Endividamento das Famílias nas Capitais Brasileiras. O estudo é realizado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP).

Elaborado anualmente pela Fecomercio-SP, a pesquisa avalia os efeitos da política de crédito e as condições financeiras das famílias das capitais brasileiras de 2015 à 2017. O período é marcado pela forte crise econômica e início, no ano passado, de um ciclo de recuperação. 

Por ser a cidade mais populosa, naturalmente São Paulo detém o maior volume de dívidas. O montante alcançou R$ 5,1 bilhões mensais em dezembro de 2017, registrando alta significativa de 13% em relação ao ano anterior. De todo modo, a Região Sudeste é responsável por quase a metade do total das dívidas (48%). Vale notar que Belo Horizonte é a capital com o maior valor médio de dívida mensal por família (R$ 2.766). Já Vitória, a capital do Espírito Santo, surge com a porcentagem de 49% e ranqueia a maior taxa de inadimplência do País.

A pesquisa revela que a taxa de famílias endividadas nas capitais, que havia caído de 61,1% em dezembro de 2015 para 59% no ano seguinte, subiu para 62,2% no final de 2017, na esteira da recomposição da renda dos consumidores, a qual alavancou o nível de confiança das famílias, permitindo a retomada das operações de crédito no País.

A parcela de famílias com contas em atraso também subiu ao passar de 24%, em dezembro de 2016, para 25,7% no mesmo mês do ano passado, seguindo tendência de alta observada desde 2015 (23,2%).

Contudo, a elevação da renda no período permitiu que, a despeito dos aumentos no endividamento e na inadimplência, o comprometimento mensal da renda com dívidas se mantivesse estável em 2016 (30%) e 2017 (30,1%). Vale destacar que o nível de comprometimento médio da renda mensal das famílias com dívidas tem permanecido estável há sete anos, na casa dos 30%, taxa que pode ser considerada tecnicamente adequada para evitar riscos de descontrole financeiro.

Ainda em dezembro de 2017, a dívida média mensal por família no conjunto das capitais ficou em R$ 1.935, valor superior ao mesmo período do ano anterior (R$ 1.892), mas abaixo do registrado no auge da crise econômica, quando alcançou R$ 1.984 em dezembro de 2015.

O estudo também mostra que, no período de 2015 a 2017, a massa de rendimentos e a renda média mensal das famílias nas capitais cresceram 4,8% e 3,2%, respectivamente. Os motivos disso foram a forte queda da inflação (passando de 10,67% em 2015 para 2,95% em 2017); a recomposição do mercado de trabalho, ainda que bastante gradual e concentrada na esfera informal; e o aumento na massa de rendimentos dos aposentados, em função dos reajustes do benefício e do volume de contemplados.

Entenda

Embora relacionados, endividamento e inadimplência são conceitos distintos. Em primeiro lugar, deve-se entender que possuir dívidas não significa que a família esteja em dificuldades financeiras.

A dívida pode ser contraída, por exemplo, ao usar o cartão de crédito ou fazer um financiamento. Portanto, endividado é quem tem uma dívida a pagar. O conceito se aplica mesmo que o consumidor esteja em dia e tenha condições de pagar suas contas.

O primeiro passo para a inadimplência, por sua vez, é o endividamento. Isso porque inadimplente é quem tem dívida em atraso. O não pagamento de uma fatura do cartão, uma conta, uma parcela do financiamento, entre outros casos. No caso da Radiografia do Endividamento das Famílias, a inadimplência ocorre de qualquer atraso, não sendo necessariamente superior a 90 dias. 

Por isso, é importante observar a parcela mensal da renda comprometida com dívidas. Taxas altas tendem a levar endividados à inadimplência.

* Com informações do estudo realizado pela Fecomercio-SP.

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