Economia

Principal efeito do adiamento da reforma é aumento de expectativas, diz Meirelles

De acordo com Meirelles, dado que o impacto da reforma da Previdência é no longo prazo, não faz diferença votar a reforma 60 dias antes ou depois

Meirelles reiterou que, se for aprovada a idade mínima de 65 anos - hoje é de 55 anos -, ela vai subindo ao longo de 20 anos

São Paulo - Para o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, a principal consequência do adiamento da reforma da Previdência para fevereiro é o aumento das expectativas. "Teremos agora 60 dias de dúvidas de ordem econômica e política", disse o ministro em entrevista ao "Jornal Gente" da Band FM, na manhã desta terça-feira, 19.

De acordo com Meirelles, dado que o impacto da reforma da Previdência é no longo prazo, não faz diferença votar a reforma 60 dias antes ou depois. "A grande questão agora é a dúvida sobre se a reforma será ou não aprovada. Mas o importante é que a sociedade entenda que a reforma é uma questão de números e não uma opção", disse o ministro.

Meirelles reiterou que, se for aprovada a idade mínima de 65 anos - hoje é de 55 anos -, ela vai subindo ao longo de 20 anos. "Esperamos que agora, com dois meses, o debate sobre a reforma da Previdência se aprofunde", comentou o ministro, para quem esse tempo poderá propiciar aos deputados mais condições para convencer o eleitorado, nas suas bases, sobre a necessidade da reforma.

Argentina

O ministro disse também que, apesar de reservar diferenças em relação ao projeto de reforma discutido no Brasil, a reforma da Previdência aprovada na Argentina poderá ajudar ao processo de convencimento da necessidade da reforma brasileira. "As distorções na Argentina são diferentes, mas é uma reforma da Previdência", disse.

Na avaliação do ministro, é importante que se diga que o Brasil está fazendo a sua reforma previdenciária no tempo e à hora certa, o que fará com que no Brasil a reforma não precisará ser dura como foi na Grécia, por exemplo, onde foram feitos 14 cortes nos valores dos benefícios. "Isso é um absurdo. Aqui vamos garantir a todos o direito de se aposentar", disse.

Negociações

Perguntado sobre se estaria disposto a negociar pontos do texto da reforma em janeiro e fazer mais algumas concessões, o ministro disse não haver negociações para o mês que vem. "O que haverá é esclarecimento da população sobre a necessidade da reforma", disse. O ministro disse também desconhecer um novo texto que, segundo a oposição, preserva e confere privilégios à determinadas categorias.

"Não conheço novo texto a que a oposição se refere. Eu conheço o texto do relator Arthur Maia que está proposto ao Congresso e não tem nada disso", refutou o ministro. Meirelles entende que o presidente Michel Temer, quando deixar o governo, terá elevado índice de aprovação popular por conta do crescimento da economia e das reformas que tem aprovado.

Tabela do IR

O ministro da Fazenda afirmou que o governo está estudando com rigor o reajuste da tabela do imposto de renda pessoa física, mas que, neste momento, tem que tomar cuidado, já que o ajuste fiscal é a "âncora da retomada da economia". "É importante dizer que o Brasil, neste momento, tem o ajuste fiscal como âncora da retomada. Só será necessário o tempo certo para tomar essa decisão que é uma questão de Justiça de reajuste da tabela do IR."

Ele também comentou sobre o chamado "descolamento" entre economia e política este ano. Segundo ele, esse é um processo mais usual do que parece. "O fato concreto é que a política econômica tem feito sucesso e tem sido aplicada de forma consistente. Em períodos anteriores, mesmo com calmaria política, medidas econômicas equivocadas levaram à crise", argumentou.

Entre os indicadores que dão certa tranquilidade, está o setor externo, confirmou o ministro ao ser questionado na entrevista. "As reservas do BC e as exportações recordes fazem com que a frente externa tenha ponto de estabilidade", disse, completando que esse fator contribui para recuperação da economia.

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