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Mocidade e Vai-Vai são as favoritas ao título do carnaval de São Paulo

Outras escolas também se destacaram. A Gaviões da Fiel fez uma apresentação luxuosa e a Império de Casa Verde também surpreendeu e emocionou os foliões

A segunda noite de desfiles do Grupo Especial de São Paulo foi marcada pela emoção. Teve a felicidade de Marília Pera ao ser homenageada pela Mocidade Alegre, a tensão da Tatuapé, que estourou o tempo em um minuto, e a euforia da Vai-Vai, que levantou o sambódromo inteiro com um samba contagiante.

A Mocidade, atual tricampeã do Carnaval paulistano, pisou na avenida determinada a faturar o quarto título consecutivo. Para isso, apostou em um enredo bem amarrado, em acabamentos impecáveis, na ousadia da rainha Aline Oliveira, que chegou a trocar de figurino na avenida, e no show da bateria Ritmo Puro.

A Vai-Vai, por sua vez, se consagrou com um desfile memorável que, independente de resultado, entrou para a história do Carnaval paulistano. A escola homenageou Elis Regina, trouxe os filhos da cantora para a avenida e relembrou sucessos eternizados na voz da maior intérprete brasileira da história.

Mas outras escolas também se destacaram. A Gaviões da Fiel fez uma apresentação luxuosa, com direito a irreverência na comissão de frente e carros impressionantes. Já a Império de Casa Verde surpreendeu e emocionou ao falar de sonhadores, com destaque para o intérprete Carlos Jr. e a bateria comandada por mestre Zoinho. Veja como foram os desfiles:

Vila Maria leva vulcão para a avenida

Comissão de frente da Vila Maria levou uma briga de gangues para a avenidaPaulo Pinto/LIGASP/Fotos Públicas

A Unidos de Vila Maria que voltou ao grupo especial neste ano conquistou o público. Do grupo abre-alas, onde rodava um automóvel Ford 1936, até as alegorias da última ala ganharam muitos aplausos.

A plateia, que lotou as arquibancadas, cantou e aplaudiu em vários momentos. Um vulcão em erupção apareceu na segunda alegoria. A lava era feita por acrobatas que desciam e subiam uma escada.

A encenação da cena de Jack e Rose no filme Titanic, quando ela diz que está "voando" foi realizada na terceira alegoria e levantou o público. A transformação de uma lagarta em borboleta no quarto carro também foi aplaudida.

Gaviões da Fiel entra na avenida para jogada de mestre

Abre-alas da escola trouxe um gavião em forma de coringa. Foto: Robson Fernandjes/LIGASP/Fotos Públicas

A Gaviões da Fiel, quatro vezes campeã, levou para a avenida o enredo "No jogo enigmático das cartas, desvendem os mistérios e façam suas apostas, pois a sorte está lançada!".

A escola trouxe alguns destaques que encantaram a plateia, que respondia balançando bandeiras numa alegoria espontânea e muito bonita.

A atriz Thaila Ayala veio à frente de uma ala formada apenas por crianças, situação rara na avenida. Geralmente os sambistas mirins vêm nos carros alegóricos. A celebridade Sabrina Sato cumpriu seu papel e brilhou como madrinha da bateria e em uma fantasia nas cores da escola.

Em pleno desfile, um sinalizador atirado da arquibancada na avenida quase atrapalhou a evolução da comissão de frente da Gaviões da Fiel. O item chegou à passarela ainda aceso, com chamas que quase atingiram as cartas de baralho gigantes trazidas pelos integrantes da comissão. O artefato se apagou rapidamente, e ninguém se feriu.

No ano passado, a Gaviões ficou em 10º lugar com uma homenagem ao ex-jogador Ronaldo Fenômeno.

A escola do Bom Retiro foi a segunda a desfilar neste sábado, 14, mostrou a evolução do popular jogo de cartas, os cassinos luxuosos, os mágicos que fazem truques usando as cartas do baralho, além dos enigmáticos Tarô e Baralho Cigano.

Mocidade Alegre contou trajetória de Marília Pêra

Marília Pera foi a homenageada pela Mocidade Alegre. Foto: LigaSP/ Fotos Públicas

A Mocidade Alegre, terceira escola a desfilar, encerrou seu desfile em busca do quarto título consecutivo do carnaval de São Paulo com o carro alegórico que trouxe a homenageada pela escola, a atriz Marília Pêra, junto com amigos artistas como Ney Latorraca, Arlete Salles e Leona Cavalli. "Tomara que minha história tenha servido para ajudar essa escola", disse Marília ao fim do desfile.

O atual trabalho de Marília, a série Pé na Cova, na TV Globo, foi retratado na quarta alegoria, que teve caveiras mexicanas com LED nos olhos. Aline Oliveira, rainha de bateria da Mocidade, apareceu dentro de uma estrutura cilíndrica que sobe e desce. E ao contrário das demais rainhas, ela não sambou à frente da bateria no recuo.

