Economia

FMI:gargalos em infraestrutura afetam expansão do Brasil

Relatório mostra que aumento do investimento em infraestrutura é crucial para a transição da economia mundial para um nível maior de expansão

Redação Folha Vitória
Estudo do FMI propõe aumento de investimentos no setor de infraestrutura Foto: Divulgação

Nova York - A infraestrutura deficiente no Brasil não é apenas uma preocupação de médio prazo e tem afetado a atividade econômica do País mesmo no curto prazo, destaca um estudo do Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgado na semana passada e que pede que os governos de diversos mercados invistam mais em infraestrutura. Em meio ao crescimento econômico decepcionante de vários países, o aumento do investimento público em energia, estradas, abastecimento de água e portos seria uma forma de estimular a atividade e gerar emprego.

"Em vários mercados emergentes, incluindo Brasil, Índia, Rússia e África do Sul, gargalos em infraestrutura não são apenas uma preocupação de médio prazo, mas têm sido apontados como uma restrição ao crescimento mesmo no curto prazo", afirma o documento do FMI, que faz parte do relatório "Perspectiva Econômica Global". Um aumento do investimento em infraestrutura é crucial para a transição da economia mundial para um nível maior de expansão, ressalta o relatório.

"Cinco anos após a crise financeira global, a recuperação das economias mundiais continua, mas permanece fraca", diz o FMI, que pode rebaixar novamente as previsões de crescimento para diversos países, incluindo o Brasil, em um novo relatório com projeções que será divulgado na semana que vem, dia 7.

Os países emergentes, após um forte crescimento econômico depois da crise de 2008, vêm registrando taxas decepcionantes de expansão do Produto Interno Bruto (PIB), afirma o FMI. As taxas têm sido inferiores não apenas aos níveis do pós-crise, mas também aos números da década anterior a 2008. "A natureza persistente da desaceleração sugere que fatores estruturais podem estar contribuindo", ressalta o relatório. Embora os economistas da instituição reconheçam que outros itens tenham peso no esfriamento da atividade, as deficiências na infraestrutura são alvo de preocupação crescente, escrevem no documento.

"Em países com necessidade de infraestrutura, o momento é certo para um empurrão (nos investimentos)", afirma o relatório do FMI logo em seu início. As taxas de juros estão baixas nos mercados desenvolvidos e ainda devem continuar por algum tempo próximas de zero, o que reduz os custos de financiamento dos projetos. Além disso, os fracos níveis de expansão do PIB de vários países sinalizam que a atividade pode precisar desse tipo de estímulo. O aumento do investimento público em infraestrutura contribui para expansão maior do PIB no curto e longo prazo, diz o texto.

Em muitos países desenvolvidos o aumento do gasto em investimento público em infraestrutura é uma dos últimos recursos que restam para estimular a atividade, principalmente porque a política monetária já vem sendo usada desde 2008, destaca o FMI.

Apesar de incentivar o aumento dos gastos do governo em infraestrutura, o relatório do FMI faz a ressalva de que os projetos precisam ser eficientes e dar retorno. "O investimento público em infraestrutura pode se pagar se feito corretamente", aponta o texto, ressaltando que esse tipo de gasto pode ter maior efeito na economia se for feito de forma eficiente, ou seja, sem aumentar a relação dívida/PIB. O impacto na economia é maior quando o investimento público é financiado por dívida (emissão de papéis do governo ou tomada de financiamento em bancos ou organismos multilaterais) do que por corte de gastos do governo em outros setores ou aumento de impostos.

"É difícil imaginar qualquer processo de produção em qualquer setor da economia que não dependa da infraestrutura. Ao mesmo tempo, uma infraestrutura inadequada pode ser sentida rapidamente", afirma o FMI. Em países desenvolvidos, o aumento de um ponto porcentual no gasto público com investimento aumenta o nível do produto em 0,4 ponto no mesmo ano e em 1,5 ponto quatro anos depois.

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