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Cordão do Bola Preta reúne 1,5 milhões de pessoas nas ruas do Rio

O cortejo teve início com um Parabéns pra você!, seguido de Cidade Maravilhosa, samba que é conhecido como um hino popular do Rio de Janeiro

O centro do Rio de Janeiro foi tomado hoje (10) pela multidão. O Cordão da Bola Preta, o maior e mais antigo bloco da cidade, completa, em 2018, os seus 100 anos de história. Pouco após as 10h da manhã o desfile do bloco teve início com cinco carros de som . Os organizadores estimam um público de  1,5 milhões de pessoas.

O cortejo teve início com um Parabéns pra você!, seguido de Cidade Maravilhosa, samba que é conhecido como um hino popular do Rio de Janeiro. Já bastante animados, foliões fiéis ao bloco ficaram ainda mais agitados ao início da terceira canção: a Marcha do Cordão da Bola Preta, composta Nelson Barbosa e Vicente Paiva e considerada o hino do bloco. "Quem não chora não mama, segura meu bem a chupeta. Lugar quente é na cama ou então no Bola Preta", diz o refrão.

"É o melhor e mais animado bloco do Brasil", se emocionou Cátia Guimarães, motorista de van escolar que integrava uma turma de mulheres fantasiadas de cozinheiras, em trajes nas cores do Bola Preta: preto e branco. "A ideia surgiu porque é um bloco que reúne as famílias. Então, tem que ter o tempero das cozinheiras. Todos os anos nós viemos assim. Mudamos apenas detalhes e os temas do avental", disse.

Em cima do carro de som, iam distribuindo acenos os famosos que acompanham o Cordão da Bola Preta. A rainha do centésimo desfile é a atriz Cris Vianna. Junto a ela, estavam a cantora Maria Rita, madrinha, e a também atriz Leandra Leal, porta-estandarte há 10 anos. O padrinho é o Neguinho da Beija-Flor.

"Eu amo carnaval. Para mim, é a melhor época do ano, mais até do que o aniversário ou o réveillon. Eu emendo, de bloco em bloco. Você vê as pessoas celebrando, sonhando, se divertindo. Você vê a avó pulando junto com os filhos e os netos. Eu acredito na magia do carnaval. E estar aqui no centenário deste, que é o meu bloco desde criança, é especial. Acho que vou chorar muito", dizia Leandra Leal, antes de subir no carro.

História

O Cordão da Bola Preta foi fundado em 1918 e é o último representante remanescente dos antigos cordões carnavalescos que existiam no Rio de Janeiro, no início do século 20. O bloco atravessou os seus 100 anos trazendo uma história de resistência. Já na sua estreia, em uma época de repressão ao carnaval, autoridades policiais chegaram a tentar impedir o desfile.

O Cordão da Bola Preta também sobreviveu a uma época de escassez de blocos de rua. "Na década de 90, havia pouquíssimos blocos e o Bola Preta era praticamente o único que desfilava no centro do Rio de Janeiro. É difícil chegar a 100 anos. Nós chegamos. Passamos alguns momentos de muita dificuldade, mas em nenhum momento nos curvamos", lembra o presidente.

Outro segredo da longevidade foi o apego à tradição e o compromisso com um dos principais objetivos dos fundadores: preservar a música do carnaval. "Valorizamos as marchinhas, o samba-enredo, e isso faz a nossa potência. O Bola Preta nunca se enveredou por outros ritmos, o que poderia decretar o seu final porque perderia sua identidade", acrescentou o presidente do bloco.

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