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Banda inglesa Temples vem a SP para show

Redação Folha Vitória

São Paulo - A temporada de shows de bandas psicodélicas estrangeiras por São Paulo em maio chega ao fim neste sábado, 16, com a mais promissora delas. Depois das passagens de Horrors (Audio Club, no dia 5) e Allah-Las (Sesc Pompeia, 14), é a vez do Temples estrear pela capital com um único disco, Sun Structures, e alguns fãs famosos: Noel Gallagher, Johnny Marr (ex-The Smiths), Donovan e Robert Wyatt.

Uma das metades criativas do Oasis, o cantor e compositor de Manchester reclamou (como sempre) sobre a falta de espaço que bandas independentes em rádios britânicas do mainstream. Citou duas delas: Jagwa Ma e Temples. A segunda, formada por James Edward Bagshaw (voz e guitarra), Thomas Edison James Walmsley (baixo e voz), Samuel Lloyd Toms (bateria) e Adam Thomas Smith (teclado), tem apenas três anos e é apontada como uma das mais promissoras do gênero.

Psicodelia é a palavra da moda na música alternativa dos anos 2010, assim como, na década passada, era o rock de garagem. Agora, não se soa distorcido e propositalmente (ou não) lo-fi. Os ouvidos estão atentos a viagens alucinógenas promovidas por guitarras bêbadas por efeitos, vocais que ecoam por vielas coloridas e versos distantes. E, diferentemente do Tame Impala, grande epicentro midiático da atual revolução guitarrística, os quatro garotos do Temples têm estilo - como bons ingleses que são.

Saído de Kettering, cidade de 60 mil habitantes a 130 km ao norte de Londres, o quarteto que se apresenta no Estúdio, como atração do Club NME, parece ter saído de alguma imagem dos arquivos do fim dos anos 1960. Tem algo do hippie relaxado dos EUA aliado ao estilo bem-comportado britânico. A cabeleira cheia de Bagshaw é algo tão icônico que é difícil esquecer.

Bagshaw, aliás, é um reflexo dos novos tempos da música. Em 2006, outra banda

dele, a Sukie, figurou no topo das paradas indies com o single Pink-A-Pade. O grupo soava como a época, com os volumes das guitarras além dos limites e urros dos dois vocalistas. Seis anos e uma virada de década depois, Bagshaw encontrou em Walmsley a cara-metade para criar a sonoridade ouvida no Temples atualmente.

"A música funciona como ciclo que se renova a cada década, desde os anos 1960", diz Walmsley, em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, por telefone. "Sempre há um revival de uma época, de um sentimento que movimenta a música. Há dez anos, a guitarra era a coisa mais popular. Agora, há festival de música psicodélica pelo mundo todo."

O curioso é que os dois se encontraram porque Walmsley conheceu Bagshaw enquanto escrevia uma reportagem sobre a cena musical de Kettering. A dupla se juntou para gravar algumas faixas para o YouTube. Foi o suficiente para chamar a atenção de Jeff Barrett, fundador da gravadora Heavenly Records, e lançar o single Shelter Song, grande hit do grupo, em 2012. "Sem dúvida, agora, é muito mais fácil encontrar bandas novas na internet. É tudo muito acessível", afirma Walmsley.

"São sensações da música ao vivo que não se consegue replicar no estúdio, ou quando se ouve em casa." O Temples prepara o segundo disco capaz de soar mais ao vivo do que o debute. "No primeiro álbum, gravamos antes de sair em turnê. Desta vez, será o oposto", avisa Walmsley.

É algo que alguém como Noel Gallagher parece não entender. Essa geração de bandas nascidas quando o Oasis já havia chegado ao fim sobrevive em um hábitat único no qual as próprias rádios mainstream são desnecessárias para a sobrevivência. Quando o Oasis despontou, era essencial. Atualmente, não. Uma turnê pela América Latina, como experimentam Horrors, Allah-Las e Temples, é só mais um exemplo disso, embora toda a ajuda seja bem-vinda. "É ótimo ter uma boa recepção, saber que as pessoas estão gostando do que fazemos, mas ainda somos uma banda nova. Estamos animados com o que temos pela frente." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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