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Modelo de 'Aliados' é o clássico romântico Casablanca

Redação Folha Vitória

São Paulo - Num momento muito forte de Aliados, Marianne/Marion Cotillard está em pleno trabalho de parto. O mundo é um inferno. Londres bombardeada, explosões por todo lado. E Marianne solta a frase para o marido Max/Brad Pitt. "Look/veja. Essa sou eu de verdade, the real me." A frase, aparentemente disparatada, vai fazer sentido dali a pouco, quando o alto-comando chamar Max Vatan para confrontá-lo com a dura acusação - sua mulher pode ser uma espiã alemã.

Como? Mas se eles participaram de tantas missões juntos? Chegaram a matar um alto oficial alemão? Tudo tem explicação. Cria-se o suspense. Marianne é ou não é? Robert Zemeckis é um diretor irregular que, às vezes, desconcerta o cinéfilo que tenta seguir sua trajetória. São filmes muito diversos. Aventuras, dramas, filmes de rock, de ficção científica, de suspense sobrenatural, de animação. Tem até um vencedor do Oscar - Forrest Gump, o Contador de Histórias.

Aliados é o filme de guerra de Zemeckis. Seu modelo é o clássico romântico Casablanca, de Michael Curtiz, com a dupla Humphrey Bogart/Ingrid Bergman. Joanna Johnston foi indicada para o Oscar por seus figurinos, que são deslumbrantes. O filme é chique, glamouroso. Enche os olhos. Mas há um segundo filme, dentro desse primeiro. Na verdade, um outro filme que desconstrói o glamour. O ideal seria ver duas ou três vezes Aliados, como já fez o repórter. Na hora em que mata o oficial nazista, Marianne troca um olhar com a mulher dele. Por quê? Que mulher é essa? Em algum momento é sincera? Quando? Toda a construção dramática de Aliados oculta uma desconstrução. O filme à moda antiga é, na verdade, pós-moderno. Dois em um. Um filme de roteirista, que avança a trama. E outro de diretor, dizendo para o espectador que não é nada disso.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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