Tesouro reduz venda de títulos
Brasília - O estresse nos mercados financeiros pelo mundo, inclusive no Brasil, obrigou ontem o Tesouro Nacional a colocar um pé no freio na venda de títulos.
Para evitar ter de pagar taxas mais salgadas aos investidores, além de adicionar mais instabilidade ao mercado, o Tesouro reduziu para 10% o volume de papéis que costuma tradicionalmente vender em seu leilão semanal de títulos.
A oferta caiu de 9 milhões de papéis prefixados (cuja taxa de juros é definida na hora da venda e têm maior risco para o comprador) no último leilão do dia 2 de outubro para apenas 900 mil papéis ontem (17).
A estratégia, segundo fontes do governo, foi considerada acertada porque contribuiu para reduzir as taxas e ajudou a dar uma "acalmada" no mercado, que apresenta forte volatilidade provocada por preocupações com a atividade econômica global. Esse pessimismo com o crescimento dos países aumentou depois da divulgação da reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI), na semana passada.
O cenário de incerteza em relação às eleições no Brasil também pesou para piorar esse quadro no mercado financeiro brasileiro.
Até os riscos com o avanço da epidemia do vírus Ebola contribuíram para o nervosismo dos mercados financeiros, o que levou a uma alta do dólar e dos juros. No momento de maior tensão, as taxas dos juros futuros chegaram a saltar 40 pontos básicos.
"Em momentos de volatilidade alta, é natural o Tesouro reduzir a oferta", disse uma fonte da área econômica do governo. "As Treasuries (títulos do Tesouro americano) derreteram com a aversão ao risco e o movimento de fuga para a qualidade."
A fonte destaca que o Tesouro tem folga no caixa para fazer essa estratégia. "É uma política normal, preferimos diminuir a pressão. Poderíamos ter pago um custo desnecessário", disse. O Tesouro também quis, com a estratégia, evitar adicionar uma pressão maior de volatilidade no mercado, que poderia ocorrer com a manutenção de um lote grande de papéis no leilão de prefixados, diante desse quadro de maior nervosismo.
O Tesouro não vendeu a NTN-F 2021 porque as taxas pedidas pelos investidores estavam altas e dispersas dos preços negociados no mercado secundário.
O Tesouro ofertou ontem apenas 900 mil títulos prefixados - 800 mil LTNs e 100 mil NTN-Fs. No último leilão dos mesmos papéis, a oferta havia sido de 9 milhões de títulos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.