Economia

IEMadeira terá impacto financeiro de R$ 24 mi/ano por problema no eletrodo

Redação Folha Vitória

São Paulo - A IEMadeira, concessionária responsável pela linha de transmissão de escoamento das usinas do Rio Madeira, terá um impacto financeiro da ordem de R$ 24 milhões por ano, correspondente a 10% da receita anual da conversora do empreendimento, por conta do problema registrado no "eletrodo de terra" da companhia, sem contar os custos financeiros e de investimentos adicionais para a provável instalação do equipamento em outro local.

Conforme revelou o Grupo Estado na semana passada, o "eletrodo de terra", um aterramento de dezenas de barras de aço que tem a função de manter o equilíbrio das linhas de transmissão, foi construído em cima de um grande bloco de granito, o que compromete seu funcionamento. Ao avaliar o problema, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) concluiu que poderia haver riscos de blecautes e determinou uma redução de até 1.600 megawatts do potencial total das usinas de Santo Antonio e Jirau - o suficiente para atender cerca de 5 milhões de pessoas.

"O maior impacto financeiro é o recebimento de 90% da receita, já é um impacto grande", disse o diretor presidente da Isa Cteep, Reynaldo Passanezi, a jornalistas, ao comentar o caso. A Cteep é controladora da IEMadeira.

Ele também lembrou que o problema acaba acarretando um custo financeiro relacionado à renovação das fianças relativas ao financiamento ao projeto, a um custo de cerca de R$ 950 mil mensais. "Tem um custo financeiro grande para a empresa", disse.

O executivo evitou estimar qual seria o impacto financeiro adicional com a necessidade de realizar a instalação de um novo equipamento. "O eletrodo não é tão caro, é muito mais caro o que estou perdendo de receita", disse. Conforme apurou o jornal "O Estado de S.Paulo", a estrutura pode custar até R$ 60 milhões.

O ONS já determinou que, até dezembro de 2019, as limitações de entrega de energia de Jirau e Santo Antônio continuarão, mas a Cteep pretende conseguir resolver o problema até o final de 2018. A concessionária ainda tentar viabilizar o uso do próprio eletrodo de terra instalado, enquanto já busca uma nova localização para construir o novo eletrodo. "Temos um último teste (para manter a utilização do eletrodo existente), mas estamos no plano A e no plano B, que está bem avançado, mas não podemos descartar o plano A", disse.

Passanezi criticou, porém, o fato de a imprensa ter reportado o fato como sendo um erro da companhia. Segundo ele, a concessionária atendeu a todos os requisitos do edital para a instalação do equipamento e contratou "os melhores especialistas da época", para colaborar na definição do projeto, utilizando o mesmo método usado em linha de transmissão de Itaipu e de Araraquara. "Não é ciência exata", completou o diretor técnico da Cteep, Carlos Ribeiro.

Passanezi explicou que apenas no momento da realização dos testes é que foi identificada a existência da rocha subterrânea de granito que limita o funcionamento do eletrodo. "A limitação não tem impacto nas linhas (...) É uma restrição não impeditiva", disse, salientando que o empreendimento teria, apesar do problema, capacidade de transmitir 100% da potência, se necessário, obedecendo algumas condicionantes.

Ribeiro sugeriu que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), com base nesse acontecimento, deveria aprimorar os editais de linhas de transmissão, no que diz respeito às recomendações para a construção do eletrodo de terra. "Quando a Aneel lança a especificação no edital e manda a recomendação para construir atendendo especificação, é muito simples (...) Para os próximos editais de linha de transmissão de corrente contínua, que esse item seja melhor explorado", disse.

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