Com fantasias trabalhadas com pedrarias, a comissão de frente da Mocidade Alegre encantou o público pelo luxo e pela sincronia. Uma caixinha de joias acompanhou os dançarinos com efeitos luminosos e faíscas. A atuação de Marília Pêra como bailarina foi representada por uma passista em um carrinho dentro da primeira ala. Já a ala Incidente em Antares se inspirou na obra de Érico Veríssimo e lembrou minissérie da Rede Globo.

Em dourado forte, o abre alas da Mocidade teve rodas e torres giratórias e fez referência a deuses da mitologia clássica. Segundo o carnavalesco Sidnei França, a ideia foi retratar as inspirações artísticas de Marília Pêra.

Vale destacar que uma letra de um dos carros alegóricos da Mocidade descolou do painel e acabou ficando pendurado. Assim, a escola pode ser penalizada no quesito alegoria.

A Mocidade Alegra adotou uma estratégia para garantir os pontos de evolução e harmonia. Integrantes ficaram nas laterais da avenida com cartazes que trouxeram a frase: "Atenção! O desfile não acabou. Faltam 6 torres de jurados. Cante e evolua com muita animação".

A escola da zona norte busca mais um título com o enredo "Nos Palcos da Vida, Uma Vida no Palco... Marília!". Conhecida por enredos abstratos, desta vez a Mocidade optou por destacar a trajetória da atriz, que também é cantora, bailarina, diretora, produtora e coreógrafa. Em sua carreira, Marília Pêra coleciona trabalhos no cinema, teatro e televisão. A artista vai desfilar no quinto carro alegórico da escola.

Império da Casa Verde termina desfile no limite de tempo

Império supera expectativas e emociona com enredo sobre sonhadores. Foto: R7

A Império de Casa Verde encerrou seu desfile, no limite do tempo máximo de 65 minutos. A escola qual usou muitas cores para retratar os sonhos que mudaram o mundo. Com o enredo "Sonhadores do mundo inteiro: uni-vos!", a agremiação apostou nos ideais de personalidades como Nelson Mandela, Martin Luther King, Bob Marley e Salvador Dalí, entre outros.

O quarto e penúltimo carro da Império de Casa Verde entrou na dispersão com 58 minutos de desfile. O último carro alegórico da agremiação chegou ao fim da avenida praticamente no limite do tempo, aos 65 minutos de desfile.

Com comissão de frente que reproduziu personagens do universo infantil, a Império de Casa Verde, quarta escola a se apresentar nesta última noite de desfiles do Grupo Especial da São Paulo, foi a terceira agremiação a usar o conto Alice no País das Maravilhas no desfile de 2015. A Rosas de Ouro e a Gaviões da Fiel também fizeram referência à história.

A Império também levou para a avenida personagens da Disney e contos de fadas, além de Monteiro Lobato com alas de Emílias e Viscondes. O segundo carro alegórico da Império de Casa Verde, por exemplo, foi um castelo feito de doces, como o da história João e Maria. A ala das baianas usou fantasias de borboletas.

O terceiro carro alegórico da Império retratou figuras que lutaram pelo sonho da paz e da igualdade, como Nelson Mandela e Zumbi dos Palmares. Boa parte das alas da Império de Casa Verde teve coreografia. Giros, passos de reggae e chamadas ao público foram alguns dos recursos usados na dança.

Fundada em 1994, a escola da zona norte de São Paulo foi vice-campeã do Grupo de Acesso em 2002 e bicampeã do Grupo Especial em 2006. Em 2014, a agremiação ficou em 8º lugar, com um enredo sobre sustentabilidade. Pelo quarto ano consecutivo, Valeska Reis é a rainha da bateria liderada pelo mestre Zoinho. Ana Beatriz Godoi é a musa da agremiação.

Cronômetro marca 66 minutos e Tatuapé estoura tempo

Comissão de frente da Acadêmicos do Tatuapé representou o Egito. Foto: LigaSP/ Fotos Públicas ​

Puxado pela cantora Leci Brandão e com o samba-enredo "Ouro, símbolo da riqueza e da ambição", o Acadêmicos do Tatuapé, encerrou seu desfile com alguma tensão por parte de seus integrantes, uma vez que a escola foi a primeira desta última noite de desfiles do Grupo Especial de São Paulo a ultrapassar o limite de 65 minutos para atravessar a avenida. O portão ainda não havia fechado completamente minutos depois de os integrantes cruzarem a linha final, mas o cronômetro zerado marcou o fim do desfile aos 66 minutos.

