Ator carioca grava filme em Guarapari
Roberto Rowntree está na cidade e no elenco de “Cemitério das Almas Perdidas” do cineasta de Guarapari, Rodrigo Aragão.
Com mais de 20 anos de carreira, o ator, produtor, diretor e apresentador ganhou visibilidade quando atuou em novelas de grande repercussão e com personagens em programas humorísticos da TV. Atento ao mercado e às novas possibilidades, Roberto Rowntree começou a trilhar pelo caminho do cinema independente com muito afinco. Talvez por isso ainda não tenha conseguido parar e contabilizar em quantos filmes já atuou.
Roberto chegou ao Estado, mais precisamente em Guarapari, no último dia 10. Desde então, cumpre a agenda de gravações da mais recente produção do cineasta da cidade Rodrigo Aragão, conhecido e reconhecido no gênero fantasia, misturando magia, lendas e fábulas interioranas. No filme “Cemitério das Almas Perdidas”, Rowntree interpreta um guerreiro espanhol e as gravações acontecem em praias da região. Ele conversou conosco sobre esse trabalho, a carreira e a impressão que teve da cidade. O resultado você confere na entrevista a seguir:
Carolina Brasil: O que achou de Guarapari até agora, já conseguiu “turistar”?
Roberto Rowntree: Não consegui, mas o local é muito bonito e o tempo todo durante o caminho que fazemos até os locais de gravação me surpreendendo com tantas belezas e paisagens. O pouco tempo que eu tenho livre eu descanso, saio para comer, tenho ido malhar um pouco e eu senti as pessoas aqui muito amáveis. Estou adorando, todo mundo me tratando muito bem, com o maior carinho. Posso dizer que a comida aqui é muito boa, provei a moqueca e o peroá.
CB: Como é o seu personagem e como estão gravações aqui?
RR: O meu personagem é bem legal, um guerreiro espanhol que se mistura com várias culturas, como portugueses e índios. Sou da turma dos vilões, da galera do mau. Como guerreiro, tenho uma espada que faço questão de destaca. Toda equipe está de parabéns é uma arma grande e foi muito bem confeccionada. (A voz rouca, após gravações de cenas de guerra que foram até às 3h da manhã do mesmo dia, indicava o ritmo de trabalho).
CB: E o que você pode falar do filme?
RR: O filme se passa na época do descobrimento do Brasil e, mesmo sendo um filme de fantasia, tem um historiador para contextualizar esse período e isso é muito bacana para que a gente consiga reproduzir todo cenário como era. Eu já faço cinema há bastante tempo, venho fazendo um filme atrás do outro e nunca tinha estado em um com essa reconstituição de época e é maravilhoso porque a gente se sente lá. As pessoas vão se surpreender, é um baita filme, sensacional, os cenários estão incríveis, a gente vê que o Rodrigo faz o trabalho dele com muito amor e essa é a chave do sucesso, percebo em cada gesto, em cada ação dele no set o amor que ele tem pela obra.
CB: Para você, como é trilhar esse caminho do cinema independente?
RR: O cinema independente está crescendo muito no Brasil inteiro. E esse é o caminho que eu tenho feito nos últimos anos, foi a minha escolha. Terminando esse, eu tenho mais dois ainda este ano. Consegui me tornar parte desse movimento, diretores e roteiristas me conhecem, me chamam e tem um respeito mútuo, até porque eu apostei nisso quando ninguém estava apostando. Participo de festivais, já fui jurado em alguns e estou nesse circuito onde tive a chance de fazer terror, comédia, ficção e personagens como o pescador, o alcóolatra, o homossexual e diversos outros.
CB: E onde o cinema independente ainda pode chegar?
RR: Eu acho que não tem como conter esse movimento e o crescimento da cena independente nacional é algo assustador. Você vê as pessoas fazendo com garra, com determinação e não tem como ficar restrito a um pequeno grupo. São filmes considerados de “baixo orçamento” que não perdem em nada em qualidade e técnica para os grandes filmes do chamado “circuitão”.
CB: Você tem uma produtora...
RR: Sim, Animal Filmes. Eu também produzo e dirijo. Meu sócio e eu temos dois longas-metragens e acabamos de rodar o “Estação Rock” com um baita elenco.
CB: Também atua no filme?
RR: Também (risos), mas é muito desgastante produzir e atuar. Não á algo que eu quero fazer o tempo todo.
CB: É fácil não interferir como produtor e diretor quando está atuando?
RR: No caso do filme de outro diretor, eu respeito muito, mas a gente conversa. Ontem mesmo eu bati um papo com Rodrigo, mas eu respeito muito a obra do outro, cada um tem um carinho especial pelo que está fazendo. É um trabalho autoral e precisa ser respeitado. Como ator, isso é comum, sugerimos coisas para o personagem e geralmente isso é bem aceito. Quase sempre quando o ator sugere, ele já entendeu o contexto do personagem.
Durante nossa conversa, Roberto confessou arrependimento em não ter conhecido o Espírito Santo antes. “Desde a descida do avião, tudo tem me surpreendido muito. Vou encontrar um tempo para passear por aqui”, contou antecipando que em outubro pretende realizar um workshop de TV e cinema em Guarapari. As gravações do filme seguem até o final de setembro.