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Grande nome da nova geração, o pianista Cristian Budu faz recital solo

Redação Folha Vitória

Quando, há cinco anos, o pianista Cristian Budu venceu o Concurso Clara Haskil, um dos mais importantes do mundo, na Suíça, suspeitou que muito mudaria - mas não tinha ideia de quanto. De lá para cá, percorreu o Brasil como solista das principais orquestras do País, sem abrir mão da música de câmara; gravou o primeiro disco, elogiado pela crítica internacional; casou-se, mudou-se para Berlim. E, em meio a uma agenda atribulada, faz neste domingo jornada dupla em São Paulo: de manhã, toca com a Orquestra Experimental de Repertório no Teatro Municipal e, à noite, oferece recital na Tupi or Not Tupi, abrindo série de concertos da casa de shows na Vila Madalena.

"É interessante a ideia de poder tocar em um espaço como esse, estar junto de forma diferente com o público, apresentar obras e autores a pessoas que não têm necessariamente contato com esse tipo de música", ele diz à reportagem. Foi por conta disso que, apesar de em um primeiro momento ter pensado em repertório que misturasse o erudito e o popular, acabou optando por Beethoven e Chopin. "São obras geniais e será interessante também poder conversar com o público sobre elas."

Budu nasceu em São Paulo, onde estudou na USP. Venceu em 2010 o Concurso Nelson Freire e mudou-se para os EUA, para estudar no New England Conservatory. Em 2013, a vitória no Clara Haskil abriu as portas do mercado internacional. Com o tempo, veio a mudança para Berlim. E o primeiro disco, com as Bagatelas de Beethoven (que a revista Gramophone considerou como uma das mais interessantes gravações recentes de obras do compositor) e os 24 prelúdios de Chopin (definidos pela revista como um dos dez melhores de todos os tempos).

A presença de Budu, hoje com 30 anos, em uma nova série como a da Tupi or not tupi não é surpreendente. Boa parte de sua trajetória tem sido dedicada à defesa de novos espaços para a música clássica - e, em especial, a de câmara. Com esse objetivo criou o projeto Pianosofia, que leva recitais à casa das pessoas, reunindo músicos da nova geração em torno do prazer de fazer música e oferecê-la a plateias cada vez maiores. Não se trata só de um projeto musical. Talvez seja melhor falar em uma outra percepção do ato de fazer música. "Há uma infindável beleza em sentir cada músico tocando sua parte. A real música de câmara traz à tona esses valores artísticos e humanos. E é deles que tratamos no Pianosofia."

Esse olhar humanista para o trabalho do músico é uma marca do intérprete que Budu se tornou - assim como a capacidade de revelar possibilidades de escutas novas para as peças que aborda. No Municipal, ele vai tocar, com regência de Jamil Maluf, o Concerto n.º 2 de Rachmaninov, talvez o mais célebre entre os concertos para piano e orquestra. "Há oito anos não toco esse concerto e percebo que meu olhar mudou. Sinto como se estivesse mergulhando em um mar do qual jamais vou conseguir sair. É um maremoto de ideias musicais. Mas, ao mesmo tempo, há uma arquitetura clara. Enquanto sou levado pela intensidade da partitura, me desafio a encontrar uma objetividade também no modo de recriá-la."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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