Economia

Tarifas postais podem acumular alta de 16,6% no ano

Redação Folha Vitória

Brasília - O novo presidente dos Correios, Giovanni Queiroz, disse nesta terça-feira, 17, que o pedido de reajuste de 8,97% nas tarifas postais dos serviços nos quais a estatal tem monopólio ainda não será suficiente para corrigir toda a defasagem nos preços praticados pela empresa.

O porcentual foi apresentado esta semana ao Ministério da Fazenda, que em abril deste ano já havia autorizado um aumento de 7% nos preços praticados pela companhia, que havia solicitado uma correção de 9,33% na ocasião. Ou seja, caso seja concedido o índice pedido agora, as tarifas irão acumular reajuste de cerca de 16,6% no ano, quase o dobro da inflação acumulada no ano até outubro, de acordo com o acompanhamento do IPCA: 8,52%. Em 12 meses, a taxa de inflação chega a 9,93%.

"Esse primeiro reajuste foi aplicado em abril, mas a defasagem é maior. Temos uma defasagem de dois anos e estamos com um déficit financeiro de R$ 2 milhões por dia. Então o pedido de 8,97% não cobre tudo, mas dá um alívio", afirmou Queiroz. "Não vamos dar aumento nos serviços nos quais há concorrência, mas apenas nas cartas simples. Não há impacto econômico nem de inflação. O impacto é mínimo porque significa alguns centavos", completou.

Com o aumento nas tarifas, o presidente espera que os Correios possam sair do vermelho em 2016. Para este ano, o prejuízo da empresa pode chegar a R$ 1 bilhão, o primeiro resultado negativo da estatal nas últimas duas décadas. Parte do prejuízo de 2015, lembrou Queiroz, diz respeito também a débitos do fundo Postalis referentes a anos anteriores.

"O déficit este ano pode chegar a R$ 1 bilhão e não podemos esconder isso. Se está havendo prejuízo, primeiro é necessário cortar as despesas e depois pensar em aumentar as receitas", acrescentou, citando que a empresa irá revisar contratos com fornecedores.

Para o novo presidente da estatal, a empresa precisa se modernizar para sobreviver no mercado, uma vez que a quantidade de correspondências enviadas no País diminui a cada ano devido ao aumento do uso da internet pelos brasileiros.

"Se não nos modernizarmos, nossos concorrentes vão nos engolir. Hoje, 50% da nossa receita ainda é fruto dessa operação postal, e sabemos que ela está em baixa. Por isso, precisamos que nossas agências vendam mais produtos, temos que buscar mais parcerias para viabilizar mais nossos serviços", avaliou.

Entre as questões que Queiroz pretende destravar à frente da estatal estão a participação da empresa em uma operadora virtual de telefonia móvel e em uma empresa aérea própria para o transporte de cargas.

"Foram feitos estudos para essas iniciativas e o Tribunal de Contas da União mandou alterar a forma de fazer, pediu para que não continuássemos processo de parceria com outras empresas e para termos capital majoritário nesses empreendimentos. Isso tudo vai sair da papel, se nós não fizermos, vamos ser sucateados", garantiu.