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Premiação de latinos marca a 90ª cerimônia do Oscar

Redação Folha Vitória

Ao contrário do tapete vermelho do Globo de Ouro, marcado pelo preto dos protestos dos movimentos #MeToo e Time's Up, o da 90.ª festa do Oscar pautou-se pelo colorido. Sempre irreverente, o apresentador Jimmy Kimmel abriu o show dizendo por que o Oscar - a estatueta - é o homem mais respeitado de Hollywood. Dá para ver onde estão suas mãos - e ele não tem pênis! O humor em tempos de assédio na indústria.

Essa abertura, digamos, provocadora não teve muita continuidade. Como a Academia queria, os discursos políticos não deram o tom desse Oscar. Em comparação com o Globo de Ouro, foi bem morno, pelo menos até que Salma Hayek, integrando um grupo de mulheres, destacou a importância do que está ocorrendo na indústria. Num clipe, Geena Davis lembrou Thelma e Louise. "Todo mundo pensava que o filme ia abrir um novo espaço para as mulheres em 1991. Isso está ocorrendo hoje."

E veio a celebração da cultura latina no palco do Dolby Theatre, com as vitórias do Chile, de Guillermo del Toro e de Viva - A Vida é Uma Festa. Prosseguiu com o Oscar de roteiro original para Jordan Peele, por Corra!, o primeiro negro a concorrer em filme, direção e script. Outro Oscar, de roteiro adaptado, para Me Chame Pelo Seu Nome, e James Ivory ressaltou a importância da diversidade sexual. Lembrou até seu companheiro, o falecido produtor Ismail Merchant. Talvez tenham sido esses momentos que fizeram a diferença nesse Oscar.

Os prêmios de coadjuvantes para Sam Rockwell (Três Anúncios Para Um Crime) e Allison Janney (Eu, Tonya) eram mais que esperados. Rockwell retratou-se nos bastidores. "Não podia ter me esquecido de agradecer a Philip Seymour Hoffman (que morreu em 2014). Ele foi inspirador para mim e todos da minha idade. Sua forma de interpretar e de dirigir mostravam que era um homem que acreditava e amava o cinema."

Gary Oldman e Frances McDormand, também favoritos, venceram como melhor ator e atriz por O Destino de Uma Nação e Três Anúncios Para Um Crime. Guillermo del Toro, outra barbada, foi melhor diretor por A Forma da Água. Warren Beatty e Faye Dunaway voltaram ao palco para apresentar melhor filme. Surpresa - foi A Forma da Água, que ganhou também melhor trilha e direção de arte. Kimmel saudou Gal Gadot, a Wonder Woman, e muita gente considera que o sucesso do filme, e da personagem, foi decisivo para a resistência das mulheres no ano passado.

Gal marcou presença mais pela beleza que pela veemência. Atribuiu o Oscar de maquiagem - para O Destino de Uma Nação. Uma lenda - Eva Marie Saint, atriz de Elia Kazan e Alfred Hitchcock - apresentou o Oscar de figurino, que só poderia ir para Trama Fantasma. E Kimmel continuou disparando sua metralhadora giratória de humor. A cada meia hora, Pantera Negra soma um milhão à sua renda - o que o qualifica para não concorrer a nada em 2019.

Duas mulheres maravilhosas, Laura Dern e Greta Gerwig, atribuíram o Oscar de documentário, que não foi para Agnès Varda, Visages Villages, mas para Icarus, da Netflix, sobre um ciclista amador envolvido num escândalo de doping.

Uma hora de cerimônia - começou pontualmente às 22h do Brasil - e a Academia se auto-homenageia. Arte, indústria, reconhecimento. Um clipe faz a síntese desses 90 gloriosos anos para falar de esperança. Já que o tema é sonho, o Oscar de efeitos visuais cai bem para o novo Blade Runner. Dunkirk vence os prêmios técnicos - melhor edição e mixagem de som, melhor montagem. A porto-riquenha Rita Moreno lembra Frank Capra, que dizia que existem três linguagens universais - música, matemática e cinema. E o Oscar de melhor filme estrangeiro vai para... Uma Mulher Fantástica. "Estou em Júpiter", disse o diretor Sebastián Lelio, na sala de imprensa. "Muito feliz pelo que o filme representa. Está conseguindo contribuir para uma conversa necessária e urgente."

O Chile entra no panteão do Oscar, e com um filme centrado numa personagem transgressora pelo simples fato de existir - a transexual interpretada por Daniela Vega, que apresentaria depois a canção de Me Chame Pelo Seu Nome. "Não existem pessoas ilegítimas", brada Lelio. Parte do elenco do maior sucesso do ano - Star Wars O Último Jedi - vem entregar o prêmio de curta de animação. Mark Hamill lembra o imbróglio do ano passado - "Não vamos trocar o envelope de La La Land?". O prêmio de longa de animação para Viva - A Vida É Uma Festa produz um simpático discurso em defesa dos imigrantes. Que viva México! Até Gael García Bernal cantou - o tema de Viva, claro.

Vencedores

- Filme

'A Forma da Água'

- Atriz

Frances McDormand

('Três Anúncios para um Crime')

- Ator

Gary Oldman

('O Destino de uma Nação')

- Atriz coadjuvante

Allison Janey

('Eu, Tonya')

- Ator coadjuvante

Sam Rockwell

('Três Anúncios para um Crime')

- Direção

Guillermo del Toro

('A Forma da Água')

- Roteiro original

Jordan Peele

('Corra!')

- Roteiro adaptado

James Ivory

('Me Chame Pelo Seu Nome')

- Filme estrangeiro

'Uma Mulher Fantástica' (Chile)

- Animação

'Viva: A Vida é uma Festa'

- Documentário

'ícaro'

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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