O tatu, símbolo da Acadêmicos do Tatuapé, adornou a última alegoria, que teve como tema os prêmios que são feitos utilizando o metal. Houve referências ao Oscar e às medalhas olímpicas. O lado lúdico do ouro apareceu na quarta alegoria da escola, que mostrou o personagem Tio Patinhas com suas preciosas moedas douradas. A galinha dos ovos de ouro também foi lembrada no carro, que trouxe a ala das crianças.

A bateria da Acadêmicos do Tatuapé representou o pote de ouro no final do arco-íris. A escola da zona leste de São Paulo contou a história do ouro e suas diversas representações. Abordou desde a descoberta até as ostentações e conquistas nos dias de hoje (bodas de ouro, disco de ouro, troféu Oscar, bola de ouro, Palma de ouro, medalha de ouro).

A Acadêmicos totalizou 3 mil integrantes, divididos em quatro setores e 19 alas. Alguns integrantes tiveram problemas com as fantasias. Um dos componentes, vestido de Fauno, ficou sem parte da fantasia. As asas estavam tortas desde o início da apresentação e foram rapidamente recolhidas. Na frente da bateria, os chifres usados por um passista ensaiaram cair. Ele não teve dúvida: segurou o adereço com a mão e continuou sambando.

A melhor colocação da agremiação no Grupo Especial foi em 2014, quando ficou em 6º lugar com um enredo sobre São Jorge guerreiro.

Vai-Vai traz carro abre-alas de 90 metros para desfile

Maria Rita abre o desfile da Vai-Vai na comissão de frente. Foto: LigaSP/ Fotos Públicas

Com 90 metros de comprimento, o carro abre-alas da Vai-Vai apresentou pequenos problemas para se manter alinhado, mas os integrantes conseguem conduzi-lo. A alegoria é dividida em quatro partes. Uma delas lembra a música Arrastão, primeiro sucesso de Elis, em 1965. Muitos integrantes da escola ajudam a empurrar o imenso carro.

Segundo o carnavalesco da Vai-Vai, André Marins, o abre-alas da escola, de 90 metros de comprimento, é o maior carro alegórico que já passou pelo Anhembi. "As gigantes estruturas de homens montados em cavalos mostram a cavalgada dos pampas, representando a vinda desse furacão chamado Elis do Rio Grande do Sul para o Brasil e para o mundo."

Com Maria Rita na comissão de frente, a Vai-Vai começou a apresentar seu desfile sobre Elis Regina às 5h07 com participação emocionante do público, que acena bandeiras e canta alto o samba. O ex jogador de futebol Cafu vem à frente da escola com a diretoria.

O segundo carro da Vai-Vai traz Luciana Melo e Jair Rodrigues, o Jairzinho, como destaques. O carro deles tem referências aos anos 60. E assim como a Império de Casa Verde, a Vai-Vai também traz uma ala formada somente por crianças.

A Comissão de frente mostra as diferentes fases de Elis Regina em 15 figurinos, com Maria Rita à frente. Para empurrar a Vai-Vai na avenida, o público do Anhembi recebeu, além de bandeiras, máscaras da cantora Elis Regina, homenageada pela agremiação do Bexiga.

X-9 encerra desfile destacando importância da água

Abre-alas da X-9 representou o dilúvio. Foto: Paulo Pinto/LIGASP/Fotos Públicas

Em época de crise hídrica, o enredo da X-9 Paulista, última escola a desfilar no Grupo Especial de São Paulo, não poderia trazer um tema mais propício: a chuva. Com o enredo "Sambando na chuva, num pé d'água ou na garoa. Sou a X-9 numa boa", a agremiação tratou dos mais diversos assuntos ligados à água. A tempestade que caiu durante o desfile da escola no ano passado serviu de inspiração para o samba deste ano. O desfile abordou diretamente a crise hídrica vivida por São Paulo. "Esperar por providência divina?", questionou inscrição de carro alegórico do volume morto.

A X-9 apostou também conscientização: uma das últimas alegorias, ornamentada com duas toneladas de lixo, lembrou que é preciso fazer o descarte correto para evitar enchentes na cidade.

O abre-alas da X-9, por exemplo, repleto de neons azuis, retratou a Arca de Noé e o dilúvio. Liderada por Gracyanne Barbosa, a bateria da X-9 fez homenagem ao clássico do cinema, Cantando na Chuva.

Orixás ligados à chuva aparecem no segundo setor em alas e na segunda alegoria. Oxum, Iansã, Xangô, Nanã e Oxumaré estão entre as entidades representadas. Nas cores branca, lilás e dourada, a ala das baianas fez sua homenagem a esses orixás.

A seca do sertão também foi retratada em ala da X-9. As fantasias eram cactos e carcaça de gado - imagens comuns das regiões com pouca chuva. Reprodução do solo rachado na camisa dos integrantes foi outro detalhe interessante da fantasia.

Com informações do R7.

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