Economia

Burocracia no comércio externo reforça sistema protecionista, diz especialista

Redação Folha Vitória

São Paulo - A questão da facilitação do comércio é uma das áreas da política de comércio externo de um país, mas não está imune a influências políticas, apontou Ricardo Sennes, coordenador-geral do Grupo de Análise de Conjuntura Internacional (Gacint) do Instituto de Relações Internacionais da USP.

Durante o Fóruns Estadão - Exportação, ele explicou que o fato de o Brasil não estar integrado nas cadeias globais de valor acaba gerando um efeito de proteção para os setores domésticos, o que tem um componente político óbvio. "Ao privilegiar uma lógica burocrática, nós estamos reforçando a ideia de apostar no sistema protecionista", criticou.

Segundo Sennes, ao não se integrar nas cadeias globais de valor o Brasil está expulsando parques produtivos de alto valor agregado. "Nós não estamos utilizando o potencial de atração de escala doméstica para trazer plataformas de nível tecnológico mais alto", apontou. Na questão da facilitação do comércio, o especialista explicou que não se trata nem de o governo melhorar procedimentos, mas sim inverter o processo, fazendo uma releitura das etapas burocráticas a partir do ponto de vista dos empresários.

Já Ana Paula Antonelli Vieira, coordenadora de comércio exterior da Siemens Brasil, relatou um pouco da experiência da empresa no País, ressaltando as diferenças regulatórias entre os diversos Estados e a complexa burocracia. "Fizemos análises de alguns processos e percebemos que a companhia precisa anexar uma cópia autenticada de seu contrato social - que tem 20 páginas - em cada uma das 5 mil operações de importação por mês", contou.

Ela explicou que precisa adicionar 20% de gastos em função do excesso de armazenagem, já que muitas vezes as mercadorias ficam paradas na alfândega aguardando algum tipo de liberação. "É preciso trabalhar na capacitação do governo, dos órgãos anuentes, e mesmo dos prestadores de serviços para reduzir a burocracia", comentou.

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