Atividade lenta reduz confiança do empresário, diz FGV
O Índice de Confiança Empresarial (ICE) caiu 1,9 ponto em setembro ante agosto, para 89,5 pontos, o menor patamar desde setembro do ano passado, quando estava em 87,8 pontos
A desaceleração no ritmo de recuperação da economia está por trás da piora na confiança do empresariado ao longo de 2018, apontou Aloisio Campelo Junior, superintendente de Estatísticas Públicas do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).
O Índice de Confiança Empresarial (ICE) caiu 1,9 ponto em setembro ante agosto, para 89,5 pontos, o menor patamar desde setembro do ano passado, quando estava em 87,8 pontos. A expectativa é o indicador que não apresente nem melhora nem piora significativa até o fim do ano, diante do cenário de incerteza elevada, disse Campelo Junior.
Embora a greve dos caminhoneiros - que bloqueou estradas de todo o País por 11 dias ao fim de maio - tenha representado um choque na confiança do empresariado, a tendência já era de redução. O ponto de virada foi no início de 2018.
"A confiança hoje está muito baixa em termos históricos", disse Campelo Junior. "A confiança passou a cair no final do ano passado, na virada do ano, e tem a ver com a desaceleração (da atividade econômica) que realmente houve", afirmou.
A piora tem sido puxada pelas expectativas do empresariado. Em setembro, o Índice de Situação Atual caiu 0,8 ponto, para 88,4 pontos. Já o Índice de Expectativas (IE-E) recuou 1,3 ponto, para 95,4 pontos, o terceiro mês consecutivo de perdas.
O Índice de Confiança Empresarial reúne os dados das sondagens da Indústria de Transformação, Serviços, Comércio e Construção. O cálculo leva em conta os pesos proporcionais à participação na economia dos setores investigados, com base em informações extraídas das pesquisas estruturais anuais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo a FGV, o objetivo é que ICE permita uma avaliação mais consistente sobre o ritmo da atividade econômica.
Segundo Campelo Junior, é difícil que haja um aumento considerável na confiança em 2018, mas também não deve ocorrer uma queda acentuada, qualquer que seja o resultado das eleições.
"A incerteza é muito grande, mas não deve haver nenhuma explosão. A economia está caminhando relativamente bem. Passado esse período eleitoral, é possível imaginar a incerteza até caindo um pouco, com alguns empresários desengavetando projetos, contratações", estimou o superintendente do Ibre/FGV.
Entre os resultados setoriais, apenas o Índice de Confiança da Construção avançou em setembro ante agosto, ao subir 0,9 ponto. O Índice de Confiança da Indústria, que encolheu 3,6 pontos, teve a maior contribuição para a queda do índice global.