Entretenimento e Cultura

Mesa sobre quadrinhos da Bienal recebe ex-Casseta Reinaldo Figueiredo

O carioca, que é cartunista, participa do evento neste sábado (19)


Convidado à 7ª Bienal Rubem Braga, realizada nesta semana em Cachoeiro de Itapemirim, para participar da mesa “Falando de quadrinhos”, o cartunista carioca Reinaldo Figueiredo certamente terá muito a dizer para a plateia.

A mesa-redonda com a presença dele será neste sábado (19), a partir das 14h, no auditório Marco Antonio de Carvalho, e terá, também, as participações do editor Artur Moraes, de São Paulo, e do ilustrador e quadrinista Pericles Junior, o PJ, do Rio de Janeiro.

Conhecido nacionalmente por ter sido um dos integrantes do Casseta & Planeta, programa de humor da TV Globo que marcou parte da geração que cresceu entre as décadas de 1990 e 2000, Reinaldo possui mais de 40 anos de experiência no ofício das artes gráficas.

Começou a trabalhar como cartunista e ilustrador no semanário de humor "O Pasquim", onde ficou de 1974 a 1985. Em 1984, junto com Hubert e Claudio Paiva, criou o tablóide mensal "O Planeta Diário", que depois juntou-se à turma da revista "Casseta Popular", dos amigos Beto Silva, Hélio de La Peña, Marcelo Madureira, Claudio Manoel e Bussunda, para formar o grupo Casseta & Planeta.

Militando no cartunismo, lançou quatro livros: Escândalos Ilustrados (1984), Desenhos de Humor (2007), Noites de Autógrafos (2010) e A Arte de Zoar (2014). Atualmente é colaborador de publicações como os jornais Folha de S. Paulo, O Globo e a Revista Piauí.

Na entrevista a seguir, dentre outros assuntos, Reinaldo conta um pouco de sua trajetória e trata, ainda, de questões acerca da nona arte. Confira:

Na comparação com a época em que você atuou no jornal O Pasquim, como é a censura hoje aos quadrinhos de humor ou de crítica social?

Felizmente hoje não existe censura. No tempo da ditadura militar existia a censura oficial... Era uma instituição federal, com uma equipe de censores que liam tudo antes de ser publicado. E no caso dos desenhos era ainda pior: os desenhos vinham de lá rabiscados, com um enorme x por cima, e às vezes, para não haver dúvida, a palavra VETADO escrita embaixo, em letras enormes. O que existe hoje não pode ser chamado de censura. Hoje o que a gente vê são patrulhamentos radicais, que às vezes conseguem atrapalhar muito a liberdade de expressão.

A série de tirinhas “ET de Varginha vs Chupacabra” faz muitas referências a personagens populares da editora DC. Como é a sua ligação com esse tipo de quadrinhos? De que modo esses heróis influenciam seu trabalho hoje e no início?

Eu uso esses elementos das histórias em quadrinhos de super-heróis só como um ponto de partida, porque eles são uma espécie de mitologia moderna que todo mundo entende. Mas, na verdade, eu nunca gostei muito de super-heróis... A minha praia sempre foi mais as HQs de humor. O super-herói que eu mais gostava era o Homem Elástico (Plastic Man), que na primeira versão para quadrinhos era um personagem totalmente cômico e grotesco.

O que você levou dos quadrinhos para o Casseta & Planeta? E o que você traz do programa hoje para tuas produções?

Antes do Casseta & Planeta eu era do Planeta Diário. Por acaso, isso também foi inspirado pelo universo do Super Homem (Planeta Diário era o jornal onde trabalhava o Clark Kent). Nós usamos o personagem Perry White como dono do nosso jornal... Mas isso é uma longa e emocionante história que eu vou contar quando estiver aí... Do programa Casseta & Planeta eu acabei herdando o personagem do ET de Varginha, que na verdade não tem dono. Ele é parte do nosso folclore urbano e espacial.

Temos exemplos também recentes de romances clássicos adaptados à linguagem dos quadrinhos. Quais contribuições esse diálogo entre os formatos oferece para os mais novos e os mais antigos leitores?

Essas adaptações são uma das coisas mais difíceis de fazer. É mais ou menos como adaptar um clássico da literatura para o cinema. Às vezes dá certo. A vantagem é que assim, pelo menos, as pessoas tomam conhecimento de autores que poderiam estar totalmente esquecidos. Prefiro as histórias em quadrinhos com roteiros originais. Mas me lembro agora de uma adaptação que gostei muito, O Ateneu, de Raul Pompeia, adaptado para os quadrinhos por Marcello Quintanilha.

Como tem sido nos últimos anos a participação da nona arte em eventos literários?

Felizmente, parece que cada vez mais os leitores estão vendo os quadrinhos como uma forma de literatura, uma literatura um pouco diferente que também inclui desenhos e artes gráficas, uma mistura de linguagens. E é mais ou menos isso. Os quadrinhos não são mais uma coisa para crianças. É uma linguagem que está evoluindo e ainda vai dar muito caldo…

- Confira a programação completa da Bienal Rubem Braga e se inscreva nas atividades: bienalrubembraga.cachoeiro.es.gov.br

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