Economia

S&P mantém nota de crédito do País após anúncio da nova meta

A alteração das metas na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional. Em 12 meses encerrados em junho, o déficit primário ficou em R$ 167,198 bilhões

Mesmo após o governo ter elevado a meta de déficit fiscal para 2017 e 2018, a agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P) anunciou ontem que manteve o rating soberano brasileiro em BB, citando um cenário mais estável desde as denúncias de maio contra o presidente Michel Temer.


A S&P retirou a observação negativa sobre o rating e passou a ter uma perspectiva negativa. Na prática, isso significa que a S&P tirou do radar a possibilidade de um corte da nota do País sem aviso prévio.

Com a perspectiva negativa, o risco de redução do rating é de pelo menos uma chance em três nos próximos seis a nove meses, explicou a S&P. Mas a perspectiva também pode se estabilizar.

“Desde que colocamos nossa classificação do Brasil em observação negativa, em maio, o cenário político está um pouco mais estável, uma vez que o presidente Temer sobreviveu a uma votação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em junho e no Congresso em agosto, relacionado a corrupção”, afirmou a S&P.

Para o estrategista e economista para a América Latina do banco Crédit Agricole, Italo Lombardi, a decisão da S&P Global de manter o rating “é justa”, dadas as dificuldades econômicas que o País enfrenta, depois de ter passado por uma recessão muito profunda, que diminuiu o PIB entre 2015 e 2016 em quase 7,4% no total do período.“Tais revisões eram inevitáveis devido às condições de fraqueza da economia, o que abalou as receitas do Poder Executivo”, aponta Lombardi.

“Acho o déficit de R$ 159 bilhões ruim, mas menos traumático do que seria se o anúncio fosse de R$ 170 bilhões. As próprias agências de rating já tinham dado a deixa de que a chance de rebaixamento por conta de aumento de R$ 20 bilhões seria pequena”, reforça Alexandre Espírito Santo, economista da Órama.

Contas públicas

Para Sergio vale, adiamento da reforma da Previdência para 1º ano de um novo governo levará ao rebaixamento da nota do País Foto: Gabriela Biló/Estdão

O economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, diz que o aumento da meta fiscal acende o sinal amarelo para as agências de classificação de risco, mas o alerta vermelho só virá com a clareza de que a reforma da Previdência não será aprovada em 2017. Para ele, o adiamento dessa reforma para o primeiro ano de um novo governo levará ao rebaixamento praticamente imediato da nota de crédito do País pelas três principais agências. “A certeza de que a Previdência não vai passar agora vai fazer com que todas as agências baixem as notas do Brasil sem dor na consciência numa sinalização de que não se pode brincar com a questão fiscal.”

Na avaliação de Sérgio Werlang, ex-diretor de Política Econômica do Banco Central e atual assessor da presidência da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o Brasil caminha para uma situação das contas públicas que “daqui a pouco” pode se tornar insustentável. Para ele, governo de Michel Temer poderia ser mais agressivo no ajuste fiscal. “O ajuste precisa ser feito com pressa”, ressaltou.

Apesar da gravidade da questão fiscal, Werlang avalia que a situação não chegou ao limite, ou seja, ainda há tempo de se tomar medidas para ajustar as contas públicas. 
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