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'O Leão no Inverno' foi mal recebido pela crítica em sua estreia

Redação Folha Vitória

Desde sua estreia, em 1968, o filme O Leão no Inverno alcançou um grande sucesso de bilheteria, arrecadando cinco vezes mais do que seu orçamento de

US$ 4 milhões. O prestígio junto ao público, no entanto, não se repetiu entre os críticos da época, que consideraram o longa de Anthony Harvey uma cópia de A Caldeira do Diabo, exibido dez anos antes - ambos mostram familiares se engalfinhando verbalmente.

O Leão no Inverno foi um dos últimos filmes criados a partir de uma fórmula antiga de produção a conquistar sucesso. Logo em seguida, longas como Bonnie & Clyde e A Primeira Noite de um Homem, com seu orçamento mais enxuto e roteiro antenado com os anseios do momento, ajudaram a derrubar a chamada velha Hollywood, formada pelos grandes estúdios, que logo abriram falência.

O filme de Harvey conquistou ainda três estatuetas na festa do Oscar: roteiro adaptado (James Goldman, também autor da peça que inspirou a versão), trilha sonora (John Barry, cujo tema de abertura tornou-se um clássico) e atriz (Katharine Hepburn, recebendo seu terceiro Oscar, em noite que dividiu o prêmio com Barbra Streisand, por Funny Girl).

Katharine, aliás, divertiu-se muito durante as filmagens, como conta em sua autobiografia Eu. Lá, relata as brincadeiras no set promovidas por Peter O'Toole, responsável pela estreia no cinema de Antony Hopkins - o veterano ator ficou assombrado com o talento do jovem em trabalhos no teatro. Outro estreante foi o jovem Timothy Dalton, exibindo aqui uma beleza estonteante.

Foi graças ao talento de Dalton e Hopkins, aliás que uma das cenas do filme se tornou célebre. É a que mostra, durante uma reunião para tramar contra o rei da Inglaterra, a paixão ainda incontida de Richard (Hopkins) pelo rei da França, Felipe II. Antes de abertamente revelado, o amor de ambos é mostrado por olhares e pequenos toques.

O cineasta Anthony Harvey, que morreu em dezembro, aos 87 anos, estreou como diretor em Dutchman, de 1966, mas foi com o filme seguinte, O Leão no Inverno, que se tornou mais conhecido. Não se tratava, porém, de um iniciante - Harvey foi um exímio montador, trabalhando na montagem de longas como Papai é um Nudista (1959) e O Espião Que Saiu do Frio (1965), mas principalmente de Lolita (1962) e Dr. Fantástico (1964), ambos dirigidos por Stanley Kubrick. Reza a lenda que, cansado de discutir com Harvey, Kubrick o demitiu e o incentivou a começar dirigir, "para deixar de ser chato na sala de montagem".

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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